Castração do sujeito

AutorSilvane Maria Marchesini
Ocupação do AutorJurista. Psicóloga. Psicanalista. Pós-Graduada, Mestra em Psicologia Clínica
Páginas187-188

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As proposições lacanianas a respeito da castração estão vinculadas às relativas à frustração, à privação, à falta e à doação, às relações de objeto. Elas correspondem a um determinado desfecho da história da relexão psicanalítica a esse respeito; para uma melhor deinição de sua importância, é útil reconstituir os seus principais momentos.

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Freud estabelece em 1905 os fundamentos de uma concepção das relações de objeto na medida em que elas estariam ligadas às fases do desenvolvimento libidinal (Freud S., 1905d); proporá em seguida considerar a perda de excrementos como um momento precursor do complexo de castração (Freud

S., 1916-7e). A concepção freudiana ?, pois, ‘absoluta-mente realista’. [...] Jacques Lacan revolucionou essa tradição. Para ele, fundamentalmente, a castração é pertinente à subjetividade do sujeito. É dívida simbólica, ligada à interdição do incesto e do assassinato. No real, o que o sujeito constata é a privação do pênis na mulher. A relação com o objeto é ao mesmo tempo uma relação com a falta do objeto. O objeto existe tanto por sua presença quanto por sua ausência.

Lacan justiica o imperativo dessa revolução do que passará a ser ‘o heteróclito da castração’. Propõe o seu grafo completo, onde se leem, em cada extremidade, o inconsciente e o Outro, de uma parte, o sujeito barrado, da outra parte, em seguida, su-cessivamente, o significante e a voz, depois o gozo e a castração relacionada ‘a pulsão como tesouro dos significantes’. ‘ A castração quer dizer que é pre- ciso que o gozo seja recusado, para que possa ser alcançado na escala invertida da Lei do desejo ’ (Lacan J., 1957).

Para os dois sexos, ‘o falo ? o significante destinado a designar, em seu conjunto, os efeitos do significante’ e ‘o significante do desejo do Outro’ (La-can J., 1958). Como tal, a castração não se articula com a realidade do pênis. Com efeito, essa articula-ção ? problemática e exige várias operações: ‘Assim ? que o órgão erétil vem a simbolizar o lugar do gozo, não como ele mesmo nem tão pouco como imagem, mas como parte faltante na imagem desejada’, ou seja, a função...

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