Complexidade econômica e desequilíbrios regionais em Santa Catarina

AutorLucas Cidade Garcez, Marcelo Arend, Adilson Giovanini
Páginas04-31
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http://dx.doi.org/10.5007/2175-8085.2019v22n1p04
Rev. Text. Econ., Florianópolis, v. 22 n. 1, p. 04 31, 2019.1 ISSN 2175-8085
Complexidade Econômica e Desequilíbrios Regionais em Santa Catarina
Economic Complexity and Regional Imbalances in Santa Catarina
Lucas Cidade Garcez
lucascgarcez@gmail.com
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Marcelo Arend
marcelo.arend@ufsc.br
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Adilson Giovanini
adilsoneconomia@gmail.com
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Resumo: Este estudo analisa a estrutura produtiva do Estado de Santa Catarina através da perspectiva da
Complexidade Econômica, comparando a matriz produtiva catarinense com as demais unidades federativas
brasileiras. Procuramos caracterizar o espaço produtivo catarinense discriminando os pr odutos fabricados de
acordo com a sua complexidade para cada m esorregião. O artigo procura responder aos seguintes
questionamentos: 1) Os principais produtos exportados por Santa Catarina apresentam, em geral, que grau de
complexidade?; 2) Qual a complexidade e a diversidade apresentadas pela economia catarinense, se comparadas
com a pauta exportadora dos demais estados brasileiros?; 3) Quais mesorregiões catarinenses apresentam pa uta
de exportação mais diversificada e com produtos mais sofisticados? Depois de responder a estas perguntas, o
artigo conclui que existe grande diferenciação econômica entre as mesorregiões catarinenses. A matriz produtiva
do estado é caracterizada pela presença de pequenos polos de maior Complexidade Econômica, localizados em
poucos municípios. Por outro lado, Santa Catarina se apresenta bem posicionado quando comparado ao restante
do país, com uma diversidade produtiva considerável e maior desenvolvimento dos setores de maquinário,
químicos e instrumentos, considerados os mais complexos.
Palavras-chave: Economia Catarinense; Desequilíbrios Regionais; Complexidade Econômica
Abstract: This study analyzes the productive structure of the State of Santa Catarina from the perspective of
Economic Complexity, comparing the Santa Catarina productive matrix with the other Brazilian federative units.
We try to characterize the productive area of Santa Catarina by discriminating the products manufactured
according to their complexity for each mesoregion. The article tries to answer the following questions: 1) Do the
main products exported by Santa Catarina show, in general, what degree of complexity? 2) What is the
complexity and diversity presented by the Santa Catarina economy, when compared to the export tariff of the
other Brazilian states? 3) Which Santa Catarina mesoregions present a more diversified export agenda with
more sophisticated products? After answering these questions, the article concludes that there is great economic
differentiation among the Santa Catarina mesoregions. The productive matrix of the state is characterized by the
presence of small poles of greater Economic Complexity, located in few municipalities. On the other hand, Santa
Catarina is well positioned when compared to the rest of the country, with considerable productive diversity and
greater development of the sectors of machinery, chemicals and instruments, considered the most complex.
Keywords: Santa Catarina Economy; Regional Imbalances; Economic Complexity
Recebido em: 29-06-2018. Aceito em: 02-01-2019.
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http://dx.doi.org/10.5007/2175-8085.2019v22n1p04
Rev. Text. Econ., Florianópolis, v. 22 n. 1, p. 04 31, 2019.1 ISSN 2175-8085
INTRODUÇÃO
O presente artigo utiliza as ferramentas de análise desenvolvidas pela literatura de
Complexidade Econômica, para melhor compreender a economia catarinense contemporânea,
em especial seu padrão exportador, sua disparidade regional e suas idiossincrasias em relação
a outros estados brasileiros. A perspectiva da Complexidade Econômica utiliza dados de
exportação para melhor compreender o grau de sofisticação do tecido produtivo de diferentes
países. As ferramentas desenvolvidas por esta literatura são adaptadas ao estudo de unidades
subnacionais: mais especificamente as diferentes regiões que compõem o Estado de Santa
Catarina, para, assim, entender a dinâmica produtiva deste estado brasileiro.
Territorialmente, Santa Catarina se caracteriza como um dos menores estados da
Federação. Ainda assim, apresenta grande divisão territorial, sendo que, em 2017, era
composto por duzentos e noventa e cinco municípios. O elevado número de municípios
apresentado por este estado é consequência de seu processo histórico de formação
socioeconômica. Em Santa Catarina, os primeiros três séculos XV ao XVII foram
caracterizados pela existência de poucos núcleos habitacionais, com reduzida comunicação
entre si. Nestas localidades, a atividade econômica estava relacionada à agricultura de
subsistência e ao extrativismo. A colonização territorial foi impulsionada pela imigração no
século XIX. As cidades catarinenses apresentaram crescimento mais acentuado apenas a partir
do século XX (CABRAL, 1970; PIAZZA, 1983).
Em conjunto à intensificação do processo de ocupação territorial, expandiram-se as
atividades econômicas, principalmente a partir das duas últimas décadas do século XIX. A
indústria iniciou suas atividades no setor de têxteis e, de modo gradual, ingressou em novos
ramos. No decorrer do processo histórico de estruturação produtiva, ocorreu caracterizada
diferenciação setorial entre as regiões do território catarinense. Como exemplos, o setor
metalomecânico se desenvolveu na parte nordeste do estado, ao mesmo tempo em que a
agroindústria se consolidava na Região Oeste (GOULARTI FILHO, 2016).
O território catarinense pode ser dividido de acordo com diferentes metodologias: o
Governo do Estado, por exemplo, o divide em 30 regiões administrativas; já a Federação das
Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em 15. Este estudo utiliza a divisão realizada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos termos propostos em 1990. De
acordo com o IBGE (1990), características naturais, sociais e de comunicação definem uma
mesorregião. A presença de atividades econômicas semelhantes resulta no agrupamento dos

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