Causas

AutorJoão Luís Vieira Teixeira
Ocupação do AutorAdvogado militante na área trabalhista. Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pelo Centro Universitário UniCuritiba
Páginas39-42

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Calcula-se que cerca de doze milhões de europeus vivem o drama do harcèlement moral, mobbing, bullying, etc., segundo estatísticas recentes, divulgadas em diversos sites da Internet.

Só na Inglaterra, segundo a University of Manchester Institute of Science and Technology, de um terço à metade das doenças oriundas do estresse entre trabalhadores se relaciona com o assédio no emprego. Completando esses dados, o Institute of Personnel and Development (IPD) publicou os resultados de uma pesquisa revelando que um entre oito (ou seja: mais de três milhões de empregados) no Reino Unido sofrem de bullying no trabalho. Mais da metade afirma que essa situação era lugar-comum na sua organização; e, ainda, um quarto informou que tal quadro só se agravou no último ano.

No Brasil, apenas nos últimos anos pesquisas começaram a ser feitas e publicadas sobre o assédio moral nas empresas. A Dra. Margarida Barreto, médica do trabalho, em sua tese de mestrado intitulada "Jornada de Humilhações", apresentada no ano 2000 perante a PUC-SP, apurou que 36% da população brasileira economicamente ativa sofriam desse tipo de violência. Foram ouvidas cerca de 2.100 pessoas.

Em outra pesquisa mais recente, com um total de 4.718 profissionais ouvidos, 68% deles afirmaram sofrer humilhações várias vezes. E a maioria, 66%, afirma que já foi intimidada por seus superiores hierárquicos.

Mas quais são as causas e as motivações desse grave mal que assola o ambiente de trabalho de muitas organizações?

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Há, evidentemente, uma certa perversidade natural do ser humano. O "homem como lobo do homem" (Thomas Hobbes) é sentença por demais conhecida. E, por isso, provavelmente, desde os primórdios do trabalho já se experimentasse o assédio moral.

Inclusive, é por sobremaneira relevante o fato de que o assédio moral foi, primeiramente, estudado entre os animais.

Seu estudo se iniciou da observação do comportamento (ou instinto) de um grupo de animais assim que um indivíduo novo invadia o seu território. As práticas adotadas pelos animais que ali já habitavam despertaram a atenção de pesquisadores como o zoólogo austríaco Konrad Lorenz, considerado o pai da moderna Etologia.1

Durante seus estudos nas décadas de 1930/1940, ele notou que, aos poucos, sucumbindo à pressão e à hostilidade recebidas, o animal intruso acabava indo embora daquele território.

Lorenz foi agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia em 1973.

Fizemos essa breve citação para demonstrar que o...

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