Diretas já! O clamor da sociedade civil pela ordem democrática

AutorEulália Lima Azevedo
CargoGraduada em Biologia
Páginas871-890
Artigo recebido em: 16/03/2018 Aprovado em: 23/06/2018
DIRETAS JÁ! O clamor da sociedade civil
pela ordem democrática1
Eulália Lima Azevedo1
Resumo
A inclusão social através das políticas públicas vem, historicamente, mostrando
e cácia na correlação de forças que se estabelece entre os atores sociais que se
opõem na arena social da luta de classes. (Neste) Este trabalho destaca a estreita
relação entre a sociedade civil organizada e as conquistas de políticas públicas
de inclusão social. A discussão  ui a partir da histórica mobilização da socie-
dade civil trabalhadora pela garantia da política pública de previdência social
revisitada. O foco principal, no entanto, centra-se no cenário político-social
brasileiro dos últimos tempos, no contexto da nova proposta de reforma previ-
denciária brasileira, confrontada pela sociedade civil organizada.
Palavras-chave: Sociedade civil, luta de classe, previdência social.
DIRECT ELECTIONS NOW! e clamor of civil society for the
democratic order
Abstrat
Social inclusion through public policies has historically shown e cacy in the
correlation of forces that is established among the social actors who oppose the-
mselves in the social arena of the class struggle.  is work emphasizes the close
relationship between organized civil society and the achievement of public po-
licies for social inclusion.  e discussion  ows from the historical mobilization
of the civil society working for the guarantee of the public policy of social secu-
1 Graduada em Biologia, Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia
(UFBA), Secretaria de Politicas para as Mulheres do Estado da Bahia do Núcleo de Estudos
Interdisciplinares Sobre a Mulher (NEIM)/UFBA. E-mail :
eulaliaazevedo@uol.com.br
/ Endereço: Universidade Federal da Bahia - UFBA: Estrada de São Lázaro, 197, Federação,
Salvador, BA. CEP: 40210-730.
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Eulália Lima Azevedo
rity revisited.  e main focus, however, focuses on the Brazilian political-social
scenario of recent times, in the context of the new proposal for Brazilian social
security reform, confronted by organized civil society.
Key words: Civil society, class struggle, social security.
1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho apresento uma discussão fundamentada na re-
exão de que para efetivar direitos sociais à popu l ação que vive em
situação de exclusão implica a luta pela radicalidade da democracia
sob os auspícios da sociedade civil organizada. Ademais, a dinâmica
da luta de classes, na atualidade, intersecciona-se com outros mar-
cadores sociais de desigualdades que imprimem à vida de muitas
pessoas maiores di culdades que a outras. Estamos nos referindo às
desigualdades de gênero, raça/etnia, idade/geração, orientação sexu-
al que, juntamente à classe social, comp õem um emaranhado de situ-
ações vulneráveis que são tecidas nos teares do processo simbiótico
entre o capitalismo e o patriarcado, de acordo com Sa oti (1992).
A situação de maior vulnerabilidade das mulheres frente às
reformas do sistema de proteção social no Brasil, sobretudo a últi-
ma proposta discutida neste trabalho, implica situá-la no âmbito do
patriarcado. Este, entendido como um sistema de subordinação das
mulheres, aos homens, nos termos da perspectiva feminista. É pre-
ciso a rmar que em todas as sociedades conhecidas as mulheres não
participam das atividades econômic as ou políticas em igualdade de
condições com os homens; estão, por assim dizer, ocupando rigoro-
samente seus papéis de esposa, mãe, dona de casa, aos quais não se
agrega po der, do modo como se confere aos homens no exercício
de suas funções. Com base nessas premissas, pode-se dizer que as
sociedades contemporâneas são dominadas pelos homens, ainda que
haja diferença entre elas, para mais ou para menos, quanto ao nível
de expressão dessa dominação.
É sabido que o patriarcado, como todos os fenômenos sociais,
sofrem modi cações ao longo da história e não se resume tão só a
um resquício do passado histórico. A vida e a morte da esposa e dos
lhos na Roma antiga, por exemplo, dependia da vontade do patriar-
ca, segundo Sa oti (2004). Hoje não se admite mais esta situação do
ponto de vista jurídico, embora os homens continuem matando suas
mulheres e a pena sofrida passe pelo crivo do machismo/sexismo
vigente na sociedade atual.

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