Ciência da Informação, Biblioteconomia, Arquivologia e Museologia: relações teóricas e institucionais

AutorCarlos Alberto Ávila Araújo
Páginas110-130
Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.110-130, 2011. 110
CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO, BIBLIOTECONOMIA, ARQUIVOLOGIA E
MUSEOLOGIA: RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E TEÓRICAS
INFORMATION SCIENCE, LIBRARY SCIENCE, ARCHIVAL SCIENCE AND
MUSEOLOGY: INSTITUTIONAL AND THEORETICAL RELATIONS
Carlos Alberto Ávila Araújo
UFMG
casalavila@yahoo.com.br
Resumo
Discute-se as relações entre a Ciência da Informação e os campos da Biblioteconomia,
Arquivologia e Museologia, a partir de dois critérios: as questões de legitimação institucional
e as relações teórico-científicas. Destaca-se a característica interdisciplinar da Ciência da
Informação e a informação científica como elementos capazes de potencializar a integração
destes três campos.
Palavras-chave: Ciência da Informação; Biblioteconomia; Arquivologia; Museologia.
1 INTRODUÇÃO
As ideias apresentadas neste texto fazem parte de um projeto de pesquisa intitulado “Ciência
da Informação como campo integrador para as áreas de Biblioteconomia, Arquivologia e
Museologia”. Uma das etapas realizadas neste projeto foi o mapeamento da evolução histórica
dos referidos campos, de forma a se evidenciar como se deram as relações institucionais e
teóricas entre eles. Tal trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e documental.
Neste texto, são apresentados alguns dos resultados deste trabalho, articulados por meio de
duas discussões específicas: a natureza interdisciplinar da Ciência da Informação (CI) e o
conceito de informação como potencialidades para fazer dela um campo agregador das
tradições e conhecimentos acumulados das áreas de Biblioteconomia, Arquivologia e
Museologia.
Neste texto, procurou-se consolidar, numa linha argumentativa única, uma compreensão de
como se deram, histórica e teoricamente, as relações entre os campos de conhecimento da CI
com a Biblioteconomia, a Arquivologia e a Museologia, passando ainda pelas questões
suscitadas pela Documentação. Para discutir essas relações, foram considerados dois planos
de interação entre essas áreas: de um lado, histórico-institucional, relacionado com os espaços
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DOI 10.5007/1518-2924.2011v16n31p110
Enc. Bibli: R. Eletr. Bibliotecon. Ci. Inf., ISSN 1518-2924, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.110-130, 2011. 111
e infraestrutura de realização destes campos (periódicos, associações científicas, cursos
universitários, entre outros); de outro, o plano teórico-epistemológico, relacionado às teorias,
reflexões e conceitos desenvolvidos no escopo destas áreas.
2 A ORIGEM DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
É razoavelmente consensual se identificar a origem da expressão “ciência da informação”
com algumas atividades realizadas por certos cientistas, primeiro na Inglaterra e depois nos
Estados Unidos, nas primeiras décadas do século XX (FEATHER; STURGES, 2003). Nesta
época, vários cientistas, das mais diversas áreas (como, por exemplo, Química e Física),
começaram a manifestar certas dificuldades em encontrar informação para o desenvolvimento
de seus trabalhos nas instituições e serviços tradicionais (bibliotecas, arquivos e museus).
Motivados por esta necessidade, alguns deles resolveram não mais se dedicar ao seu campo
original de atuação, desenvolvendo pesquisas nas suas disciplinas científicas. Eles passaram a
realizar um trabalho de buscar, condensar, organizar e disseminar a informação científica
produzida em suas áreas, para subsidiar o trabalho de pesquisa de seus pares. Em alguns
poucos anos, estes cientistas começaram a se autodenominar “cientistas da informação”,
sendo que quem primeiro descreveu dessa forma seu trabalho foi Chris Hanson, da The
Association for Special Libraries and Information Bureau (Aslib), em 1956 (FEATHER;
STURGES, 2003).
Embora houvesse alguma sobreposição entre o trabalho destes “cientistas da informação” e o
trabalho de outros profissionais (notadamente os bibliotecários e os documentalistas), desde
cedo, manifestou-se o interesse em estabelecer distinções. Os “cientistas da informação”
definiram que trabalhavam com todos os tipos de serviços e sistemas de informação, pois
estavam mais preocupados em satisfazer as necessidades de informação dos demais cientistas
do que em conduzir algum t ipo de instituição (uma biblioteca, por exemplo) ou guardar,
preservar ou organizar documentos. Essa primeira caracterização terá, alguns anos depois,
forte impacto na própria definição de CI.
Passado algum tempo, o número de “cientistas da informação” foi aumentando em tal medida
que estes cientistas resolveram se organizar. Primeiro, em torno de um evento, a Royal
Society’s Scientif ic Information Conference, em 1948. Depois, em torno de uma instituição,
fundando na Inglaterra o Institut of Information Scientists (1958), e, no mesmo ano,
organizando um evento internacional - a famosa International Conference on Scientific

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