Abusos da liberdade
Autor | Wladimir Novaes Martinez |
Ocupação do Autor | Advogado especialista em Direito Previdenciário |
Páginas | 146-147 |
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"Oh! Liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome!" disse Manon Roland.
Em toda a história da humanidade foi assim e, pelo jeito, será no porvir: o homem sempre em ávida busca de volta à liberdade que desfrutava no tempo das cavernas e podia perambular nas suas cercanias à cata de alimentos, aventuras ou dos belos devaneios que lhe eram permitidos.
Uma existência comum com seus coirmãos, entretanto sofreou-lhe a disposição física natural de fazer o que desejasse, diminuindo sua enorme aptidão para viver sem compromissos. Tudo bem; ele cambiou tais pretensões compensado pelos atributos que viver em grupo lhe propiciava.
Certo dia, o cerceamento da liberdade, um processo natural da convivência social, logo foi apreendido por alguém muito esperto: poderia pavimentar a estrada de um domínio de outro homem.
Conquistar, dominar e escravizar sempre fez parte de quase todas as civilizações: do passado, e as ainda em andamento e, sob outras coloraturas, é uma prática universal muito bem disfarçada por condutas inconfessáveis.
O homem se tornou o lobo do homem; mas o predador não seria tão livre assim; ele precisará enjaular o dominado.
Os poderosos não perceberam a diferença entre possuir e, em seguida, submeter. Em Roma, inventaram a tese de que o trabalho era indigno para um tribuno. Etimologicamente seria uma tortura.
Para os notáveis eram reservadas iguarias das conquistas militares, as corridas de bigas, as disputas políticas, a bela oratória no Senado e as saturnálias recheadas de vinho e prostitutas bem lindas. Ao serviçal sem títulos enorme privilégio: de servir noite e dia os patrões.
A presença leviatânica do Estado delagrou tamanho desconforto aos privados da liberdade, que, coitados e açoitados, às vezes apenas queriam caminhar sozinhos e ir nadar pelados num regato próximo.
Iniciou-se certo processo árduo no afã de liberdade e lentamente, pouco a pouco, a duras penas, caminhada e caminhada avançou ao longo dos séculos e boa parte do utilizado para algumas vitórias foi o instrumental jurídico.
Historicamente, Charta Magna Libertatum foi um grande momento; e a Queda da Bastilha é outro.
Com a Revolução Francesa concebeu-se em teoria o direito à liberdade e, com ela, o início sem humilhação do im dessa novel perspectiva.
Ah! Liberté, egualité e fraternité! Como poder conciliar conceitos tão conlitantes entre si com capacidade intrínseca de se destruírem?
Pior que o...
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