Entre boatos e verdades: a orientação sexual de crianças adotadas por casais homossexuais

AutorJosiane Peres Gonçalves - Fláubertt Odevanir Couto - Fabia Azevedo
CargoUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Naviraí (UFMS/CPNV) - Universidade Federal da Grande Dourados - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Naviraí (UFMS/CPNV)
Páginas47-69
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
V. 9 - Nº 02 - Ano 2020
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
47
ENTRE BOATOS E VERDADES: A ORIENTAÇÃO SEXUAL DE
CRIANÇAS ADOTADAS POR CASAIS HOMOSSEXUAIS
Josiane Peres Gonçalves1
Fláubertt Odevanir Couto2
Fabia Azevedo3
Abstract: The research, which aims to
understand how the sexual development
of children adopted / or who live as
homoparental families, was carried out
through questionnaires with 20
Pedagogy academics, 5 teachers and 3
psychologists from a municipality in the
interior of Brazil. State of Mato Grosso
do Sul. The results show that there are no
differences in the development of the
child living in a homoparental context,
when compared to other children living
in other family contexts, and the
coexistence with new family
arrangements causes children to grow
understanding and respecting the
differences and diversities that exist in
society.
Keywords: Development of Sexuality.
Children. Homoparental Families.
1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Naviraí (UFMS/CPNV).
2 Universidade Federal da Grande Dourados
3 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Naviraí (UFMS/CPNV).
Introdução
A união conjugal entre pessoas
do mesmo sexo tem se intensificado na
atualidade e é alvo de polêmicas,
preconceitos e estereótipos. Contudo,
mesmo diante desse panorama, grande
parte desses casais sente o desejo de
constituir uma família, sentimento este,
que também gerou muitas discussões
entre as famílias brasileiras, que em sua
grande parte são de núcleos
heterossexuais.
As preocupações estão em torno
da capacidade, de casais gays ou
lésbicas, em criar os filhos, lhes oferecer
afeto e ainda poder dar uma referência de
gênero (masculino ou feminino), ou seja,
numa família constituída por
gays/lésbicas, quem desempenharia o
papel de pai/mãe, tendo em vista que o
senso comum crê que o menino/menina
precisam de uma referência
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
V. 9 - Nº 02 - Ano 2020
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
48
masculina/feminina para poder construir
sua identidade de gênero.
Foi nesse sentido, que a grande
pergunta da nossa pesquisa urgiu da
seguinte forma: Será que o modelo de
família homoparental pode interferir na
construção da identidade de gênero de
uma criança? Visando encontrar
possíveis respostas para tal indagação é
que se justifica a realização do presente
estudo que tem por objetivo
compreender como se o
desenvolvimento sexual de crianças
adotadas/ou que convivem como
famílias homoparentais.
A pesquisa foi realizada com
alunas do semestre do curso de
Pedagogia da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul Campus de Naviraí
MS, com 11 professores do respectivo
curso e campus, e ainda com 06
psicólogas, sendo 05 de Naviraí e uma de
Jaú, São Paulo. Os resultados são
apresentados logo após a abordagem
teórica, apresentada na sequência.
Breve histórico da Homossexualidade
As relações sexuais entre duas
pessoas do mesmo sexo existem
muito tempo. Essa prática é mais antiga
que a evolução do pensamento humano,
independente do nome que esse ato
receba, sua prática já vem de longas
datas. De acordo com Pereira (2017) no
século VII A.C, as práticas sexuais entre
duas pessoas do mesmo sexo tinham
função social e pedagógica, isso na
Grécia Antiga. Esse relacionamento era
visto de maneiras diferentes por duas
cidades gregas, Esparta e Atenas.
De acordo com o autor, em
Esparta as relações sexuais entre
homens, era tida como parte do
treinamento e disciplina militar, dessa
forma, os mesmos eram incentivados a
manterem sua vida sexual, tal ação era
tida como um cuidado com o grupo.
Contudo, em Atenas, a prática sexual
recebia outro tipo de tipificação e estava
ligada ao campo do conhecimento. Essa
relação era bem aceita pela sociedade
ateniense, tendo em vista que a prática se
dava por um homem mais velho, o
erastes, e um jovem mais novo, o
eromenos.
Nessa égide, Pereira (2017)
salienta que a relação sexual entre dois
homens em Atenas ficava conhecida
como paiderastia (o amor a meninos),
essa relação tinha função de transmissão
de conhecimento, portanto, essa relação

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT