Conclusão: pensar como um negro

AutorAdilson José Moreira
Páginas285-287
285
CONCLUSÃO
PENSAR COMO UM NEGRO
Estabeleci um propósito que considero muito importante para a
reflexão sobre o avanço da justiça racial na nossa sociedade: a formula-
ção de uma crítica à concepção procedimental da igualdade, proposta
que exige o tratamento simétrico entre indivíduos. Essa perspectiva
anima o debate sobre medidas de inclusão racial na nossa sociedade.
Embora muitos tribunais as considerem compatíveis com o nosso sis-
tema jurídico, muitos atores sociais ainda se mobilizam para combater
essas iniciativas. Eles fazem referência exclusiva à noção de igualdade
formal, princípio articulado com a narrativa racial da homogeneidade
racial. Essa posição encobre uma estratégia discursiva contrária a essas
medidas porque elas podem desestabilizar os vários sistemas de privilé-
gios raciais que estruturam a sociedade brasileira. Pudemos verificar ao
longo desta obra que essa questão transcende o debate sobre cotas raciais
porque ela levanta uma série de problemas que raramente estiveram
presentes nos estudos hermenêuticos no nosso País, temas como o
papel da raça no processo de interpretação jurídica, os vários fatores
que atuam no processo de formação da subjetividade jurídica, os ele-
mentos presentes na construção da realidade social como um campo de
conhecimento objetivo. Embora tenham centrado a discussão sobre o
tema da constitucionalidade de ações afirmativas e sobre casos de injú-
ria racial, esse debate levanta questões sempre presentes nos debates
sobre direitos de minorias.

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