Aula politicamente incorreta
| Autor | Ernani Buchmann |
| Cargo | Advogado |
| Páginas | 247-247 |
ALÉM DO DIREITO
247
REVISTA BONIJURIS I ANO 32 I EDIÇÃO 663 I ABR/MAIO 2020
Ernani Buchmann ADVOGADO
AULA POLITICAMENTE INCORRETA
que trabalhava e submetido a
inquérito por furto. O advoga-
do alegou que ele estava sendo
acusado injustamente, visto
que as mercadorias furtadas fi-
cavam estocadas em prateleiras
ao rés do chão, o que motivou
as suspeitas. Então, comentou.
— Não há dúvida de que ele
está sendo acusado por ser anão.
Mesmo com suas desculpas,
o cliente preferiu trocá-lo por
alguém que não o diminuísse
ainda mais. E alertou o profes-
sor: hoje, até referências indi-
retas ou palavras derivadas,
como denegrir, podem ser to-
madas por incorretas.
Então, começaram as per-
guntas, todas respondidas, até
um aluno, com a maior cara
dura, perguntar:
— Com licença, professor.
Vamos supor que o senhor
me perguntasse alguma coi-
sa sobre essa aula e eu lhe
respondesse que me deu um
branco. Seria politicamente
incorreto?
A turma explodiu em garga-
lhadas. O professor aguardou
e respondeu à pegadinha.
— Talvez seja melhor você
dizer que seu cérebro se en-
contra em estado semelhante
a sua própria pele. Ou que está
vazio de ideias, como pude
notar.
Ponto para o professor, mas
o aluno ainda tinha um último
cartucho a disparar.
— Estou falando sério, pro-
fessor. É que eu me chamo Luiz
Antônio Negrão. n
Um dos mais conhecidos
penalistas paranaenses
dizia a seus alunos na
faculdade de direito que
tivessem cuidado com
as impropriedades verbais, os
excessos próprios da juven-
tude que poderiam afrontar
as regras legais politicamente
corretas. Citou o caso de um
advogado novo de seu escritó-
rio que, ao defender seu cliente
durante uma oitiva em inqué-
rito policial, perdeu o mandato
por se referir a ele como anão.
O homem verticalmente preju-
dicado tinha sido demitido por
justa causa do armazém em
Simon Taylor
Rev-Bonijuris__663.indb 247 17/03/2020 17:38:36
Para continuar a ler
PEÇA SUA AVALIAÇÃO