Autoridade mandante
Autor | Wladimir Novaes Martinez |
Ocupação do Autor | Advogado especialista em Direito Previdenciário |
Páginas | 40-41 |
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"O melhor governo é aquele em que há o menor número de homens inúteis", airmou Voltaire.
Admita-se ab initio a verdade incontestável: governar é muito difícil. Não é atividade fácil nem ocupação para bem intencionados amadores.
Todos os dias o gestor tem de acomodar as volições mais diversas e frequentemente repletas de oposições conlitantes.
Em primeiro lugar: em cada hipótese carece saber ler o que é o interesse público.
Trata-se de um ente obscuro por natureza e não claramente deinido na doutrina política em cada caso, país, regime ou em momento histórico.
O ser humano domina o interesse privado, produto de um egoísmo individualista primitivo, genético e predador. Ele desconhece o interesse público. E não é só o homem do povo que ignora essa imprescindível distinção.
O problema fundamental é que os governos se esquecem que o Estado não tem um dono e, por isso, alguém se apropria dele; julgam ser alguma res nulius a sua disposição.
Fá-lo por meios legalizados ou tortuosas trilhas e sendas, mas se assenhoreia dele.
Quando militante, é uma pena que não cuide da Administração Pública com o mesmo desvelo que dedica às coisas que realmente são suas, isso melhoraria em muito a sua gestão.
Na vida comum, o chefe da família dirime os conlitos entre parentes, irmãos, ilhos, netos e nem sempre tem sucesso nessa árdua experiência diuturna.
Os governantes, por vezes não conseguem gerir sequer as coisas do Palácio do Governo, que dirá as do país. Algumas monarquias começaram a cair graças ao humor bipolar do monarca.
A autoridade é uma qualidade que distingue o homem com capacidade de sair-se melhor que outros, no labirinto do jogo político da gerência administrativa.
Muitas vezes, um pouco de sutil autoridade é necessária para compor aqueles dissídios em que a delicadeza, a urbanidade e os belíssimos princípios democráticos não funcionam. Saber a diferença é que é o problema.
Aliás, durante as crises políticas a palavra mais invocada por quem não sabe do que está falando é essa: democracia.
É imperioso tomar cuidado, quando um orador a convoca em altos brados; geralmente é para ludibriar incautos.
Separar a ínsita liberdade republicana do poder despótico é oneroso no dia a dia. Somente um político sapiente tem consciência de quando e como proceder. Desgraçadamente, homens com sabe-doria não gostam de política e se acrisolam lecionando nas universidades e lembrando aos atentos alunos, sem convencê-los de modo bem persuasivo porque não foi...
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