Dos governos mistos

AutorJean-Jacques Rousseau
Páginas129-130

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Não há propriamente governo simples. É preciso que um único chefe tenha magistrados subalternos; é preciso que um governo popular tenha um chefe. Assim como na partilha do Poder Executivo há sempre gradação do maior ao menor número, é com esta diferença que ora o maior número depende do menor, ora o pequeno depende do grande.

Há, algumas vezes, partilha igual, quer quando as partes constitutivas se encontram numa dependência mútua, como no governo da Inglaterra, quer quando a auto-ridade de cada parte é independente, porém imperfeita, como na Polônia. É má esta última forma, porque não há unidade no governo, e falta conexão ao Estado.

Qual vale mais: um governo simples ou um governo misto? É questão muito agitada entre os políticos, e é preciso dar-lhe a mesma resposta que dei antes sobre a forma de governo.

O governo simples é melhor em si somente por ser simples. Mas quando o Poder Executivo não depende demasiado do Legislativo, isto é, quando é maior a relação

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entre o príncipe e o soberano do que a do povo com o príncipe, deve-se remediar essa falta de proporção dividindo o governo; porque então todas as suas partes não têm menos autoridades sobre os súditos, e sua divisão torna-se, no...

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