O bailarino e seu contexto profissional: um estudo acerca da identidade profissional

AutorAna Ligia Trindade - Patricia Kayser Vargas Mangan
CargoDoutoranda em Memória Social e Bens Culturais pelo Centro Universitário da Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS - Doutora em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Páginas1-19
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.15, n.2, p.01-19 Set.-Dez. 2018
ISSN 1807-1384 DOI: 10.5007/1807-1384.2018v15n3p01
Artigo recebido em: 06.10.2017 Revisado em 14.08.2018 Aceito em: 19.08.2018
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
O BAILARINO E SEU CONTEXTO PROFISSIONAL: UM ESTUDO ACERCA DA
IDENTIDADE PROFISSIONAL
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Ana Ligia Trindade e Patricia
2
Kayser Vargas Mangan
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Resumo:
A proposta deste estudo na área da Memória Social tem como objetivo discutir
acerca de conceitos de identidade, profissão e arte como trabalho, tendo como
ênfase o profissional bailarino. O termo identidade não pode ser compreendido
senão por vias interdisciplinares, no entrecruzamento de áreas como a Sociologia, a
Psicologia, a Antropologia e a História. Nesse contexto, se compreende identidade
profissional como um processo contínuo que se vincula à identidade pessoal,
igualmente ligada aos vínculos e sentimentos de pertencimento a uma determinada
categoria ou grupo social. As considerações levantadas, acerca de identidade,
profissão, ofício, ocupação e trabalho, têm a finalidade de contextualização para o
estudo que está tentando delinear uma imagem e identidade do profissional
bailarino, bem como instigar novas pesquisas nesta temática.
Palavras-chaves: Identidade. Profissional Bailarino. Dança.
1 INTRODUÇÃO
Para cada um de nós a identidade expressa a representação que temos de
nós mesmos. Deste modo, as identidades são representações subjetivas que se
constroem a partir de diferentes discursos e práticas sociais (HALL, 2006). A
pesquisa em andamento do qual emerge este trabalho está em busca da
compreensão da identidade profissional do bailarino no Estado do Rio Grande do
Sul, na qual também surgem questionamentos sobre profissão, ofício, ocupação e
trabalho; além da necessidade de investigar as artes como profissão. O estudo aqui
apresentado foi realizado considerando o contexto nacional, levando-se em conta o
1
O trabalho está sendo realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 "This study was financed in part by
the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code
001.
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Doutoranda em Memória Social e Bens Culturais pelo Centro Universitário da Universidade Luterana
do Brasil, Canoas, RS. Bailarina, coreógrafa e professora de Ballet. E-mail: ligia-trindade@bol.com.br
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Doutora em Engenharia de Sistemas e Computação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Professora da Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS vinculada ao Mestrado Profissional em
Memória Social e Bens Culturais na mesma universidade. E-mail: patricia.kayser@gmail.com
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profissional formal e independente, sem restringir a um estilo específico, buscando
um diagnóstico geral da situação deste profissional no país.
Em diferentes períodos e espaços atribuímos significados às nossas
experiências e aquilo que somos como profissionais, significando dizer que a
construção da identidade profissional é “um território de disputa permanente” (LIMA,
2012). A tentativa de delinear uma identidade profissional do bailarino pressupõe
situá-lo na complexidade de um contexto social, histórico, político e cultural. Uma
contextualização contemporânea de profundas mudanças que estão provocando
transformações na profissão e no próprio bailarino, uma vez que a constituição de
identidade tem relação com a realidade na qual se insere. Nesse sentido alguns
pontos afetam a maneira como exercemos a profissão e possíveis discussões se
apresentam implicando em novos princípios estruturadores de nossa identidade
profissional.
Assim, a proposta deste estudo discute o conceito de identidade na área da
Memória Social tendo como objetivo fundamentar acerca de conceitos de identidade,
profissão e arte como trabalho, dando ênfase ao profissional bailarino.
2 MEMÓRIA E IDENTIDADE
Halbwachs ao apresentar o conceito de quadros sociais da memória, afirma
que “não há memória possível fora dos quadros dos quais os homens, vivendo em
sociedade, se servem para fixar e reencontrar suas lembranças” (1925, 1994, p.79).
Esses quadros integram, eles mesmos, antigas lembranças que vão orientar a
construção de novas. Ou seja, funcionam como pontos de referência para a
construção subjetiva de lembranças e determinam o que deve ser lembrado,
esquecido, silenciado ou comemorado pelos indivíduos. Esta contextualização inclui
também a padronização social do tempo e do espaço, dimensões, segundo
Halbwachs, fundamentais da experiência humana. A padronização do tempo e do
espaço permite a formação de memórias, que cumprem uma função social
fundamental: elas contribuem para a manutenção e coesão dos grupos, na medida
em que ajudam a produzir o sentimento de identidade entre seus membros (RIOS,
2013).
Ainda para Halbwachs (2006), a memória individual existe sempre a partir de
uma memória coletiva. Ele apresenta uma metáfora emblemática do modelo de

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