A Volatilidade do Fluxo de Capital para Economias Emergentes

AutorKatia Rocha - Ajax Moreira
CargoIPEA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil - IPEA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
A Volatilidade do Fluxo de Capital para
Economias Emergentes
(Volatility of Capital Flows to Emerging Economies)
Katia Rocha*
Ajax Moreira**
Resumo
O artigo prop˜oe um modelo de painel para os determinantes da volatilidade do
fluxo de capital para um grupo de 18 eco nomias emergentes no per´ıodo de 2000-
2011. Avaliamos a robustez do modelo em relac¸˜ao a diferentes medidas d e volati-
lidade e a v´arios tipos de fluxo de entrada de capital; e enfatizamos o papel do de-
senvolvimento do sistema financeiro dom´estico e da qualid ade institucional do go-
verno. Os emergentes analisados representavam em Jan eiro de 2013 aproximada-
mente 95% do ´ındice EMBIG, al´em de constitu´ırem as maiores economias emer-
gente para destino do fluxo de capital intern acional segundo relat´orio do Banco de
Compensac¸ ˜oes Internacionais – BIS (2009 ).Os principais resultados sugerem uma
reduc¸˜ao da volatilidade do fluxo de capital mediante adoc¸˜ao de pol´ıticas voltadas
para melhorias na qualidade institucional do governo e que promovam o desen-
volvimento, estabilidade e eficiˆencia do sistema finan ceirod om´estico.
Palavras-chave:fluxo de capital; mercados emergentes; qualidade institucional
do governo; desenvolvimento do sistema financeiro dom´estico.
C´
odigos JEL: F21; F36; G38; C23.
Abstract
The paper proposes a panel model to the deter minants of capital flow volatility to
a group of 18 emerging market economies (EME) in the period of 2000 to 2011.
It studies the robustness of the model regarding different volatility measures; anal-
yses several types of gross capital inflow; focusing the role of government insti-
tutional quality and the development of domestic financial system (banks, insur-
ance companies, and capital markets – stocks, bonds and derivatives). The EME
analyzed represented roughly 95% of the Emerging Markets Bond Index Global
Submetido em 14 de maio de 2013. Reformulado em 5 de setembro de 2013. Aceito
em 12 de setembro de 2013. Publicado on-line em 4 de novembro de 2013. O artigo foi
avaliado segundo o processo de duplo anonimato al´em de ser avaliado pelo editor. Editor
respons´avel: Ricardo P. C. Leal. Os autores agradecem aos coment´arios e sugest˜oes de um
parecerista anˆonimo da Revista Brasileira de Financ¸as.
*IPEA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: katia.rocha@ipea.gov.br
**IPEA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: ajax.moreira@ipea.gov.br
Rev. Bras. Financ¸as (Online), Rio de Janeiro, Vol.11, No. 3,September 2013, pp. 421–448
ISSN 1679-0731, ISSN online 1984-5146
c
2013 Sociedade Brasileira de Financ¸as, under a Creative Commons Attr ibution3.0 license -
http://creativecommons.org/licenses/by/3.0
Rocha, K., Moreira, A.
– EMBIG in January 2013, being the biggest destination to international capital
flow to EME according to the report of the Bank for International Settlements –
BIS (2009). The main conclusion suggests that a reduction of capital flow volatility
can be achieved by the adoption o f policies that improve government institutional
quality and promote development, stability and efficiency of the domestic financial
system.
Keywords:capital flow; emerging markets; institutional quality of the government;
development of domestic financial system.
1. Introduc¸˜
ao
Recentemente, o debate sobre os fluxos de capital para as economias
emergentes retornou a pauta dos gestores de pol´ıticas p ´ublicas trazendo
diversos desafios relacionados ao gerenciamento da pol´ıtica macroeconˆo-
mica, e na melhor forma de se apropriar dos benef´ıcios relacionados `a en-
trada do fluxo de capital, limitando os riscos de instabilidade financeira
e do ambiente macroeconˆomico. Essa conjuntura tem sido motivada por
preocupac¸ ˜oes quanto ao aquecimento econˆomico, competividade externa,
estabilidade financeira e custo de esterilizac¸˜ao da acumulac¸˜ao de reservas
internacionais e `a pol´ıtica monet´aria expansiva adotada nas economias de-
senvolvidas entre outros.
Segundo relat´orio do Institute of International Finance - IIF (2013), o
fluxo de capital para as economias emergentes atingir´a US$ 1,118 e US$
1,15 trilh˜oes de d´olares respectivamente em 2013 e 2014. Essa entrada
deve-se principalmente `as condic¸˜oes favor´aveis estimadas para o cresci-
mento nas economias emergente (5% em relac¸˜ao `a perspectiva de 1% de
crescimento nas economias desenvolvidas), `a sustentabilidade fiscal das
economias emergentes, `a melhoria dos ratings soberanos dos emergentes, `a
alta liquidez internacional provocada pelos baixos juros das economias de-
senvolvidas, a diminuic¸˜ao da avers˜ao ao risco internacional e ao alto dife-
rencial de taxas de juros entreas economias emergentes e desenvolvidas.
Na literatura de fluxo de capital, muitos estudos j´a abordaram quest˜oes
sobre os determinantes globais e locais (push and pull effects) do fluxo
de capital para economias emergentes. Dentre os trabalhos seminais nesta
linha de pesquisa destacam-se Fern´andez-Arias (1996), Calvo et al. (1993,
1996), Eichengreen & Mody (1998), Ferrucci et al. (2004). Entre os traba-
lhos recentes, ap´os a crise das hipotecas americanas em 2008, destacam-se
BIS (2009), Fratzscher (2011), Forbes & Warnock (2011), Milesi-Ferretti
& Tille (2011). Dentre os resultados comuns temos a ˆenfase dos fatores
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