A caixa

AutorGreg Andrade
CargoAdvogado
Páginas240-240
ALÉM DO DIREITO
240 REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 657 I ABR/MAIO 2019
Greg Andrade ADVOGADO
A CAIXA
sional, com o senso comum
ditando o famoso jargão: “Di-
reitos humanos para seres
humanos direitos” ou “direi-
tos dos manos”. Entidades
e  se afastam do tema,
dando preferência em tocar
em outros assuntos mais pa-
latáveis. E, como muitas delas
são fartamente financiadas
com projetos de governos,
a maioria quer distância de
pessoas como eu, atola o dedo
na ferida e torce...
Mas, voltemos à caixa que
me emocionou.
Como já relatei, estava em
uma época de “vacas magras”,
inclusive não tenho vergonha
de externar que não era raro
não ter dinheiro para um lan-
che, ou pagar um ônibus...
Com muita luta consegui
me inscrever nos quadros da
 e, não por vontade
desta – para negar a minha
inscrição como estagiário
suscitaram uma “indignida-
de” por estar em cumprimen-
to de sentença. Fato é que
tiveram que me engolir com
casca e tudo, pois encontrei
um dispositivo na lei que
obrigava a minha reabilita-
ção criminal e, consequente-
mente, a minha inscrição não
como estagiário, mas como
profissional, como advogado,
já que tinha sambado na pro-
va da ...
Com a  na mão, pensei:
“E agora, o que faço eu com
isto?” Passei minha graduação
e meu retorno em liberdade
sempre pensando em traba-
lhar na área social. N quis
advogar. Para quê isto serve?
No entanto, as pessoas,
sobretudo os familiares do
egresso e preso, ficaram de al-
guma forma sabendo que eu
já era “Dotô” e as demandas
começaram a “chover”...
Esta caixa muito me emo-
ciona, já que foi o primeiro ar-
quivo que improvisei (já disse
que estava dando beliscão em
tartaruga por dinheiro...). Fui
em uma loja popular, comprei
esta caixa, fui em uma loja de
parafusos e comprei as hastes
e eu mesmo montei este ar-
quivo... De uma caixa passou
para outra, mais outra e mais
outra, até hoje ter uma sala
somente para arquivos...
Esta caixa sempre estará
ao meu lado para lembrar
sempre que Deus é bom e que
mesmo se estivermos no fun-
do do poço, sempre podere-
mos dar a volta por cima...
Tenho absoluta certeza
que meu pai ficaria orgulhoso
desta caixa.... n
HOJE, POR SER domingo e
com o escritório vazio, resolvi
me aventurar em nossa sala
de arquivo. Lá encontrei uma
caixa preta de plástico, destas
que são vendidas em lojas po-
pulares de artigos para casa.
Os olhos marejaram e o co-
ração bateu descompassado
devido às lembranças...
Em uma época não muito
distante, estava em uma si-
tuação financeira de penúria
completa. Tinha me graduado,
tinha uma serie de especiali-
zações, era sempre convidado
a ministrar palestras, militava
e muito na seara social e em
questões relacionadas a direi-
tos humanos, sobretudo para
a população carcerária.
Por esta militância políti-
ca, advinda do fato de eu ser
egresso do sistema prisional,
as portas de empregos for-
mais nunca me foram aber-
tas, inclusive em entidades
que propagam a luta por di-
reitos humanos (a mão até
treme de vontade de nomear
uma a uma). Há neste país um
discurso para dentro e outro
para fora em relação a direi-
tos humanos no sistema pri-
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