Audiência de Dom Luiz Cappio com o Presidente Lula (notas provisórias)

AutorRuben Siqueira - Henrique Cortez
CargoRuben Siqueira é sociólogo, mestre em Ciências Sociais (UFBA), agente pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ? Bahia e articulador geral do Projeto Articulação Popular pela Revitalização do Rio São Francisco. [rubensiq@ibest.com.br] - José Henrique Cortez é ambientalista, com especialização em gerenciamento de riscos (Estados Unidos),...
Páginas35-40
AUDIÊNCIA DE DOM LUIZ CAPPIO COM O PRESIDENTE LULA
(NOTAS PROVISÓRIAS)
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RUBEN SIQUEIRA *
HENRIQUE CORTEZ **
1. A AUDIÊNCIA
1.1. De início, Dom Luiz Flávio Cappio, referindo-se ao curto diálogo que tivera
a sós com o presidente, minutos antes, disse que, como combinado, então
falara o coração e que agora falaria a razão... Agradeceu o “gesto de grandeza”
do presidente em ter suspendido as obras da Transposição na negociação que
pôs fim à greve de fome, o que incluía esta audiência, e ter aberto o diálogo
que inexistia. Referiu-se ao apoio surpreendente e extraordinário que teve o
seu gesto (“milhões de adesões pela Internet”) e entregou ao presidente um
calhamaço com milhares delas. Passou, então, a apresentar os documentos
resultantes do Seminário Que todos tenham vida, acontecido em 14 e 15 de
dezembro de 2005, em Brasília (DF), com a participação de respeitados
representantes da sociedade organizada e da academia, lendo a “capa” e o
índice (a síntese e os títulos) dos três documentos, comentando-os
brevemente e passando-os às mãos do presidente
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.
1.2. O ministro Jaques Wagner tomou a palavra dizendo ser necessário
reafirmar os termos de Cabrobó (PE): não era iniciar, mas dar continuidade ao
diálogo, pois o governo não aceita que não tivesse havido diálogo antes.
1.3. O ministro Ciro Gomes pede a palavra para contestar os termos da
apresentação de Dom Luiz Cappio. Começa rechaçando que a revitalização
seja uma “farsa”, pois este governo investiu mais que qualquer outro na
revitalização e cita números do que está sendo feito em saneamento e
recomposição da mata ciliar (mudas do Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra/MST). Não aceita que não falte água no Nordeste e, ironizando “um
professor do Rio Grande do Norte”, tenta contrapor-se aos cálculos do
professor João Abner, que confundiria a capacidade dos reservatórios com a
água efetivamente disponível... Deu o exemplo de Campina Grande (PB), que
sofre uma escassez crônica que a impede de crescer. Disse que a percepção
empírica é diferente de quem está lá e de quem vê de fora. Discorre sobre sua
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Estavam presentes na audiência, realizada em Brasília (DF), no dia 15 de dezembro de 2005,
além do presidente, os ministros Jaques Wagner e Ciro Gomes, e o porta-voz André Singer.
Com Dom Luiz Cappio estavam Dom Tomás Balduíno (presidente da Comissão Pastoral da
Terra/CPT), Domrio Savieri (bispo de Propriá, SE), Dra. Luciana Khoury (Ministério Público
da Bahia), Henrique Cortez (ambientalista), Adriano Martins (sociólogo), Leninha (Centro de
Agricultura Alternativa do Norte de Minas/CAA e Articulação no Semi-Árido Brasileiro/ASA) e
Ruben Siqueira (Comissão Pastoral da Terra/CPT-BA). As observações em colchetes são de
Henrique Cortez.
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Os três documentos são: Por que somos contrários ao Projeto de Transposição de
Águas do Rio São Francisco para o Nordeste Setentrional, Pauta de Discussão sobre a
Bacia Hidrográfica do São Francisco e Pauta de Discussão sobre o Desenvolvimento
Sustentável do Semi-Árido Brasileiro.

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