'Sem uma reação não estaremos condenados à ruína?': da revolução constitucionalista aos embates da assembléia nacional constituinte - rio grande do sul (1932-1934)

AutorAntônio Manoel Elíbio Júnior
CargoDoutor em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Mestre em História do Brasil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Professor Titular da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)
Páginas66-82
“SEM UMA REAÇÃO NÃO ESTAREMOS CONDENADOS À RUÍNA?”: DA
REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA AOS EMBATES DA ASSEMBLÉIA NACIONAL
CONSTITUINTE - RIO GRANDE DO SUL (1932-1934)
“WITHOUT SOME SORT OF REACTION, WON’T WE BE DOOMED?” FROM THE
CONSTITUTIONALIST REVOLUTION TO THE CONSTITUTIONAL COUNCIL – RIO
GRANDE DO SUL (1932 – 1934)
"SIN ALGÚN TIPO DE REACCIÓN, NO ESTAMOS CONDENADOS?" DE LA
REVOLUCIÓN CONSTITUCIONALISTA AL CONSEJO CONSTITUCIONAL - RIO
GRANDE DO SUL (1932 - 1934)
Antônio Manoel Elíbio Júnior
Resumo
Em 1932, partindo de São Paulo, eclodiu a Revolução Constitucionalista que se espraiou
até o Rio Grande do Sul. José Antônio Flores da Cunha, interventor federal do Rio Grande
do Sul, engendrou uma série de estratégias procurando assegurar seu predomínio político
no estado combatendo os dissidentes e opositores do Governo Federal. Todavia, as
lideranças políticas do Partido Republicano Riograndense e do Partido Libertador,
arregimentadas na Frente Única Gaúcha, não cessaram as articulações contra o
situacionismo político regional. Esse artigo analisa as “intrigas” políticas no cenário
nacional e estadual e a recomposição das forças políticas entre os anos de 1932 e 1934.
Palavras-chave: Revolução Constitucionalista, Constituição de 1934, Política, Rio Grande
do Sul.
Abstract
In 1932, starting from São Paulo, the Constitutionalist Revolution erupted, spreading itself
all the way to Rio Grande do Sul. José Antônio Flores da Cunha, federal intervenor of Rio
Grande do Sul, designed a set of strategies, seeking to assure his political power in the
state fighting the opposers and traitors of the Federal Government. Nonetheless, the
political leaderships of both the Riograndense Republican Party and the Liberator Party,
united in the Frente Única Gaúcha, did not cease their articulations against the regional
political situationism. This article analyses the political intrigues in the national and state
sceneries and the regrouping of the political powers between the years of 1932 and 1934.
Keywords: Constitutionalist Revolution, 1934 Constitution, Politics, Rio Grande do Sul.
Resumen
Doutor em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Mestre em História do
Brasil pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Professor Titular da Universidade do Sul de
Santa Catarina (UNISUL) E-mail: tonyelibio@unisul.br
En 1932, a partir de São Paulo, estalló la Revolución Constitucionalista que se dispersó
por todo el camino hasta el Río Grande del Sur. Antônio José Flores da Cunha,
Interveniente Nacional en el estado de Rio Grande del Sur, diseño un conjunto de
estrategias que trataban de asegurar su poder político en el estado y la lucha contra la
oponentes traidores del Gobierno Federal. No obstante, los dirigentes políticos
Riograndense, del Partido Republicano y del Partido Libertador, unidos en el Frente Unica
Gaucha, no cesaron sus articulaciones en contra de la política regional situacionista. Este
artículo analiza los complots en la política nacional y estatal, los escenarios y la
recomposición de las fuerzas políticas entre los años de 1932 y 1934.
Palabras-clave: Revolución Constitucionalista, Constitución de 1934, Rio Grande del Sur.
No período que abrange a Revolução Constitucionalista em 1932 e os trabalhos da
Assembléia Nacional Constituinte entre os anos de 1933 e 1934, o Governador do Rio
Grande do Sul, José Antônio Flores da Cunha, teve uma atuação protagonista na cena
política brasileira. A ação intervencionista de Flores da Cunha não esteve limitada no
âmbito administrativo estadual. Antes, porém, com a fundação do Partido Republicano
Liberal em 1932 (PRL) e o esmagamento das lideranças oposicionistas ao Governo de
Getúlio Vargas, o governador ascende como líder político responsável pela articulação
entre o Governo Federal e os líderes da Frente Única Gaúcha (FUG).
O provisório afastamento no exílio das lideranças da FUG, que debelaram a revolta
no Rio Grande do Sul e apoiaram os “constitucionalistas paulistas” em 1932, não diminuiu
a articulação oposicionista do Partido Republicano Riograndense (PRR) e Partido
Libertador (PL). Com a convergência política entre Flores da Cunha e o Governo
Provisório, as tentativas de minar e deslegitimar o poder do situacionista no estado foram
frustradas. Diversas acusações contra o Governo Estadual foram encaminhadas a
Vargas, procurando denunciar o “cerceamento da liberdade”, as “prisões arbitrárias”, o
“empastelamento de jornais” e a “falência das garantias propostas com a República
Nova”.
1
Evidências dessas perseguições políticas não faltavam no governo de Flores da
Cunha. Pedindo “caráter confidencial” das denúncias, lideranças políticas do Partido
Libertador da cidade de São Gabriel enviaram ao presidente do partido, em março de
1933, uma carta comunicando sobre o “grave momento que atravessa” a “folha oficial” da
organização partidária. As justificativas eram claras e expressavam as arbitrariedades do
Governo Estadual. Diziam os correligionários do PL que a suspensão da publicação do
periódico em julho de 1932, demonstrava a intolerância de Flores quanto “a manifestação

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