Utopia/atopia - alma ata, saúde pública e o 'Cazaquistão'

AutorLuis David Castiel
CargoPesquisador em Saúde Pública do Depto. de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz ? Rio de Janeiro
Páginas62-83
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2012v9n2p62
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Luis David Castiel2
Resumo:
Este ensaio faz uma análise das propostas da Declaração de Alma Ata, adotada na
Conferência Internacional em Saúde Primária cerca de 35 anos depois do evento
ocorrido na então capital do Cazaquistão em setembro de 1978. O foco escolhido
para este estudo trata da dimensão utópica da tese dos cuidados primários em
saúde e faz uma sintética avaliação sobre os rumos tomados pela proposta original.
De um ponto de vista crítico, faz-se uma incursão pela sátira contida no filme “Borat -
O Segundo Melhor Repórter do Glorioso País Cazaquistão Viaja à América” ,
sobretudo através da ideia de “atopia” suscitada pelos aspectos biopolíticos
imunitários das aventuras do referido personagem um suposto repórter do
Cazaquistão que viaja para trabalhar nos Estados Unidos da América.
Palavras-chave: Declaração de Alma Ata. Cuidados Primários em Saúde.
Conferência Internacional em Saúde Primária. Biopolítica. Estudos Sociais da
Ciência.
Abstract:
This paper carry out an analysis of the Declaration of Alma Ata that was adopted at
the International Conference on Primary Health Care in the former capital of
Kazakhstan in September 1978. The chosen focus for this study concerns the
utopical dimension of the theses of primary health care and it performs a brief
assessment of the course taken by the original proposal. As a critical standpoint, it is
used the satirical movie ‘Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit
Glorious Nation of Kazakhstan’, especially by means of the idea of “atopy”,
suggested by the biopolitical immune aspects of the adventures of the
forementionjed character a fake reporter from Kazakhstan that travels to work in
the United States of America.
1 Uma versão anterior deste texto foi publicada em Castiel, LD, Sanz-Valero, J, Vasconcellos-Silva,
PR. Das Loucuras da razão ao sexo dos anjos. Biopolítica/Hiperprevenção/Produtividade científica.
Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2011 e está autorizada pela Ed. Fiocruz a ser reproduzida nesta
publicação.
2 Pesquisador em Saúde Pública do Depto. de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da
Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz Rio de Janeiro. E-mail para contato:
luis.castiel@ensp.fiocruz.br
Esta obra f oi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não
Adaptada.
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Keywords: Declaration of Alma Ata. Primary Health Care. International Conference
on Primary Health Care. Biopolitics. Social Studies of Science.
Resumen:
Este ensayo hace un análisis de la Declaración de Alma Ata que fue adoptada en la
Conferencia Internacional sobre Cuidados Primarios en Salud en la antigua capital
del Kazajstan en Septiembre de 1978. El foco elegido para este estudio se dirige a la
dimensión utópica de las tesis de los cuidados en salud primaria y desarrolla una
sintética evaluación acerca de los rumbos asumidos por la propuesta original. Bajo
un punto de vista crítico, se hace una incursión por la película satírica “Borat:
lecciones culturales de América para beneficio de la gloriosa nación de Kazajstán”,
especialmente por medio de la idea de “atopía”, sugerida por los aspectos
biopolíticos inmunitarios del mencionado personaje un falso reportero del
Kazajstan que se desplaza para trabajar en Estados Unidos de América.
Palabras-clave: Declaración de Alma Ata. Cuidados Primarios en Salud.
Conferencia Internacional en Salud Primaria. Biopolítica. Estudios Sociales de
Ciencia.
Nós, pesquisadores que procuramos nos orientar pelos cânones racionais e
científicos, temos, entre tantas, uma particular questão: a de fazer balanços
periódicos dos efeitos das ações tomadas ao longo do tempo. Claro está que, em
função da preocupação de tentar prever, planejar e projetar o futuro, esta avaliação
se torna imperiosa. Logicamente, é preciso pesquisar avaliativamente o passado
para tentar adequar as ações presentes para tentar moldar o futuro.
Curiosamente, as ocasiões para esses balanços costumam coincidir com
certas durações de tempo, tal como é convencionado pelas datações cronológicas
inventadas pela humanidade. Em geral, fins de períodos costumam ser usados
preferencialmente para esta finalidade, sem uma explicação maior que não seja a da
conveniência organizativa promovida pelas datações sejam finais de meses, de
anos, de décadas, de séculos. Por alguma razão, cincos e zeros exercem um
fascínio especial. Há uma predileção a se utilizar periodizações relativas a períodos
de cinco e dez anos como marcos de passagem de tempo que merecem avaliações
retrospectivas e comemorações (se for o caso).
Pois bem, cerca de três décadas e meia depois de um marco na história da
saúde pública, temos oportunidade de aproveitar a ocasião para fazermos uma
reflexão sobre algumas questões diante do que se passou no campo da saúde (mas
não apenas) nesse período de tempo, justamente em uma época que se caracteriza
não só por grandes mudanças, mas também pela rapidez com que elas ocorrem.

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