Conclusão

AutorFlávio Saliba Cunha, Roberto Dutra Torres Júnior
Páginas96-103
Conclusão
Para sustentar nosso argumento central neste livro, fez-se
necessário delimitar alguns processos que afirmamos guardar
estreitas relações com o fenômeno da crescente divisão do trabalho
na sociedade moderna. A rigor, procuramos chamar a atenção para
a necessidade de releitura de textos clássicos como forma de
identificar relações não percebidas ou insuficientemente exploradas
pelos cientistas sociais.
No entanto, identificar processos que ocupam uma posição de
absoluta e inegável centralidade na vida social, além de parecer
tarefa demasiado ousada para uma disciplina que dá sinais de crise
como a Sociologia, constitui uma postura que navega em sentido
contrário ao de amplas e importantes correntes do pensamento
social contemporâneo. Os esforços teóricos efetuados desde algum
tempo parecem caminhar no sentido oposto ao da síntese,
contribuindo para a multiplicação de perspectivas isoladas e
unilaterais sobre aspectos da vida social, que, tratados dessa
maneira, parecem não guardar qualquer relação entre si. Um de
nossos propósitos aqui foi o de dar uma contribuição para que se
possam superar os impasses decorrentes da influência que tais
abordagens têm exercido no pensamento social. Caso se reconheça
que a crise por que passa a Sociologia decorre em grande parte da
ausência de uma lógica convincente e articulada de explicação dos
fenômenos sociais que permita à teoria sociológica alcançar um
patamar desejável de cumulatividade, fica evidente que os esforços
para identificar os elementos fundamentais na configuração dos
processos sociais são uma empreitada intelectual indispensável.
É provável que a perspectiva teórica por nós assumida neste
trabalho seja acusada, com alguma razão, de privilegiar a análise
das dimensões estruturais. Isso se justifica, no entanto, pelo fato de
insistirmos no argumento de que os cientistas sociais encontram-se
em desacordo sobre construções teóricas de tal forma centrais que,
dizendo respeito aos fundamentos da ordem e da mudança social,
são a própria razão de ser desta disciplina. Como bem lembra
Alexander, “os sociólogos são sociólogos porque acreditam que a

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