Direitos humanos e sua possibilidade de exercício frente ao acordo de Schengen

AutorLiton Lanes Pilau Sobrinho
CargoDoutor em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS (2008), Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC (2000). Possui graduação em Direito pela Universidade de Cruz Alta (1997). Professor dos cursos de Mestrado e Doutorado no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Jurídica da Universidade do...
Páginas345-360
DIREITOS HUMANOS E SUA
POSSIBILIDADE DE EXERCÍCIO FRENTE
AO ACORDO DE SCHENGEN
HU MAN RI GH TS A ND THE POSSI BI L I TY OF EXER CI SI NG T HEM I N L I GHT OF TH E
SCH ENGEN AGREE MENT
DER ECHOS HUM AN OS Y SU P OSI BI LI D AD D E EJERCI CI O FREN TE AL ACUER DO D E
SCHENGEN
Lit on Lan es Pilau Sobr inh o1
RESUMO
O pr esent e ar tigo ver sa sob re o s dir eitos hum anos e a sua po ssibil idade fren te ao Acor do d e Sche ngen.
Por m ei o d est e tr abalho, buscam os analisar a ev olução hist órica dos di rei to s h um an os, pa rt in do da
Ant igu idade , co m o dir eit o n atur al, at é o p erío do m ode rno. Ain da, pro cura mos fazer br eves ref erên cias a
decl araçõ es de dir eito s par a che gar à qu estã o da int erna ciona lizaçã o dos dir eito s hu man os, b em com o à
Decl araç ão d e D ire it os Hu m ano s de 19 48 e ao Acor do de Schen gen , ress alt and o a im po rt ânci a d o p ri ncípi o
da liber dade e a int egraçã o de ntr o da União Euro peia. É nes se sen tido , po rtan to, que par a com pre ender
a p ossibilidad e do exer cício dos d ireit os humanos pr etend em os analisar o Aco rd o d e Schen gen e seus
ref‌l exos na União Europ eia.
PALA VR AS- CH AV E: Acordo de Scheng en. Declar ações de Di reit os. Direi tos h um anos. União Euro peia.
ABSTRACT
This ar ti cle discusse s h um an r igh ts an d th e p ossi bil it y of exerci sin g t hem , in lig ht o f th e Schen gen
Agreem ent. Throu gh t his w ork, we seek to an alyze the hist orical evol ut ion of h uman righ ts, from wit h
Ant iqu it y, wit h nat ur al law , t hr ou gh to t he mo der n p eri od. We also m ake br ief r efe ren ces t o decl ara tio ns of
rig ht s, t o a rri ve at the qu esti on of i nte rna tio nali zati on o f h um an righ ts, as wel l as th e 19 48 Decl arat ion of
Hum an Righ ts and th e Sch eng en A gree men t, em ph asizin g the im por ta nce o f t he pr inci ple of f ree dom an d
int eg rat ion w it hin t he Euro pean Un ion . Th us, t o u nd erst an d t he po ssib ilit y of th e e xer cise of hu m an rig ht s,
our int ent ion is t o ana lyze the Schen gen A greem ent and it s rep ercus sions on t he Eu rope an Un ion.
KEYW O RD S: Scheng en Ag reem ent . De clarat ions of Right s. Hu man Right s. Eu rope an Un ion.
RESUMEN
El prese nte artícu lo ve rsa so bre l os der echos humanos y su p osibili dad f rent e al Acuerd o de Schengen.
Por m edio de e ste t raba jo b uscam os an alizar la e volu ción h istó rica d e los dere chos h uma nos, part iendo
de la An tig üeda d, con el d erech o n atu ral, ha sta el p eríod o m oder no. Asim ism o, pro cura mos hacer br eve s
ref ere ncia s a dec lara cion es d e d ere chos pa ra lleg ar a l a cu est ión de la in ter na cion aliz ación d e lo s d erec hos
hum an os, así com o a l a De clar ació n d e D ere chos Hum an os de 194 8 y al A cuer do de Sche nge n, des tac and o
la imp ort ancia del prin cipio de la li bert ad y la int egrac ión dent ro d e la Unión Eur opea. Es en ese senti do,
por lo t anto, que par a com pr end er la po sibi lid ad del ej ercicio de los d erecho s h um anos, pretendem os
ana lizar el Ac uerd o de Scheng en y sus ref‌l ejos en l a Unió n Eur opea.
Lito n Lan es Pilau Sobr inh o - Dire itos hum anos e sua possi bilid ade . ..
346
ISSN Eletrônico 2175-0491
PALA BRA S CLA VE: Acuer do de Scheng en. Declaraci one s d e Derechos. Der echo s Hu m ano s. Uni ón
Euro pea.
INTRODUÇÃO
Não é possível comp reend er os di reitos hum anos sem relacion á- los à hi stóri a, pois eles não
sur gem com o um a rev elação, como u ma d escober ta r epent ina de u m a sociedad e, de um gr up o
ou de in divídu os, m as sim fora m const ru ídos ao longo d os ano s, fr ut os não apen as de pesqui sa
acad êmic a ou de b ases t eóri cas, m as t am bém, e p rinc ipalm ent e, d as lu tas c ontr a o poder.
O Di rei to Hu m ani tár io , a Lig a d as Naçõe s e a Org ani zação I nt er nac ion al do Trabal ho são ap ont ad os
com o os pri meir os p assos do p rocess o de int erna ciona lização dos dir eito s hu man os fu ndam ent ais.
Essas t r ês institu ições cont r ibu em mediant e a imposi ção de ob ri gações inter nacionais ent re os
Estad os d e ma neira uni versa l.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS HUMANOS
Anal isando a ev olu ção histórica dos dire it os humanos, pod em os observar o s avan ços qu e a
hu ma nid ade con segu iu por m ei o d os v ár ios acon tec im ent os que m arc aram os s écul os. Dessa fo rm a,
pen sar em d ir eit os h um an os, ho je , s ign if‌i ca iden tif‌i car na h ist óri a o s f ato s q ue ma rcar am su a ori gem ,
faze ndo um elo e ntr e o p assado e os dias atua is e obser vando que tod os os seres hum anos, alé m
de suas diferen ças biológicas e cu lturais, diferen ciam-se uns dos ou tros, de maneira que to dos
me recem ig ual r espei to.
Nesse sen tido , Com parat o af‌i rma que “é o reconhecim ent o uni versa l de que , em razã o dessa
rad ical igualdade, n in guém n enh um indi víd uo, g ênero , etnia , classe social, gr up o religioso ou
naçã o – pode af‌i rm ar- se sup erio r aos dem ais”. 2
Part ind o d o p ens am ent o dos ju sna tu ral ist as, qu e t ra tam o d ir eit o co m o al go pr ont o, r essal tam - se
os f und amen tos do d ireit o n atur al. Para tan to, uti lizam os o pensa ment o d e Côrr ea, que assinal a:
Segu ndo o jusn atur alism o, o direi to é um dado pront o, cu jo f unda ment o pod e ser encon trado
na nat ure za d ivin a ( Deu s), na nat ur eza física e so cial (o un iver so/ cosm os, in clui ndo a so cieda de
hum ana) ou , ain da, na n atur eza h uman a (o hom em) . Var iam , poi s, os fun dame ntos do d ireit o
nat ur al. Para un s a s n orm as na tu rai s v êm est ab elec idas pe la v on ta de da div ind ade , send o p or est a
rev elad a aos hom en s. Para ou tro s a pró pria na tur eza (ge ral ou s ó do hom em ), in depe nden te da
div ind ade , t ra z d ent ro de si lei s et er nas e i mu t ávei s, que ser ve m de ref er ênci a p ara a org ani zação
dos hom ens em so ciedad e.3
O n ascim ent o da f‌i loso f‌i a de u-se a p art ir d o sécu lo V ant es de Crist o, tan to n a Gr écia c omo na
Ásia, estabelecen do um a ru ptur a ent re o sab er m itoló gico d a tradição e o saber lógico da razão.
Com os so f‌i stas , o dire ito não seria ma is ob ra d os de uses, passa ndo a ser fr uto das relaç ões en tre
os h ome ns, d epen dendo do p oder e d as sua s conv enções. “Ass im p ois, mesm o q uand o o g over no
era tid o co mo dem ocrát ico, ist o sig nif‌i cava que uma fai xa r estr ita da popu lação - cidad ãos – é q ue
par tici pavam da s deci sões p olític as.”4
Tendo início a par tir do sécul o IV, constituiu -se um nov o per íodo, denom inad o “I dade Média” ,
em que a sociedad e de modelo escravi sta co meçou su a ru ral ização, su rg indo o feu dalism o, qu e
sub sti tu iu o mo del o e scrav ist a da Ant ig uid ade po r um s ist em a e sta me nt al, se m m obil ida de, co nst ru ído
pelo cl ero, pela nob reza, pelos sen hores feud ais, pelos ser vos e pelos vi lões. Ent ão as açõe s d o
dir eit o e ram , a ind a, sinôn im o d e j ust iça dot ado pel a na tu reza, p orém a cresc ido de c unh o t eoló gico ,
cristi anizan do pela concepção de Santo Tom ás de Aqu ino, que j ustif‌i cava o av anço d o pod er da
Ig rej a com o argu ment o d e Deu s ser o cen tro de tud o, t orna ndo, pois , a lei d ivin a.
Para Tom ás de Aqui no, e xist em t r ês t ip os d e l eis: 1) a lei di vi na, qu e pro vém dir et am ent e de Deus ,
não alcan çável pela m era razão e esf orço h uma nos. O acesso a ela se dá exclu sivam ent e pela
gra ça d e D eus, h ist ori cam ent e rev elad a a tr avé s da I gr ej a. Port ant o, não ser ve com o fu nda men to
da just iça n atur al; 2) a lei nat ural , in scrit a por Deu s no coraçã o da natu reza física e soci al, e à
qua l o h ome m t em acesso atr avés d a ra zão se m p recisa r re corr er d iret amen te a nen hum m eio
sobr enat ural na empr eit ada d e dis ting uir o be m e o m al, o ju sto e o inju sto. 5

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