Capital social e competitividade: Um estudo comparativo entre duas redes vitivinícolas brasileiras

AutorKadigia Faccin - Janaina Macke - Denise Genari
CargoMestre em Administração. Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISNINOS) e Université de Poitiers (França) - Mestre em Administração. Universidade de Caxias do Sul (UCS) - Doutora em Administração. Universidade de Caxias do Sul (UCS)
Páginas111-131
Revista Global Manager
V. 14, N. 2, 2014
ISSN 1676-2819 - impresso | ISSN 2317-501X- on-line
http://ojs.fsg.br/index.php/global
CAPITAL SOCIAL E COMPETITIVIDADE: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE
DUAS REDES VITIVINÍCOLAS BRASILEIRAS
Kadígia Faccina, Denise Genarib, Janaina Mackec
a Mestre em Administração. Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISNINOS) e Université de Poitiers
(França). kadigia@gmail.com
b Mestre em Administração. Universidade de Caxias do Sul (UCS). denisegenari@hot mail.com
c Doutora em Administração. Universidade de Caxias do Sul (UCS). jmacke@terr a.com.br
Informações de Submissão
Kadígia Faccin, endereço: 7 Passage de
La Petite Roue - Poitiers - França- CEP:
86000.
Recebido em: 10/10/2014
Aceito em: 28/10/2014
Publicado em: 01/12/2014
Resumo
Os ganhos competitivos adquiridos pela ação coletiva, através do
fenômeno de formação de redes, podem ser considerados uma
resposta às pressões do ambiente econômico, as quais tem r estringido
a competitividade das empresas. Neste sentido, a Visão Baseada em
Recursos (VBR) vem se consolidando como uma abordagem que se
propõe a analisar as organizações em âmbito interno, defend endo que
as principais fontes de competitividade empresarial são endógenas. O
objetivo do presente estudo é comparar o desempenho de duas redes
vitivinícolas (APROVALE e APROBELO) da Serra Gaúcha
(RS/Brasil) quanto ao capital social como um recurso estratégico e a
percepção d e competitividade das redes. Foi utilizada uma pesquisa
do tipo su rvey para medição destes dois construtos. Os resultados do
estudo mostram que capital social e competitividade encontram-se
altamente correlacionado s, ou seja, qualquer mudança relativa a um
deles tem o poder de afetar significativamente as variações no outro.
A comparação entre os níveis de capital social e competitividade
existente nas redes, permitiu evidenciar que as diferenças entre os
objetivos compartilhados em cada rede e a forma como a rede está
organizada, geram, em cada caso, uma externalidade idiossincrática,
que depende essencialmente d a combinação dos elementos de capital
social existentes.
Abstract
The competitive gain s acquired by collective action through the
phenomenon of networks formation, can be considered a response to
the pressures of the economic environment, which has restricted the
competitiveness of enterprises. In this sense, the Resource Based
View (RBV) has been viewed as an approach that aims to analyze the
internal organization’s resources, arguing that the main sources of
competitiveness are endogenous. T he aim of this study is to compare
the performance of two wine industry networks (APROVALE and
APROBELO) of Serra Gaúcha (RS / Brazil) considering the social
capital, as a strategic resource, and the perception of network
competitiveness. We used a survey research to measure these two
constructs. The study results show that social capital and
competitiveness are highly correlated, ie, any change on either of
Palavras-chave
Capital Social. Competitividade. Survey.
Redes vitivinícolas. Brasil.
Keywords
Social Capital. Competitiveness. Survey.
Wine Industry Networks. Brazil.
Revista Global Manager v. 14, n. 2, p. 111-131, 2014
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them, has the power to significantly affect variations in the other.
The comparison between the social capital level and the perceived
competitiveness showed that the differences between shared goals
and the way that the network is organized, generate, in each case, an
idiosyncratic externality, which depends on the combination of
existing social capital elements.
1 INTRODUÇÃO
A maioria das análises envolvendo capital social refere-se ao desenvolvimento de
regiões e nações. Esta pesquisa, assim como a de Andrevski et a l. (2007), de Wu (2008),
Beujelsdijk (2009) e Su et al. (2005), visa explorar o modo como o comportamento
competitivo de uma empresa é influenciado pelo grau e a natureza da rede de enraizamento
desta, pautando-se no seu estoque de capital social. O capital social de uma sociedade inclui:
as instituições, as relações, as atitudes e valores que regem as interações entre as pessoas e
contribuem para a coesão econômica e o desenvolvimento social. O capital social é a cola que
prende todos os agentes sociais. Inclui a partilha de valores e regras de conduta social,
expresso em relacionamentos pessoais, confiança e um senso comum de responsabilidade, que
torna a sociedade mais do que apenas uma coleção dos indivíduos (WORLD BANK, 2008).
Esta pesquisa traz, portanto, uma contribuição adicional nos estudos que versam sobre
a geração de vantagens competitivas, considerando o capital social um recurso estratégico. O
capital social foi estudado à luz da visão baseada em recursos, já que esta admite que a
principal fonte de vantagem competitiva sejam as características internas de uma organização.
Tais características internas são consideradas fontes de vantagem competitiva já que se
apresentam como uma cola que vincula os negócios existentes. Elas também engendram o
desenvolvimento de novos negócios, uma vez que aproximam oportunidades (PRAHALAD;
HAMEL, 1990). A base da vantagem competitiva reside no acesso e/ou controle de recursos
competitivos. Este trabalho está centrado na análise de um recurso intangível. Na medida em
que esta abordagem procura exemplificar que as vantagens competitivas podem derivar de
recursos únicos, ela permite que sejam reconhecidos recursos específicos das redes
colaborativas, como por exemplo, o capital social existente no grupo.
Diversas agências governamentais estão realizando pesquisas em capital social, dado
seu fator gerador de benefícios para a comunidade (COMISSION RESEARCH PAPER,
2003). Logo, dado o desenvolvimento do presente estudo à luz desta importante teoria,
analisando a experiência vitivinícola da Serra Gaúcha, devido a sua representatividade,
proporcionará uma contribuição para a teoria social e a geração de elementos que poderão

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