Democracia e capital social no Rio Grande do Sul

AutorEverton Santos - Valdir Pedde - Simone Viscarra - Cíntia Ventura
CargoGraduado em Ciências Sociais. Mestre e Doutor em Ciência Política pela UFRGS - Doutor em Antropologia pela UFRGS - Graduada em Ciências Sociais pela UFRGS e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFRGS. - Graduanda em Psicologia no Centro Universitário FEEVALE e bolsista de iniciação científica no Grupo de Estudos em ...
Páginas331-359
Artigo
Democracia e capital
social no Rio Grande do Sul
Everton Santos*
Valdir Pedde**
Simone Viscarra***
Cíntia Ventura****
* Graduado em Ciências Sociais. Mestre e Doutor em Ciência Política pela UFRGS,
atualmente é Professor Titular no Centro Universitário FEEVALE, onde atua como
coordenador do Mestrado em Inclusão Social e Acessibilidade e pesquisador
no Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional. É Professor Adjunto na
ULBRA no curso de Graduação em Ciência Política e na Pós-Graduação. Endereço
eletrônico: evertons@feevale.br
** Doutor em Antropologia pela UFRGS, atualmente é Professor Titular no Centro
Universitário FEEVALE e pesquisador no Grupo de Estudos em Desenvolvimento
Regional. Endereço eletrônico: valpe@feevale.br
*** Graduada em Ciências Sociais pela UFRGS e mestranda no Programa de Pós-
Graduação em Ciência Política da UFRGS. Endereço eletrônico: simoneviscarra@
gmail.com
**** Graduanda em Psicologia no Centro Universitário FEEVALE e bolsista de inicia-
ção científica no Grupo de Estudos em Desenvolvimento Regional. Endereço
eletrônico: cintiavvs@gmail.com
1. Introdução
A
década de 1980 é caracterizada por um importante fenômeno de
mudança no regime político brasileiro, pois transitamos de um
regime autoritário, “não-democrático”, para uma forma de governo
“democrática”. Esta mudança, por sua vez, foi acompanhada de uma
tarefa bastante complexa para a comunidade acadêmica, à medida
em que tornava-se necessário não somente explicar o fenômeno em
curso, bem como suas particularidades, num país que acabava de
enfrentar um regime político dirigido pelo poder militar.
Como veremos, inúmeros analistas estudaram o fenômeno
da democracia, ora colocando ênfase na modernização da socieda-
de, ora colocando acento na escolha dos atores; com o propósito
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Nº 13 – outubro de 2008
de encontrar nexos explicativos que dessem conta de explicar sua
emergência e sua estabilidade enquanto regime político. A partir
de uma revisão teórica da literatura pertinente a respeito do tema,
o presente artigo, debruçando-se sobre duas regiões do estado do
Rio Grande do Sul/Brasil: região do Vale do Rio dos Sinos1 e região
Nordeste2, objetiva analisar as condições societais que favorecem
a democracia na região, articulando o conceito de democracia com
o conceito de capital social na tradição de Putnam (2000).
Dentro do contexto apresentado, nossa hipótese parte do
pressuposto que existe uma forte associação entre capital social e
democracia. Assim, buscamos defender a idéia de que a existência
de estoques de capital social, por meio de indicadores como a
confiança interpessoal e institucional (trust) em uma determinada
sociedade influencia positivamente a crença no regime democrá-
tico e em suas instituições. Em outras palavras, a democracia é
favorecida pelo capital social.
Objetivando demonstrar nosso argumento, dividimos este
artigo em três tópicos. No primeiro, “As Possibilidades da Demo -
cracia”, apresentaremos, de maneira sucinta, uma discussão teórica
que procura explicar como a democracia pode florescer enquanto
regime político, de uma maneira geral. O tópico tem como propósito
mostrar o argumento de uma vertente teórica nas Ciências Sociais
que acredita ser a democracia fruto da modernização da sociedade,
ou seja, de que a mudança nas condições sociais e econômicas da
sociedade é o principal fator gerador de sociedades democráticas
(de acordo com os teóricos da modernização), para, em seguida,
apresentarmos um argumento contrário ao primeiro (foco nos ato-
res políticos), segundo o qual a democracia seria fruto da escolha
racional de lideranças políticas que tornam a democracia possível.
1 Cidades do Corede (Conselho Regional de Desenolvimento) Vale do Rio dos
Sinos: Campo Bom, Canoas, Dois Irmãos, Estância Velha, Esteio, Ivoti, Novo
Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul.
2 Cidades do Corede Nordeste:Água Santa, André da Rocha, Barracão, Cacique
Doble, Capão Bonito do Sul, Caseiros, Esmeralda, Ibiaçá, Ibirairas, L agoa Ver-
melha, Machadinho, Maximiliano de Almeida, Muitos Capões, Paim Filho, Pinhal
da Serra, Sananduva, Santo Expedito do Sul, Santa Cecília, São João da Urtiga,
São José do Ouro, Tapejara, Tupanci do Sul e Vila Lângaro.

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