Determinantes de adesão ao Índice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA e sua relação com o valor da empresa

AutorLélis Pedro Andrade - Aureliano Angel Bressan - Robert Aldo Iquiapaza - Bruno César de Melo Moreira
CargoUniversidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Minas Gerais, Brasil - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Minas Gerais, Brasil - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Minas Gerais, Brasil - Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Minas Gerais, Brasil
Determinantes de Ades˜
ao ao ´
Indice de
Sustentabilidade Empresarial da
BM&FBOVESPA e sua Relac¸ ˜
ao com o
Valor da E m p r e s a
(Determinants of the Inclusion in the BM&FBOVESPAC orporate
Sustainability Index and its Relationship with Firm Value)
L´
elis Pedro Andrade*
Aure lia no A nge l Bre ss an* *
Robert Aldo Iquiapaza***
Bruno C´
esar de Melo Moreira****
Resumo
Este artigo foi realizado com o objetivo de identificar vari ´aveis que se apresentam
como determinantes de ades˜ao de empresas brasileiras ao ´
Indice de Sustentabi-
lidade Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA, e se tal ades˜ao apresenta relac¸˜ao
com o valor de mercado das empresas. Foram coletados dados anuais das em-
presas, no per´ıodo de 2006 a 2011. A metodologia compreendeuaaplicac¸˜aode
diferentes m´etodos, tais como a an´alise de regress˜oes do tipo logit e de dados
em painel. Os resultados obtidos demonstraram que as empresas que t ˆem maior
tamanho, maior rentabilidade e s ˜ao de setores consideradosdealtoimpactoambi-
ental, possuem maior probab ilidade de aderirem ao ISE. Quando se analisou se a
ades˜ao ao ISE possui relac¸˜ao com as m´etricas de valor da empresa, os resultados
ao rejeitaram a hip´otese de relac¸˜ao positiva,por´em, foram encontrados ind´ıcios
de relac¸˜ao negativa no per´ıodo p´os-crise financeira de 2008.
Submetido em 30 de outubrode 2012. Reformuladoem 30 de marc¸ode2013. Aceito
em 17 de maio de 2013. Publicado on-line em 1 de julho de 2013. O artigo foi avaliado se-
gundo o processo de duplo anonimato al ´em de ser avaliado peloeditor.Editorrespons´avel:
Ricardo P. C. Leal
*Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Minas Gerais, Brasil. E-mail:
lelis.pedro@ifmg.edu.br
**Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Minas Gerai s,Brasil. E-mail:
bressan@face.ufmg.br
***Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Minas Gerais, Br asil. E-mail:
riquiapaza@gmail.com
****Instituto Federal de Minas Gerais - IFMG, Minas Gerais Brasil.
E-mail: bruno.melo@ifmg.edu.br
Rev. Bras. Financ¸as (Online ),Rio deJaneiro, Vol. 11, No. 2, June 2013, pp. 181–213
ISSN 1679-0731, ISSN online 1984-5146
c
!2013 Sociedade Brasileira de Financ¸as, under a Creative Commons Attribution 3.0 license -
http://creativecommons.org/licenses/ by/3.0
Andrade, L., Bressan, A., Iquiapaza, R., Moreira, B.
Palav ras- chave :´
Indice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); valor de mercado
da empresa; crise financeira.
C´
odigos JEL: G3; C33; C35.
Abstract
The aim of this study was to identify the variables that influence the firms inclu-
sion in the BM&FBOVESPA Corporate Sustainability Index (CSI), and if such
membership is correlated with the firm market value in the Brazilian market. We
collected annual data of firms f or the period 2006 to 2011 . The methodology in-
cluded the use of regression analysis methods such as logit and panel data models.
The results showed that companies that have joined the ISE have characteristics
distinct from those who did not opt for membership. Firms withlargersize,higher
profitability and sectors considered of high environmental impact are more likely
to be classified in the ISE. When examined whether inclusion intheCSIhasrela-
tion with firm value, the results did not reject the hy pothesisofpositive relation-
ship, however, we found eviden ce of a negative relationship in the post-2008 crisis
period.
Keywor ds:Corporate Sust ainability Index (CSI); firm value ; financial crisis.
1. Introduc¸ ˜
ao
Asustentabilidadeempresarial(SE)vemsendoconsideradaum investi-
mento ou uma estrat´egia de neg ´ocio que compreende a adoc¸ ˜ao de m elhores
pr´aticas de gest˜ao que v˜ao ao encontro das necessidades atuais e futuras dos
stakeholders.
Os investimentos em SE vˆem sendo cada vez mais debatidos entre
acadˆem icos, administradores e demais interessados na empresa, originando
quest˜oes que ainda n ˜ao foram respondidas de forma conclusiva. A este
respeito, cabe destacar a existˆencia de um conflito de argumentos entre os
benef´ıcios alcanc¸ ados com os investimentos em sustentabilidade empre-
sarial. Por um lado, existe o argumento de que a atividade de neg ´oci os
tem uma dimens˜ao ´etica, que vai al´em da dimens˜ao econ ˆomica e da le-
gal. Por´em, conforme dest acaram Machado Filho & Zylbersztajn (2004),
ao existe consenso sobre anatureza desta dimenao e sobrequemdevese
responsabilizar por ela.
182 Rev. Bras. Financ¸as (Online), Rio deJaneiro, Vol. 11,No. 2,June2013
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Determinantes de Ades˜ao ao ´
Indice de Sustentabilidade Empresarial da BM&FBOVESPA
Assim, um grupo de acadˆemicos defende a teoria dos shareholders,que
argumenta que as decis˜oes dos administradores devem estar vol tadas un ica-
mente para incrementar a riqueza dos propriet´arios das empresas, enquanto
outro grupo defende, com base em uma vis˜ao mais ampla, a dos stakehold-
ers,formalizadaporFreeman(1984),queosgestorestˆemdeveres a serem
cumpridos com diversos grupos, clientes, fornecedores, empregados, co-
munidade, e n˜ao apenas com os propriet´arios, pois todos eles s˜ao afetados
pelas decis˜oes tomadas na empresa.
Um dos principais trabalhos que formalizaram o aparente conflito en-
tre essas teorias foi o de Jensen (2001) que argumenta que o objetivo das
decis˜oes tomadas em uma empresa deve ser maximiz ar o valor para o acio-
nista e, dessa forma, os demai s stakeholders tamb´em ter ˜ao seus objetivos
atendidos. Mesmo sendo um defensor da teoria dos shareholders,Jensen
(2001) afirma que a teoria apresenta suas limitac¸ ˜oes e que ´eimposs´ıvel
maximizar o valor da empresa, no longo prazo, se os gestores ignorarem ou
prejudicarem algum outro agente envolvido com ela.
No Brasil, os incentivos `as pr´aticas de sustentabilidade empresarial
foram reforc¸ ados em 2005 e tiveram como um dos principais ´org˜aos f o-
mentadores a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de S˜ao Paulo
(BM&FBOVESPA). Embora com incentivos de diferentes ´org˜aos, ainda
ao h´a um consenso, em func¸˜ao de haver poucas evidˆenciassobrequais
os determinantes de SE no Brasil, se investidores valorizam as empresas
classificadas como refer ˆencia em SE.
Assim, assume-se que foram dois os objetivos deste artigo: o primeiro
foi identificar quais s˜ao as caracter´ısticas que se apresentam como deter-
minantes de ades˜ao de empresas brasileiras ao ´
Indice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) da BM&FBOVESPA. O segundo consistiu em verificar
se existe relac¸ ˜ao entre a ades ˜ao ao ISE e o valor das empresas.
Trabal hos rece ntes co ntribu´ıram com a discu ss˜ao s obre o tema, como
os de Barnett (2005), Lee (2006), Lo & Sheu (2007), Artiach et al. (2010).
No Brasil, Borba (2005), Cavalcante et al. (2007), Rossi Junior (2009),
Nossa et al. (2009), Nunes et al. (2010), Boaventura et al. (2012), An-
drade et al. (2012), Freguete & Funchal (2012) destacaram a dificuldade de
encontrar evidˆencias convergentes sobre os fatores que influenciam as em-
presas em aderirem a pr ´aticas de sust entabilidade empresarial, e a relac¸ ˜ao
destas pr´aticas com o valor de mercado das empresas.
Aprincipalcontribuic¸˜aodestetrabalhofoiaidenticac¸˜ao de ind´ıcios de
que a crise financeira sugere alterac¸ ˜ao da natureza da rela ˜a o e n t r e a d e s ˜a o
!
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