Conclusão

AutorRafael Soares Duarte de Moura
Páginas283-284
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O pensamento levinasiano procurou responder a uma humanidade
exausta das inúmeras demonstrações de anti-humanismo que culminaram
no soerguimento absoluto de uma razão estruturalista que resignou o
homem a um conceito abstrato, frágil e fechado em sua individualidade
existente.
Em meio às estruturas lógico-racionais, fora a humanidade solapada
por diversos regimes totalitaristas que, por meio de inúmeras atrocidades,
submeteram muitos à objetificação e ao extermínio. O homem, de criador,
passou a ser objeto reduzido ao conceito e submetido às estruturas de
poder. Sua singularidade, dessa forma, fora transformada em
individualismo alienado e egoísta.
A presente obra problematizou o pensamento de Emmanuel Lévinas
que, em meio à Babel de ideologias e sistemas de poder econômico-sociais,
apresentou um novo conceito de indivíduo, um novo modo de existir com o
outro. A construção de um senso de justiça pautado pela alteridade
configurou a meta que se pretendeu expor e apresentar.
Nessa esteira, foi abordada a hospitalidade ao rosto do outro como
reflexo da responsabilidade, no exercício do egoísmo ético, decorrente da
abertura aos apelos do vulnerável. A gratuidade do relacionar-se com
bondade reflete o amor sem concupiscência do homem pelo outro. A
dimensão do amor foi pensada como processo de saída do Eu, ensimesmado
na hipóstase, em direção à coexistência na pacificidade que, em última
análise, alcança a justiça decorrente da ética vivenciada na gratuidade.
Na liberdade de existir, o outro espera do Eu reconhecimento que
dignifica e aplaca as misérias materiais e morais decorrentes das violências
sofridas na sociedade. Nesse amor/preocupação com o próximo se
concretiza o bem que se espraia como justiça à sociedade, consolidando os
valores e a estabilidade da democracia ao se propor uma perspectiva de
aprimoramento pessoal de cada cidadão.
A reflexão sobre a abordagem na eticidade se concentrou no aspecto
do estabelecimento de diálogos pautados pela justiça e respeito mútuos no
reconhecimento do outro como fonte de resgate da dignidade e
humanidade. O vis-à-vi com o rosto-do-outro representa uma abertura

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