Desaparecimentos de crianças na ditadura militar argentina

AutorMaria Cardoso Bissoli - André Filipe Reid Pereira dos Santos
CargoEstudante de Direito na Faculdade de Direito de Vitória (FDV) - Professor do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Direitos e Garantias Fundamentais da Faculdade de Direito de Vitória (FDV)
Páginas1-22
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P A N Ó P T I C A
Panóptica, Vitória, vol. 9, (n. 27), 2014
ISSN 1980-775
DESAPARECIMENTOS DE CRIANÇAS NA DITADURA
MILITAR ARGENTINA.
Maria Cardoso Bissoli
Estudante de Direito na Faculdade de Direito de Vitória (FDV).
André Filipe Reid Pereira dos Santos
Professor do Programa de Pós Graduação Stricto Sensu em Direitos e
Garantias Fundamentais da Faculdade de Direito de Vitória (FDV).
Resumo: O presente trabalho visa analisar o descaso com a vida dos
desaparecidos durante a ditadura militar argentina, com foco nas crianças
desaparecidas, sejam aquelas que foram adotadas por militares ou as que
ficaram órfãs após o desaparecimento de seus pais. A busca pela Verdade e
Justiça e pela construção de uma memória social sobre aquele período da
história é muito intensa ainda hoje, mesmo após 30 anos do fim da ditadura. O
abismo que esconde 30.000 desaparecidos políticos é enorme. O que se
objetivou foi entender os dilemas vividos pelas crianças raptadas e como os
familiares reconstruíram suas vidas e percebem a redemocratização política do
país.
Palavras-Chaves: Ditadura Militar Argentina; Desaparecimentos; Crianças.
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P A N Ó P T I C A
Panóptica, Vitória, vol. 9, (n. 27), 2014
ISSN 1980-775
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A ditadura militar argentina se diferencia das demais ditaduras do cone
sul principalmente por sua extrema violência. O pânico promovido pelo Estado,
ao longo dos sete anos de ditadura militar, era desenvolvido pela marinha,
exército e aeronáutica, com repressão e violação de direitos humanos. Apesar
do curto espaço de tempo da ditadura argentina, percebe-se que a quantidade
de desaparecimentos forçados passa de trinta mil, o que se configura um
drama para a história do país.
Os desaparecimentos políticos na Argentina ocorreram em massa: não
só militantes de esquerda sumiram como também seus familiares e amigos.
Houve também muitos desaparecimentos de crianças filhas dos supostos
militantes. Há relatos de que muitas crianças foram mortas em chacinas,
torturadas junto com seus pais, ou ainda foram designadas para adoção,
prolongando no tempo a tortura. E o pior dos absurdos: muitas crianças foram
adotadas pelos próprios militares. Há ainda crianças que passaram pelo drama
de ter seus pais listados entre os desaparecidos políticos que tiveram que
reconstruir suas vidas em meio a essa lacuna familiar, que são os órfãos da
ditadura militar argentina.
O termo sequestro, aqui entendido como retenção ilegal de alguém,
privando este de sua liberdade, bem como suas derivações tais como torturas,
fuzilamentos, chacinas, estupros e demais barbaridades praticadas pelos
militares à época, foram usados ao longo do artigo de forma a criminalizar os
desaparecimentos políticos realizados pela ditadura militar argentina. Muitos
familiares dos sequestrados mantêm esperanças no retorno de seus entes
queridos, renovando essas esperanças, sobretudo, com a chegada da
democracia
Em relação a esse tempo histórico específico e aos efeitos
empreendidos daí, a efetivação dos direitos humanos se dá por meio dos
movimentos sociais de lutas pelo direito à memória e à verdade, que tem como
bandeira principal a busca pelos desaparecidos políticos: muitas famílias

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