Apostolado social na Amazônia

AutorCláudio Perani
Páginas57-59
APOSTOLADO SOCIAL NA AMAZÔNIA
CLÁUDIO PERANI *
É gritante a situação da maioria do povo que vive na Amazônia, sofrendo tanto
– uns de miséria e fome, outros de opressão, de repressão e de discriminação
(ética-cultural). O modelo neoliberal revelou sua incapacidade de melhorar a
situação; ao contrário, consegue aumentar sempre mais o abismo entre uma
elite rica e a maioria da população explorada. Aparece com sempre maior
clareza a necessidade de lutar por uma sociedade nova, diferente da atual. O
que exige um esforço eminentemente político, pessoal e atual.
A Igreja, além dos ministérios tradicionais, sempre trabalhou na educação
social, inspirando-se no seu ensinamento social. Na conjuntura atual parece
necessário investir mais numa educação política dos setores populares. Hoje,
as forças dinâmicas da mudança são representadas pelos setores populares,
ajudados por aqueles – intelectuais e políticos – que se colocam a seu serviço,
sabendo reconhecer e valorizar a sabedoria e as iniciativas populares. Esses
setores são considerados, em muitos documentos eclesiais, “sujeitos” e
“atores” da história. A Igreja fez a “opção pelos pobres”, o que significa
acompanhar e favorecer suas lutas e prestar sua colaboração para que se
mude a estrutura da atual sociedade, sempre respeitando o objetivo próprio da
Igreja. Parece chegada a hora para um investimento novo e mais criativo, que
abra caminhos novos.
Colocar-se ao serviço dos setores populares para uma formação política
significa “romper” com apostolados tradicionais: paróquias, sacramentos,
catequese, exercícios espirituais, promoção social, formação e assessoria
teológico-política... São atividades importantíssimas e que, evidentemente,
devem continuar, pois estão dando frutos também na perspectiva de uma
mudança da sociedade. Quando falamos de “romper” não significa abandonar
tais atividades, mas introduzir novas formas que permitam maior abertura a
todos os setores mais dinâmicos da sociedade e uma maior eficácia no serviço
que a Igreja deve prestar para uma mudança das atuais estruturas sócio-
políticas.
A nova educação exige mergulhar mais no contexto político atual, que tem sua
cultura, seus valores, suas ideologias e organizações, como também seus
próprios desafios e suas contradições. É um mundo que se alimenta de uma
literatura específica, que não é teológica, mas econômica, sociológica, política,
antropológica e cultural, que poderíamos chamar de “profana”.
Exige, também, abrir-se para os setores da sociedade mais dinâmicos e
desejosos de uma mudança, como também para uma colaboração macro-
ecumênica com todos aqueles que estão interessados em pensar e realizar
uma sociedade nova.
Para preparar atores políticos em vista de uma mudança, devemos utilizar
essas fontes seculares, procurando um enfoque ético, com a colaboração das

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