Análise da estrutura a termo das taxas de juros em países América Latina entre 2006 a 2014

AutorFelipe Stona - Jean Amann - Maurício Delago Morais - Divanildo Triches - Igor Clemente Morais
CargoUniversidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil - Universidade do Vale do Rio dos Sinos ...
Rev. Bras. Finanças (Online), Rio de Janeiro, Vol. 13, No. 4, October 2015, pp. 650690
ISSN 1679-0731, ISSN online 1984-5146
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Análise da estrutura a termo das taxas de
juros em países América Latina entre
2006 a 2014
(Analysis of term structure of interest rates in Latin America
countries from 2006 to 2014)
Filipe Stona *
Jean Amann **
Maurício Delago Morais ***
Divanildo Triches#
Igor Alexandre Clemente Morais ##
Resumo
Este artigo tem como objetivo investigar a relação entre a estrutura a termo dos
juros e fatores macroeconômicos para países da América Latina. São utilizados
dados do Brasil, Chile e México, entre 2006 e 2014, estimados os modelos
Nelson-Siegel, Diebold-Li e análise de componente principal. As estimações
testam como a mudança nos níveis de i nflação, produto e desemprego afetam as
curvas de juros com vetor auto-regressivo e análise de componente principal.
Para o Brasil e o México, os fatores PIB e inflação são relevantes para alterar as
curvas de juros, com o primeiro alterando mais o deslocamento do nível, e a
segunda exercendo maior influência na inclinação da cur va de juros. Para o
Submetido em 23 de setembro de 2015. Reformulado em 11 de dezembro de 2015.
Aceito em 17 de dezembro de 2015. Publicado on-line em 25 de janeiro de 2016. O artigo
foi avaliado segundo o processo de d uplo anonimato além de ser avaliado pelo editor.
Editor responsável: Márcio Laurini.
* Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) , Porto Alegre, RS, Brasil. E-
mail: fstona@live.com.
** Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil.
E-mail: jean.amann@gmail.com.
*** Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil.
E-mail: mauricio.moraes@coats.com.
# Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS) , Porto Alegre, RS, Brasil. E-
mail: divanildot@unisinos.br
## Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), Porto Alegre, RS, Brasil.
E-mail: igoracmorais@gmail.com.br
Análise da estrutura a termo das taxas de juros em países América Latina entre 2006 a 2014
Revista Brasileira de Finanças (Online), Rio de Janeiro, Vol. 13, N. 4, October 2015 651
Chile, a inflação teve maior impacto sobre o nível e, especificamente para o
México, a variável desemprego também alterou a inclinação da curva de juros.
Palavras-chave: Taxa de juros. Estrutura a termo. Nelson-Siegel. Diebold-Li.
Análise de Componente Principal.
Códigos JEL: E43; E44; C58.
Abstract
This article aims to investigate the relationship between the term structure of
interest rates and macroeconomic factors in selected countries of Latin America,
such as Brazil, Chile and Mexico, between 2006 and 2014, on an autoregressive
vector model. Specifically, we perform estimations of Nelson-Siegel, Diabold-Li
and principal component analysis to test how the change of macroecono mic
factors, e.g. inflation, production and une mployment levels affect the yield
curves. For Brazil and Mexico, GDP and inflation variables are relevant to
change the yield curves, with the former shifting more the level, and the latter
with greater influence on the slope. For Chile, inflation had the greatest impact
on the leve l and, specifically for Mexico, the unemployment variable also
changed the slope of the yield curve.
Keywords: Interest rates. Term structure. Nelson-Siegel. Diebold-Li. Principal
component analysis.
1. Introdução
A estrutura a termo das taxas de juros é caracterizada pela relação
entre as taxas de juro de curto e de longo prazo, incorporando
expectativas reais do mercado quanto ao nível futuro de atividade da
economia e o nível das taxas de inflação. Assim, movimentos nos
retornos de curto prazo provocam alterações variadas e incertas nos
retornos de longo prazo.
1
Em outras palavras, se o nível da atividade
econômica for relacionado com a taxa de juros real, e se as expectativas
de inflação forem adequadamente antecipadas, então a taxa de juros
futura deveria conter informações sobre os movimentos dos preços, além
de informações destas atividades futuras.
Uma das principais teorias para explicar a estrutura a termo das taxas
de juros é a das expectativas. Nesse caso, os juros de longo prazo são
formados a partir de uma média das taxas de juros de curto prazo
1
Ver Campbell (1995), Pinheiro et al. (2011), Cox et al. (1985) e Estrella e Mishkin
(1997)
Stona, F., Amann, J., Morais, M. Triches, D., Morais, I.
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esperadas, mais um prêmio de risco invariante no tempo (LIMA;
ISSLER, 2003). A hipótese divide-se em duas categorias: expectativas
puras e teoria da liquidez. A primeira assume a não existência de fatores
sistemáticos, implicando que a taxa de juros futura será, expressamente, a
taxa de juros esperada. A segunda considera a existência de riscos
associados aos ativos financeiros no que se refere às incertezas sobre o
retorno, de modo que a taxa de longo prazo seria determinada pela
expectativa e pelo prêmio de liquidez.
2
Nessa concepção teórica, as expectativas e a trajetória futura da taxa
de juros de longo prazo estão condicionadas à extensão do impacto na
mudança da taxa de juros de curto prazo. Portanto, mudanças, conduzidas
via política monetária, podem gerar expectativas de uma taxa de juros
futura de longo prazo mais baixa, e vice-versa. Logo, a reação da política
monetária aos choques que mantêm constantes tais expectativas não têm
efeito sobre a taxa de juros de longo prazo. Quando essa mudança
monetária não é antecipada, pode alterar as expectativas que, por sua vez,
causam variações na taxa e na curva de juros de longo prazo.
A dinâmica existente da estrutura a termo das taxas de juros com
variáveis macroeconômicas tem sido um objeto de vários estudos. Para
efeito ilustrativo, Ang e Piazzesi (2003) mostraram que mais de 80% da
variação futura do rendimento dos títulos com maturidade no curto prazo
dependem de fatores macroeconômicos, como nível de atividade
econômica e taxas de inflação. Pela perspectiva financeira, Sekkel e
Alves (2005) mostram que os choques de política monetária explicam
uma parcela significativa da variabilidade da estrutura a termo, além dos
choques macroeconômicos. Shousha (2008) e Bernz (2014) avaliaram a
relação da estrutura termo para a economia brasileira. As variáveis
macroeconômicas também determinam o movimento e o formato da
curva de juros, de acordo com os achados de Morales (2010) e Ceballos
(2014) para economia chilena, e de Cortés Espada e Ramos-Francia
(2008) e Cortés Espada e Ramos-Francia (2009) para o México. Ceballos
(2014) examinou qual o impacto de anúncios nacionais e internacionais,
relativos com a macroeconomia, sobre a curva de juros do Chile.
Nesse contexto, o objetivo deste estudo é investigar a relação
existente entre a estrutura a termos dos juros e fatores macroeconômicos
entre 2006 a 2014. A partir de variáveis como níveis de inflação, produto
2
Para maior detalhamento sobre esse tema, vejam Campbell (1995), Lima e Issler (2003),
Nelson e Siegel (1987), Triches e Caldart (2005).

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