Os Desafios Do Direito Em Normatizar E 'Normalizar' As Narrativas Afetivas E Amorosas

AutorDoglas Cesar Lucas, André Leonardo Copetti Santos
CargoUniversidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), Programa de Pós-Graduação em Direito da UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil e Faculdade CNEC Santo Ângelo (CNEC), Santo Ângelo, RS, Brasil. Doutor em Direito/Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), Programa de Pós-Graduação em Direito da URI, Santo ...
Páginas225-254
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OS DESAFIOS DO DIREITO EM NORMATIZAR E
“NORMALIZAR” AS NARRATIVAS AFETIVAS E
AMOROSAS
THE CHALLENGES OF LAW IN REGULATING AND
“STANDARDIZING” AFFECTIVE AND LOVING NARRATIVES
Doglas Cesar LucasI
André Leonardo Copetti SantosII
Resumo: O objetivo do presente artigo é fazer um breve
itinerário conceitual do amor e de como ele delineou
as relações familiares e suas narrativas. Percebe-se,
inicialmente, que as famílias tradicionais se organizavam
em torno da gura paterna e exclusivamente mediante o
casamento, não importando os laços amorosos entre seus
membros para a unidade familiar. Atualmente as relações
familiares estão menos sólidas, menos arraigadas, mais
complacentes, democráticas, igualitárias e plurais,
baseadas no amor e nos laços de afetividade entre seus
membros. Em decorrência de tais transformações, novos
saberes e práticas passaram o constituir o campo de
estudo das ciências sociais e humanas, interessando para o
presente trabalho notadamente o direito. O enfrentamento
dessas categorias se deu exclusivamente por meio de
revisão bibliográca e valendo-se de postura teórica
interdisciplinar e metodologicamente dialética.
Palavras-chave: Amor. Direito. Família. Modernidade.
Afeto.
Abstract: The purpose of this article is to make a brief
conceptual itinerary of love and how it outlined family
relationships in the last decades and their narratives. It
is noticed, initially, that the traditional families were
organized around the paternal gure and exclusively
by means of the marriage, no matter the loving bonds
between its members for the familiar unit. Today,
family relationships are less solid, less ingrained, more
compliant, democratic, egalitarian and plural, based
on love and affection bonds between its members. As
DOI: 10.20912/rdc.
v15i35.3313
Recebido em: 11.11.2019
Aceito em: 17.12.2019
I Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul (UNIJUÍ),
Programa de Pós-Graduação
em Direito da UNIJUÍ, Ijuí,
RS, Brasil e Faculdade CNEC
Santo Ângelo (CNEC), Santo
Ângelo, RS, Brasil. Doutor
em Direito. E-mail: doglasl@
unijui.edu.br
II Universidade Regional
Integrada do Alto Uruguai e
das Missões (URI), Programa
de Pós-Graduação em Direito
da URI, Santo Ângelo,
RS, Brasil e Universidade
Regional do Noroeste do
Estado do Rio Grande do
Sul (UNIJUÍ), Programa de
Pós-Graduação em Direito
da UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil.
Doutor em Direito. E-mail:
andre.co.petti@hotmail.com
226 Revista Direitos Culturais | Santo Ângelo | v. 15 | n. 35 | p. 225-254 | jan./abr. 2020.
DOI: http://dx.doi.org/10.20912/rdc.v15i35.3313
a result of these transformations, new knowledge and
practices have become the eld of study of the social
and human sciences, being interesting for the present
work notably law. The confrontation of these categories
occurred exclusively by bibliographical revision and
using theoretical and interdisciplinary methodologically
dialectical posture.
Keywords: Love. Law. Family. Modernity. Affection.
Sumário: 1 Introdução. 2 Amor e afeto na narrativa
familiar. 3 Os desaos do direito em normatizar e
“normalizar” as narrativas afetivas, amorosas e familiares.
4 Considerações nais. Referências.
1 Introdução
Seja como for, amor como louvor religioso, amor cortês, amor
paixão, amor romântico, amor caridoso, o fato é que o amor e suas
diferentes formas de (se) comunicar e de ser narrado, de constituir
e de ser constituído, acompanham a aventura de viver desde a mais
inicial experiência que se tem da humanidade. E mais do que em
qualquer outro tempo, o amor, contemporaneamente, parece ter se
transformado em algo a ser buscado a todo custo, uma condição para a
felicidade, um elemento indispensável para se viver uma vida boa. Nem
mesmo a liberação sexual, que permitiu novos arranjos envolvendo
o desejo, foi capaz de libertar o amor e ressignicá-lo para além das
institucionalidades que ainda o percebem como um vetor de perenidade,
segurança e estabilidade.
Sucesso nanceiro, grande saber intelectual, notoriedade e
reconhecimento sociais são, sem dúvida, aspectos importantes da
vida. Mas parece que é somente no amor que a experiência de existir
e estar na vida acontece de modo pleno1. É como se as noções de
autorrealização e individualização projetaram em nossas experiências
1 MAY, Simon. Amor: uma história. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 2012.

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