Continuação

AutorJean-Jacques Rousseau
Páginas157-158

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No momento em que o povo é reunido legitimamente em corpo soberano, cessa toda jurisdição do governo, suspende-se o Poder Executivo, e a pessoa do último cidadão é tão sagrada e inviolável quanto a do primeiro magistrado, porque onde se encontre o representado não há mais representante. A maioria dos tumultos que ocorreram em Roma nos comícios teve sua causa no desconhecimento ou na negligência dessa regra. Os cônsules, então, eram apenas os presidentes do povo, os tribunos eram simples oradores9, o Senado era absolutamente nada.

Esses intervalos de suspensão, em que o príncipe reconhecia ou devia reconhecer um superior atual, foram-lhe sempre temidos, e essas assembleias do povo, as quais são a égide do corpo político e o freio do governo, têm sido, em todos os tempos, o terror dos chefes: assim, não poupam jamais cuidados, objeções, nem dificuldades, ou

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promessas, para desanimarem os cidadãos. Quando estes são avaros, frouxos, pusilânimes e mais amantes do lazer do que da liberdade não se sustentam por muito tempo contra os redobrados esforços do governo; e assim que aumentando continuamente a força da resistência, dissipa-se, por fim, a autoridade soberana e cai e perece antes...

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