Entre direito e literatura: a dignidade humana como elemento defendido no romance os miseráveis, de victor hugo

AutorGustavo Cardoso Silva, Ana Paula Barbosa Fohrmann
Páginas128-134
ENTRE DIREITO E LITERATURA: A DIGNIDADE
HUMANA COMO ELEMENTO DEFENDIDO NO
ROMANCE OS MISERÁVEIS, DE VICTOR HUGO
Gustavo Cardoso Silva1
Ana Paula Barbosa Fohrmann2
O romancista Victor Hugo é de uma importância significativa
para a literatura mundial. Suas obras versam sobre temas notórios e
relevantes da condição humana. Nele, vida e texto se entrelaçam de
modo minucioso, trazendo ao leitor elementos de uma vida política
que se construiu sob o horizonte de uma militância que, até sua
morte, combateu pelos desvalidos na arena política e literária do
século XIX.
De acordo com este panorama vamos, aqui, elencar episódios
relevantes da sua mais engajada obra, Os Miseráveis (1862), na
qual o escritor lança uma severa crítica ante as estruturas sociais,
políticas e jurídicas. Para tanto, seguiremos a linha da filósofa
Martha Nussbaum que, em Justicia Poética: la imaginación literaria
y la vida pública (1997), apresenta elementos que apontam para
humanização da prática jurídica. Assim, vamos buscar a
constituição da figura do Poeta Juiz a partir da referida obra de
Victor Hugo.
Antes de adentrarmos os episódios que serão analisados, cabe
pôr em evidência duas questões importantes que qualquer
pesquisador que desbrave o campo do Direito e Literatura deve
colocar diante de seus estudos: 1) Por que o autor em análise é
importante para as Ciências Jurídicas? e 2) De que forma a obra
pode modificar o Direito em questão? Tendo ambas as perguntas
como norte, podemos situar uma pesquisa relevante que não flerta,
de modo algum, com a literatura panfletária que tanto inunda o
campo da Arte e do Direito.
Entendendo a primeira questão colocada, temos de conceber a

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