Desafios perigosos na internet: precisamos agir agora!
Autor | Luiz Augusto Filizzola D'Urso |
Cargo | Advogado |
Páginas | 10-11 |
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Atualmente, uma preocupação aflige os pais de jovens, reclamando uma reflexão e atenção da sociedade. Trata-se dos chamados desafios na internet.
Verifica-se um aumento significativo da popularidade de canais no YouTube que apresentam vídeos de indivíduos realizando proezas ruinosas. Esses vídeos são enviados pelos seguidores, que criam um risco verdadeiro à própria vida, como colocar álcool no corpo e atear fogo, jogar-se de um carro em movimento, inalar desodorante, arrancar o dente com alicate, beber gasolina, entre diversos outros absurdos propagados na web.
O grande problema é que tais comportamentos têm sido reproduzidos por crianças e adolescentes que assistem a essas gravações.
Já se tem registros de diversos
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brasileiros que, por pouco, não perderam a vida ou ficaram severamente feridos por repetirem os comportamentos e desafios retratados nos vídeos.
Aliás, os riscos desses desafios não são só para os jovens que utilizam os vídeos como exemplo, mas também para o indivíduo que os realiza para postar na internet, como no caso do chinês que gravou a própria morte, em 8 de dezembro de 2017. Ele se pendurou em um prédio de 62 andares e acabou despencando durante o desafio. O jovem de 26 anos era conhecido na internet por filmar acrobacias perigosas em grandes prédios e publicar na rede.
No maior canal brasileiro do YouTube com esses desafios, verifica-se mais de 7 milhões de inscritos, e seu conteúdo é composto por vídeos de seu criador “bebendo um copo de gasolina”, “testando arma de choque no corpo” e “colocando a mão no formigueiro” (títulos das gravações). A soma de visualizações apenas desses três vídeos já passa de 20 milhões, e eles podem ser acessados por qualquer um, seja criança ou adolescente, sem qualquer classificação etária ou restrição.
Devido à enorme popularidade desses canais na internet, surge a necessária atenção quanto à responsabilização dos criadores e divulgadores, pois seu conteúdo está influenciando e servindo de exemplo, sem qualquer restrição.
Afinal, se crianças estão realizando provas absurdas, repetindo esses comportamentos, precisamos agir imediatamente!
O YouTube, por ser uma plataforma de hospedagem de vídeo, não interfere no conteúdo de cada canal, todavia, nesses casos, poderia classificar alguns vídeos, estabelecendo faixas etárias para o acesso. Uma sugestão é aplicar o que se propõe no Guia de Classificação Indicativa, elaborado pelo Ministério da Justiça, fixando uma idade...
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