Apresentação

AutorJosé Roberto Fernandes Castilho
Páginas13-16

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O mundo – tal como o vemos após o holocausto dos dinossauros e o advento do homem sobre a face da terra – pode ser analisado sob três dimensões: do acaso, da natureza e do artifício.

As forças do acaso são representadas por seres insensíveis, como os estelares ou planetários, constituídas, no mais das vezes, pelos quatro elementos (terra, ar, água e fogo). Essas forças foram responsáveis pela formação do universo e, provavelmente, serão responsáveis pela sua destruição em futuro que torcemos para não ser próximo.

Por sua vez, as forças da natureza são formadas por seres sensíveis, como os vegetais e os animais, que habitam o mundo há miríades de anos. É o efeito natural que explica, por exemplo, como a grama cresce e, por isso, A. Lalande, em seu Vocabulário técnico e crítico da filosofia, dá como sentido fundamental da palavra natureza a seguinte definição: “princípio considerado como produtor do desenvolvimento do ser”.

De todo modo, no reino da natureza, há consenso no considerar o homem como o seu mais lídimo representante. De fato, sobre fazer parte integrante e inseparável da natureza, o homem é responsável direto pelo advento da terceira força que permeia nosso mundo e que chamamos artifício.

Por isso, quando nos debruçamos extasiados diante da beleza de uma paisagem marinha, de onde podemos surpreender o mar quebrando docemente na praia, ornamentada por coqueiros, gaivotas e pescadores cuidando de suas embarcações e redes de pesca, não podemos nos deslembrar

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que ali estão agregadas todas as dimensões do nosso plane-ta: as forças do acaso, da natureza e do artifício.

De todo modo, se é inegável que o homem surgiu no mundo para ocupar o vértice da escala dos seres telúricos, desgraçadamente, conserva em sua essência um imprevisível poder de intervenção nos domínios do acaso e da natureza.

As cidades, tal como as vemos, em nossos dias, é o exemplo mais acabado da intervenção do homem nos domínios do acaso e da natureza. Bem observadas, em qualquer tempo ou sítio onde ocorram, constituem a mais cabal demonstração da exacerbação do artifício engendrado pelo homem.

De fato, quando contemplo uma cidade, quase sempre a vejo despida de seres insensíveis, pertencentes ao reino do acaso. Da mesma sorte, ao mesmo tempo que se tornam cada vez mais escassos os espécimes do mundo natural, como as árvores, plantas e jardins, a cidade prodigaliza a exibição dos seres artificiais, desvelando ruas, praças, monumentos, bem como, um...

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