Aproximações entre a filosofia da história de benjamin constant e o ceticismo de david hume

AutorGabriel Afonso Campos
Páginas118-127
APROXIMAÇÕES ENTRE A FILOSOFIA DA HISTÓRIA
DE BENJAMIN CONSTANT E O CETICISMO DE DAVID
HUME
Gabriel Afonso Campos1
1. INTRODUÇÃO
Ao leitor da Filosofia moderna, saltará aos olhos a semelhança
das construções teóricas de Benjamin Constant com aquelas
defendidas pelos autores da ilustração escocesa e é esta relação,
especificamente a partir da obra de David Hume, que este trabalho
explorará. Assim, procurarei relacionar os desenvolvimentos de
Constant acerca de uma Filosofia da História com o Ceticismo de
Hume.
Constant ingressa na Universidade de Edimburgo em julho 1783
e lá permanece até abril de 1785 e tem contato, portanto, com o
iluminismo escocês. As informações desse período são escassas ou
estão perdidas. É provável que tenha tido contato com as teorias
dos economistas escoceses e, embora seja difícil modular a
influências daqueles sobre o francês, é provável que seu interesse e
apreço pelas sociedades comerciais tenham sido influenciados por
nomes como Hume, Smith e Stewart, inobstante a possibilidade de
que tenha apreendido essas mesmas ideias mediante outros
autores franceses, como Turgot e Voltaire2. Além disso, uma visão
progressiva da História e da humanidade, através de estágios
evolutivos, em direção a maiores liberdade e igualdade também
pode ter sida retirada, por Constant, de autores escoceses como o
próprio Hume, Smith e Ferguson3. Por outro lado, o pensamento
escocês de uma forma geral também exerceu influência sobre a
Europa continental, sobretudo entre os anos de 1760 e 18404. No
caso específico da França, Hume (que a visitou em 1763) e suas
ideias foram bem recepcionados, exceto nos assuntos que diziam
respeito à religião. Entretanto, seus escritos sobre moral, política e
história eram apreciados nos salões franceses no fim do século
XVIII e no início do XIX5.

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