O Barroco

AutorMônica Sette Lopes
Páginas95-108
O Barroco
Os séculos XVII e XVIII caracterizaram-se por uma busca
de racionalidade exacerbada, com a exasperação e a ansiedade das
descobertas que deveriam ser transplantadas para a vida humana
em todos os seus âmbitos, o que efetivamente incluiu o direito e a
música.
No direito, o anseio por certeza e por segurança persistia
e cava visível nas tentativas de armar axiomas que tornassem de-
nitivas as leis humanas, assim como as leis que presidiam o fun-
cionamento das coisas da natureza. A vontade era a de conhecer os
processos de racionalização e, se possível, de reduzi-los a partir dos
parâmetros da matemática.
“O homem aparece, não mais como uma obra divina, eterna
e desenhada à semelhança do próprio Deus, mas como um
ser natural; a humanidade não mais [...] como participante
de um plano divino de salvação ou [...] como participante
de um mundo histórico, mas como elemento de um mundo
apreensível através de leis naturais. A pretensão moderna
de conhecimento das leis naturais é agora estendida à natu-
reza da sociedade, ou seja, ao direito e ao Estado; também
para estes devem ser formuladas leis com imutabilidade das
deduções matemáticas”231.
Uma faceta que simboliza este momento, de busca de cer-
tezas, é certamente Bach (1685-1750). Ele foi o lho espiritual de
Lutero e eles sincronizaram dois mundos cuja harmonia perfeita era
transfundida na música, polifonicamente, pelas regras do contra-
ponto232. Bach foi a “ponte sublime entre o eterno e o cotidiano, entre
o sagrado e o temporal”233.
A anação dos instrumentos ganhou tempero com Bach.
Mas a palavra deve ser bem entendida. O tempero não signica o
231 WIEACKER, 1980, p. 288. Cf., ainda, HESPANHA, 1997, p. 143-64.
232 CARPEAUX, 2001, p. 110-2, MENUHIN, DAVIS, 1990, p. 126-7, CANDÉ, 2001,
v. 1, p. 526-43.
233 MENUHIN, DAVIS, 1990, p. 133.

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