Contrabando de sofá

AutorErnani Buchmann
CargoAdvogado
Páginas267-267
ALÉM DO DIREITO
267
REVISTA BONIJURIS I ANO 30 I EDIÇÃO 654 I OUT/NOV 2018
minal para prestar a informação
bombástica do erro cometido.
O rebuliço foi tanto que a pró-
pria juíza veio ao balcão tomar
conhecimento acerca do equívo-
co grotesco.
Informei com um sorriso ma-
landro, de canto de boca, e, ao f‌i-
nal a magistrada lança a pergun-
ta que tanto ansiava:
– Doutor, e onde está o seu
cliente?
Respondo marotamente:
– Excelência, não sei infor-
mar, hoje ele ligou de um  de
uma cidade que faz divisa com o
Estado da Bahia.
Sem graça e sem acreditar em
mim, encerrou a conversa, que
provavelmente estenderá na
reunião que irá fazer em busca
do culpado.
Sabe que dia irão pegar meu
cliente?
Somente quando o Sargento
Garcia prender o Zorro!
Eu achei pouco! n
Ernani BuchmannADVOGADO
Contrabando de sofá
OS PROTAGONIS TAS deste
episódio já têm mais de 75 anos.
Quando o caso se deu, ambos
iniciavam sua vida prof‌issional.
O jornalista sem tostão – praxe
entre jornalistas até hoje, a pro-
pósito – conseguiu um lugar de
favor no apartamento em que
moravam dois amigos, no Edi-
cio Asa, em Curitiba. O problema
é que não havia cama, obrigan-
do-o a dormir no chão até com-
prar um simples sofá. Aí entrou
em cena o síndico do edicio,
proibindo o transporte do móvel
escada acima, alegando que se
destinava a eventual morador
clandestino.
Restou ao desolado jornalista
procurar um ex-colega de reda-
ção, já advogado de carreira pro-
missora. Exposto o problema, o
jurista, ainda que convencido da
arbitrariedade do síndico, descar-
tou o ajuizamento de alguma me-
dida judicial. Iria expor o jornalis-
ta ao risco de expulsão do prédio.
Propôs então uma solução enge-
nhosa. Chamou um amigo poli-
cial, gaúcho de maus bofes, e soli-
citou que convencesse o porteiro
a esquecer a ordem do síndico.
Foi assim que o gauchão se
apresentou na portaria do edi-
cio, com o revólver na cinta e
uma estratégia na cabeça.
– Polícia!
O pobre homem tremeu nas
bases.
– Posso saber o motivo, dou-
tor?
– Denúncia de contrabando.
Venha comigo, vai prestar escla-
recimentos.
Mal chegaram à rua, o sofá
carregado pelo jornalista e seus
– digamos – locadores subiu em
direção ao destino.
Cinco minutos mais tarde, o
porteiro voltou ao seu posto, sem
ter sido necessário que entrasse
no camburão. Confessou logo que
o contrabandista “procurado” era
seu primo, uma vergonha para a
família – inclusive, já deveria es-
tar preso há bastante tempo.
Mal sabia ele que o verdadei-
ro contrabando era o que tinha
sido cometido enquanto denun-
ciava um primo que ninguém
conhecia. n
NÃO TROPECE NA LÍNGUa
UM GUIA PR ÁTICO E DESCOMP LICADO DO PORTUGUÊS BRASILE IRO
Maria Tereza de Queiroz Piacenni
EDIÇÃO CAPA DURA R$ 79,00 EDIÇÃO CAPA BROCHURA R$ 59,00
Neste livro a prof essora Maria Tereza soluciona dúvidas sobre o uso cotidiano d o
nosso idioma, por meio de explicações práticas e claras, que nem sempre se
encontram nos manuais de gramática.
TELEVENDAS: 0800-645-4020 | (41) 3323-4020
www.livrariabonijuris.com.br
ONDE ENCONTRAR: Livraria Cultura, Livraria da Folha, Livraria
Fnac, Livraria Martins Fontes, Livraria Saraiva, Livraria da Vila ,
Livraria Travessa, Livrarias Catarinense e Livrarias Curitiba.
Rev_BONIJURIS__654.indb 267 13/09/2018 16:03:31

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT