As representações sociais acerca de GAY entre estudantes da periferia do Rio de Janeiro

AutorLuciano Luz Gonzaga - Andrea Velloso da Silveira Praça - Denise Rocha Corrêa Lannes
CargoDoutorando em Química Biológica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - Doutora em Educação,Gestão e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - Doutora em Educação, Gestão e Difusão em Biociências, pelo Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Páginas162-182
1807-1384.2014v11n2p162
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Adaptada.
AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ACERCA DO GAY ENTRE ESTUDANTES DA
PERIFERIA DO RIO DE JANEIRO
Luciano Luz Gonzaga
1
Andrea Velloso da Silveira Praça2
Denise Rocha Corrêa Lannes3
Resumo
O objetivo deste artigo foi identificar as Representações Sociais acerca de ‘gay’
entre estudantes do Ensino Médio Regular, em uma escola pública da Baixada
Fluminense, no Estado do Rio de Janeiro, segundo a orientação sexual e sexo. Foi
aplicada uma questão de associação livre de palavras a partir da palavra indutora
GAY”, bem como uma questão aberta sobre O QUE VOCÊ PENSA DA UNIÃO
HOMOAFETIVA”. Nossos dados demonstraram uma crença conflitante e indefinida
acerca do ser GAY em ambos os sexos, assim como discursos coletivos sobre a
união homoafetiva de pleno aceite pelas meninas e de homofobia familiar pelos
meninos.
Palavras-chave: Gay. Representações Sociais. Homofobia. Heterossexismo.
Preconceito.
1 HOMOSSEXUALIDADE, HOMOFOBIA E UNIÃO HOMOAFETIVA: CONVERSA
DE ESCOLA?
De acordo com Fazano, Ribeiro e Prado (2011, p. 66), “A homofobia se
caracteriza por sentimentos de ódio, aversão e desprezo contra as representações
sexuais que fogem ao modelo heterossexual” intensificando, assim, o preconceito
contra homossexuais.
1 Doutorando em Química Biológica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bolsista CNPq.
Mestre em Química Biológica pelo Instituto de Bioquímica Médica, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: gonzaga-luciano@ig.com.br
2 Doutora em Educação,Gestão e Difusão em Biociências pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Professora da Universidade do Grande Rio, Coordenadora do Mestrado Profissional em
Ensino de Ciências. Chefe do Laboratório de prática docente em Educação, Saúde e Meio Ambiente
da Universidade do Grande Rio, Duque de Caxias, RJ, Brasil. E-mail: avellosobr@yahoo.com.br
3 Doutora em Educação, Gestão e Difusão em Biociências, pelo Instituto de Bioquímica Médica da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora do Instituto de Bioquímica Médica onde é
coordenadora da pós-graduação Lato Sensu: Especialização em Ensino de Ciências e da pós-
graduaçãoe Stricto Sensu: Mestrado Profissional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: lannes@bioqmed.ufrj.br
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R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.11, n.2, p.162-182, Jul-Dez. 2014
Segundo os autores (Op.cit, p. 66), a escola não colabora para a
desconstrução da homofobia, ao contrário, corrobora com o modelo heterocêntrico:
A escola não é um espaço de expressão da sexualidade, pelo contrário. Ela
restringe o comportamento, vigia e exerce um controle sobre as atitudes dos
alunos. É tão hostil às manifestações das diferenças culturais quanto às
relacionadas às expressões de sex ualidade. Constrói e coloca em
funcionamento mecanismos de controle social com o intuito de normalizar
condutas e comportamentos. Dessa maneira, no que se refere às
manifestações de sexualidade que não atendem ao modelo heterocêntrico,
a instituição escolar pode colaborar para a construção e legitimação da
homofobia.
Para Koehler (2009), os debates em torno da homossexualidade nas escolas
são fundamentais para a “socialização e a humanização” e, portanto, “possibilitar a
compreensão dos diferentes tipos de relações sociais” (p. 590). No entanto, diante
dessa premissa, nos surge uma premente pergunta: as escolas, através dos seus
respectivos professores, estão preparadas para esta conversa?
Conforme Maistro (2006, p.06), cabe às escolas um planejamento e ações
pedagógicas sistemáticas. “Não se trata de palestras [...], mas sim de um canal
permanentemente aberto para que as questões sobre a sexualidade possam ser
discutidas com crianças e adolescentes, de maneira séria, clara e ampla”. No
entanto, para a socióloga Berenice Bento, os professores não são e não estão
preparados para essa discussão e as escolas, por sua vez, se apresentam “como
uma instituição incapaz de lidar com a diferença e a pluralidade, funciona como uma
das principais instituições guardiãs das normas de gênero e produtora da
heterossexualidade” (2011, p555, grifo nosso).
É bem verdade que nos últimos anos têm-se percebido uma maior
visibilidade em torno do tema homossexualidade (JUNQUEIRA, 2009), seja na mídia
impressa ou televisiva, principalmente no que tange ao questionamento da união
homoafetiva e da adoção de crianças, causando calorosos debates na sociedade.
Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) considere a união homoafetiva
como regime jurídico de união estável, existe uma distância entre o que diz a Lei e o
que de fato as pessoas pensam e agem sobre o tema. Exemplos sobre essa
questão são a dificuldade de adoção de crianças por famílias homoparentais
(SANTOS, SCORSOLINI-COMIN, SANTOS, 2013); o número expressivo de
assassinatos por homofobia, colocando o Brasil em primeiro lugar no Ranking desse
tipo de crime (PEREIRA et al, 2013) e o “heteroterrorismo” nas escolas, culminando

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