A Agroindústria no Sistema de Ensino Técnico-Universitário

AutorJefferson Alves da Costa Júnior
Páginas311-325

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Introdução

A função do ensino é formar e qualificar o indivíduo ao exercício da cidadania por meio de conhecimentos científicos universais que são transferidos pelos professores aos estudantes pelo uso de metodologias e técnicas adotadas nas escolas e academias que visam o despertar dos potenciais humanos, a fim de que o indivíduo "formado" se torne de fato um ser social - no sentido lato da palavra - dotado de competências e habilidades que o capacita a interagir beneficamente com a sociedade e, dessa forma, torna-se um partícipe ativo altamente qualificado em pensamentos, ideias, técnicas e disposições morais que direcionam suas ações ao desenvolvimento social, econômico e tecnológico de maneira ecossustentável.

Não obstante, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) baliza o desenvolvimento das nações por meio do desenvolvimento do próprio homem. Nessa visão humanística o homem não é apenas o instrumento, mas o meio e o próprio fim do desenvolvimento.

Nesse sentido, a United Nations Education, Scientific and Cultural Organization (UNESCO), no final do século XX, definiu quatro princípios que devem nortear o ensino, a educação para o desenvolvimento humano de maneira universal, conforme descritos a seguir:

a) Aprender a Conhecer. Consiste no princípio de despertar o desejo no ser humano de aprender a ciência, por meio de técnicas que promovam o conhecimento

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das capacidades do próprio indivíduo e de suas relações com o universo que o cerca.

b) Aprender a Fazer. Parte da premissa que aquele que aprendeu tem competência para fazer mais e melhor e, ainda, de superar desafios.

c) Aprender a Conviver. Consiste em desenvolver a compreensão, a tolerância, o respeito às outras pessoas, por maiores que sejam as diferenças entre elas: físicas, sociais, étnicas, culturais e econômicas. Com esse objetivo alcançado é possível entender as relações sociais e as dependências existentes entre todos, as quais são tão necessárias para manter a sociedade funcional e pacífica.

d) Aprender a Ser. Sem dúvida esse princípio denota uma tarefa das mais árduas, mas não impossível. Metaforicamente, a educação seria um sistema de infraestrutura transmutacional, como um casulo no qual a lagarta - esse ser repugnante na forma de larva - adentra e se recolhe para dar início a grande metamorfose de sua vida: virar borboleta... Deixa-se, assim, o plano da vida terrena tão cheia de perigos, incertezas, necessidades primárias para abrir suas asas sobre nós e ganhar o sol da liberdade. Aprender a ser é o tipo de trabalho que promove o desenvolvimento do pensamento científico pelo despertar da consciência perceptiva. Neste nível de pensamento a consciência se torna críticamente construtiva, é o primeiro passo para libertar o ser do seu EGO elevando seus pensamentos para ações coletivas (sociais) e, assim, gerar trabalhos que assegurem um futuro benéfico às próximas gerações; ao contrário dos níveis primários: "ingênua e mágica", tão comuns em povos que labutam para garantir o nível de sobrevivência a qualquer preço.

Sem dúvida a Educação é um caminho metamórfico para o homem conhecer a si mesmo: o corpo, a mente e o espírito; desenvolver suas habilidades e capacidades, conhecer o outro e o universo que o cerca para interagir harmoniosamente com ambos num padrão de eterno respeito e, quiçá, amor.

No Brasil, em conformidade ao artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil, a educação é considerada um direito de todos e um dever do Estado e da família que deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Nesse sentido, os professores das instituições de ensino têm a responsabilidade de contribuir positivamente na formação dos futuros agentes de transformação social por meio do repasse do conhecimento (gnosis) com a máxima qualidade e fidedignidade científica. Não obstante, os mestres da educação também devem influir na lapidação da personalidade e caráter dos propedêuticos do saber pela transmissão de valores concernentes à boa ética, à moral e às virtudes. Tais valores são de fundamental importância na

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formação humana uma vez que instituem na pessoa o senso de cidadania e, consequentemente, direcionam ao desenvolvimento das sociedades e nações na construção de um futuro próspero, harmônico e civilizado.

Nesse opúsculo, fêz-se uma análise específica referente aos cursos de formação profissional na área de agroindústria do Sistema de Ensino Acadêmico (3º Grau). Destaca-se este Sistema de Ensino devido a sua relevância na formação pessoal e profissional, pois envolve não apenas a bagagem de conteúdos na profissionalização como, principalmente, os aspectos que propiciam o desenvolvimento da consciência científica e do pensamento crítico construtivo no ser humano.

Registra-se, desde já, que o conhecimento exclusivamente na forma teórica não tem se mostrado suficiente para gerar o desenvolvimento das sociedades, uma vez que não é possível sustentar a vida biológica apenas com o desenvolvimento da psiquê, do espírito e do pensamento. Para a vida, é necessário manter ativa as formas de produção de alimentos tanto nos setores primários como industriais, portanto, é preciso aplicar os conhecimentos teóricos - adquiridos nas instituições de ensino - nas atividades do dia-a-dia, promovendo aos alunos o aprendizado prático (aprender a fazer). Nesse sentido, destaca-se a frase imortal do filósofo alemão que viveu nos séculos XVIII e XIX, Johann Wolfgang von Goethe: "de nada adianta todo o Conhecimento do mundo se não houver a práxis".

A agroindústria no sistema de ensino técnico-universitário

As Universidades têm - na figura do professor - a responsabilidade de transmitir os conceitos, teorias, teoremas, Leis com fidedignidade aos alunos que ingressam nas Academias de Ciências, que são o espaço físico propenso para o desenvolvimento do pensamento científico e, portanto, mais elevado, pois permite que o propedêutico raciocine de maneira a compreender a origem dos fenômenos, suas causas e suas consequências.

Tal pensamento permite ao acadêmico formado interagir com o meio (ambiente), trabalhar as energias universais, seus estados físicos materiais e suas transformações com o objetivo de extrair do ambiente as formas necessárias à manutenção da vida biológica da espécie humana de maneira sustentável.

Possibilita, ainda, a promoção do Desenvolvimento Científico e Tecnológico que assegura um padrão de vida humana com saúde e conforto, como por exemplo: a descoberta do antibiótico em 1928 por Alexander Fleming e o desenvolvimento da química farmacêutica; os progressos da medicina, da agropecuária, da indústria de alimentos e da construção civil; a geração e o aproveitamento da energia elétrica, a criação da televisão, de carros e aviões, da telefonia celular, da Internet, do fogão, do colchão de molas, do chuveiro elétrico, de geladeiras, máquinas de lavar roupas... Um tipo de vida

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que talvez a nossa querida Lucy (Australopithecus afarensis) já desejasse há cerca de 3,5 milhões de anos atrás.

Inicialmente, durante o período da vida universitária, o conhecimento é transmitido amplamente em teoria de maneira interdisciplinar e, portanto, sem o saber de fazer, uma vez que a sabedoria advém da práxis e suas inter-relações. Por meio do desenvolvimento teórico que é adquirido ao longo dos semestres na universidade, surgirá um tempo em que o aprendiz necessitará realizar aulas práticas em laboratórios de excelente infra-estrutura tecnológica, bem como realizar atividades de campo e nas indústrias a fim de aplicar na prática o conhecimento científico que foi aprendido nas salas de aula, sedimentá-lo, adquirindo como consequência o "saber fazer".

O ensino superior em cursos de formação tecnológica, como os Cursos Superiores em Tecnologia Agropecuária, incluindo suas...

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