Educação socioambiental: o conceito que faz a diferença nos processos de gestão para a preservação do ambiente

AutorGisane Gomes
Páginas105-114

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1 Introdução

Conceber e focar de forma socialmente responsável1 a gestão dos resíduos sólidos e da limpeza urbana, em um órgão público, é um fator diferencial de gestão que pode influenciar de maneira direta os resultados e o produto da gestão.

Na atualidade, provavelmente, esta questão ainda seja vista como um fim a se alcançar, como uma visão do processo de gestão, como meta a ser perseguida, como um sonho, ou até mesmo, como uma utopia. Mas, conceber e estabelecer diretrizes, onde o “social” não seja apenas mais um adjetivo a incorporar-se aos títulos das formas de gestão empreendidas, ou que não seja somente mais um dos valores listados pela alta administração da instituição para apontar os processos de qualidade nos seus sistemas de gestão, não somente é possível de realizar, como aponta para um diferencial em qualidade tanto dos processos, como dos produtos e dos resultados que esse tipo de gestão pode gerar.

Assim, passa-se a apresentar uma experiência de gestão de uma área que é focada no princípio da gestão da responsabilidade social e voltada à preservação do ambiente. O Departamento Municipal de Limpeza Urbana - DMLU é uma autarquia municipal responsável pelo manejo dos resíduos sólidos e pela limpeza urbana de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. É destaque em termos de gestão pública, não somente pelos processos operacionais da limpeza e do tratamento do lixo, mas nos projetos sociais e de geração de renda que, durante seus mais de 30 anos de existência como autarquia, tem desenvolvido e estabelecido junto à população da cidade. Também destaca em seus processos de gestão as ações de educação ambiental que executa e que constam como sua atribuição pela legislação municipal, mais especificamente a Lei 234/90, o Código Municipal de Limpeza Urbana.

Ações de educação ambiental promovidas pela administração municipal não são recentes em Porto Alegre, pois historicamente há registros de ações já em 1850. Em agosto de 2003, a gestão do DMLU estabeleceu que os processos e as ações de educação ambiental ficariam centralizadas em uma estrutura subordinada à Supervisão Operacional do Departamento, criando assim, o Serviço de Assessoria SocioAmbiental – SASA.

O SASA então, passou a ter sua gestão calcada no princípio da responsabilidade social e da preservação do ambiente, por meio de ações de educação ambiental que estivessem diretamente relacionada aos resíduos sólidos (lixo) e à limpeza urbana em Porto Alegre. O diferencial e a inovação no tocante às estruturas de educação ambiental está, não somente no nome, como na concepção. Falar-se em socioambiental pressupõe dimensionar de maneira potencializadora o homem no centro do processo de preservação do ambiente. Isto significa que o “socio” do termo socioambiental, não é apenas um adjetivo, mas simPage 107 uma nova concepção e um novo paradigma que norteia a forma como realizar a gestão e estabelece os parâmetros para realização dos processos educativos que almejam a preservação do ambiente por meio da limpeza urbana em Porto Alegre.

2 O lixo e a educação socioambiental

De sua criação em agosto de 2003 até setembro de 2008 o SASA, quando completou 05 anos de existência, registrou uma atuação de processos e ações de educação ambiental que somam quase mil intervenções e cerca de 120 mil pessoas diretamente atingidas em eventos, palestras, exposições, apresentações teatrais e de músicas, cursos, oficinas, visitas técnicas e em estruturas de sensibilização ambiental.

A área está organizada com 6 servidores municipais, que são funcionários públicos do quadro do DMLU, coordenada por uma socióloga e composto por um assistente administrativo e mais quatro garis que apresentam competências específicas de atuarem como educadores ambientais. Desde a troca da gestão municipal, em 2005, o SASA está subordinado à Divisão de Projetos Sociais, Reciclagem e Reaproveitamento – DSR e na sua estrutura física, na sede do DMLU, incorporou a biblioteca do Departamento e tem desde maio de 2005, uma estrutura de visitação e de sensibilização em forma de túnel para complementar suas ações, onde o visitante, por meio da utilização dos seus sentidos sensoriais conhece a história do DMLU e a prestação dos serviços.

O SASA conta ainda, por meio dos convênios com o Pró-Guaiba, de um veículo microônibus com 30 lugares para realizar visitas técnicas às unidades do DMLU ou aos locais de interesse na promoção da educação para preservação do ambiente.

Essa estrutura de execução da educação ambiental tem como objetivos:

  1. orientar as pessoas no sentido de garantir a preservação do ambiente por meio da prestação dos serviços do DMLU;

  2. buscar qualificar a relação didático-pedagógica do gerenciamento dos resíduos sólidos e da limpeza urbana com seus públicos-alvos;

  3. possibilitar à comunidade o acesso às informações que qualifiquem sua relação com o ambiente; e

  4. qualificar, formar e sensibilizar os servidores do DMLU e da PMPA para atuarem diretamente na preservação do ambiente e na sustentabilidade.

Para atender tais objetivos, o SASA tem como atribuições elaborar, executar e contribuir na discussão da política de educação socioambiental do DMLU e da PMPA, tanto de maneira externa, com a população em geral, como de forma interna, voltada aos servidores do Departamento. Para viabilizar tais atribuições,Page 108 o SASA trabalha em atendimento às demandas apresentadas, utilizando alguns critérios de organização e de priorização dos serviços de educação ambiental. Visa, prioritariamente, formar e contribuir na qualificação crescente de agentes multiplicadores de educação ambiental, entendidos pela área, como pessoas com destacada atuação em seu meio que possam influenciar e promover conscientização ou sensibilização para a causa da preservação do ambiente de outras pessoas. Assim, o principal eixo de atuação do SASA é a...

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