Direito penal. O fator urbano na criminalidade

AutorRodrigo Mendes Delgado
CargoAdvogado
Páginas114-128
114 REVISTA BONIJURIS I ANO 30 I EDIÇÃO 652 I JUN/JUL 2018
DOUTRINA JURÍDIcA
Rodrigo Mendes Delgado ADVOGADO
O FATOR URBANO NA
CRIMINALIDADE
A urbanização está gerando guetos que passam a se distinguir por
classe social. Ricos moram em condomínios fechados. Pobres do lado
de fora, à margem da lei
Dentro da atual configuração mundial,
com o grande desenvolvimento tec-
nológico, a expansão cada vez mais
intensa do conhecimento humano, o
alto nível de informação de que dispõe
a sociedade moderna, alavancada pelo
processo de globalização, não há mais
espaço para o enfrentamento de certos problemas
de maneira simplista e incauta.
Os mais variados problemas que hoje afligem a
sociedade mundial são o resultado inexorável de
um complexo conjunto de fatores dos mais varia-
dos matizes. E entre estes problemas, o da violên-
cia é o que desponta com maior destaque porque a
todos, indistintamente, tem afetado.
No início de 2018, a cidade do Rio de Janeiro vi-
veu o caos absoluto da violência. De acordo com o
site Fogo Cruzado (www.fogocruzado.org.br), o mês
de janeiro de 2018 bateu recorde em tiroteios1, com
muitos mortos e um número maior ainda de feridos.
Não há mais espaço para as canduras políticas,
para o discurso demagógico dos homens públicos
descompromissados com a verdadeira essência da
sociedade: a mantença de sua coesão e harmonia.
Já não podem mais resolver o caos no qual a so-
ciedade se encontra imersa. A rigor, jamais solucio-
nam situação alguma, apenas tendem a mascarar
a realidade, jogando “pano morno” nas reais causas
dos problemas gerados pelo descaso político.
É mais fácil negar uma situação do que efetiva-
mente tentar resolvê-la. Todavia, quanto mais ne-
gamos um problema, maior ele se torna.
Com a violência e a criminalidade o quadro não
é diferente. Os políticos, em seus palanques, fazem
a utópica promessa de que acabarão com a crimi-
nalidade e com os altos índices de violência, todos
os dias noticiados pela mídia. No entanto, para tal
desiderato, que mais é uma fantasia, sugerem solu-
ções paliativas que vão atacar as causas imediatas
e não a gênese da situação. É o mesmo que tratar
os sintomas de uma doença, mas desprezar os fa-
tores que a desencadeiam. Agindo assim, a doença
sempre irá permanecer, porque há o tratamento
da sintomatologia, mas sua etiologia (ou seja, a ori-
gem) permanecerá e todos continuarão a contrair
a patologia.
Não mais é possível fantasiar com relação à vio-
lência urbana. Ela existe, está presente todos os
dias em nossa vida, afetando a nós ou a pessoas
próximas. Dela qualquer pessoa pode ser vítima e
a qualquer momento. Por essa razão, urge que se
conheça a gênese criminológica da violência para
que ela possa ser combatida e, se não vencida, pelo
menos drasticamente minimizada.
Não se pode mais aceitar, evidentemente, a tese
simplista, e por que não dizer discriminatória, de
Cesare Lombroso, em sua obra O Homem Delin-
quente, de que a criminalidade seria de ordem ge-

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