Tipologia textual

AutorChristiano Abelardo Fagundes Freitas
Ocupação do AutorAdvogado
Páginas40-50

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Existem três tipos de redação: a descrição, a narração e a dissertação. É necessário, inicialmente, estabelecermos a diferença entre esses tipos de texto, para, depois, procedermos à análise da tipologia textual de uma petição inicial.

4.1. Descrição

A Descrição é o tipo de redação em que são destacadas as características de um objeto, de uma pessoa, de uma paisagem, de um ambiente.

Descrever é representar, por meio das palavras, uma coisa, uma pessoa, uma cena (por exemplo, de um acidente automobilístico) etc.

A descrição pode ser objetiva ou subjetiva. A descrição objetiva busca a precisão informativa, isto é, informa exatamente aquilo que todos percebem. É também chamada de sensorial, aquela para a qual utilizamos os cinco sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. A descrição subjetiva, também chamada de extrassensorial, procura mostrar o que pensamos sobre o objeto ou sobre a pessoa descritos.

DICA DO PROFESSOR:

A presença de adjetivos e de locução adjetiva é um traço característico do texto descritivo. A letra da música Cariocas, de autoria de Adriana Calcanhoto, é exemplo desse tipo de texto. A seguir, a letra:

“Cariocas são bonitos

Cariocas são bacanas

Cariocas são sacanas

Cariocas são dourados

Cariocas são modernos

Cariocas são espertos

Cariocas são diretos

Cariocas não gostam de dias nublados

Cariocas nascem bambas

Cariocas nascem craques

Cariocas têm sotaque

Cariocas são alegres

Cariocas são atentos

Cariocas são tão sexys

Cariocas são tão claros

Cariocas não gostam de sinal fechado”

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Em uma Reclamação trabalhista, em que o empregado pleiteia o recebimento do adicional de insalubridade ou de periculosidade, por exemplo, é necessário descrever, na petição, o local, o ambiente de trabalho, pois terá influência na decisão do magistrado.

4.2. Narração

A Narração é a espécie de texto na qual informamos a ocorrência de um ou de vários fatos, ressaltando o tempo, o lugar e os atores, isto é, os personagens envolvidos.

Narrar é contar uma história, um acontecimento. A testemunha, que deve reproduzir para o juiz o fato presenciado, deve ser fiel em seu depoimento.

Os personagens e o enredo são os elementos essenciais do texto narrativo. Os personagens são aqueles que viveram (ou vivem) a história narrada; o enredo é justamente o encadeamento de ações.

Sem narrador, não existe narração. O narrador pode ser onisciente, aquele que não participa da história como personagem (narrador de terceira pessoa), mas tem domínio de tudo o que acontece, ou personagem-narrador por ser participante da história, revela-nos a sua versão dos fatos (narrador de primeira pessoa).

Toda petição inicial (ação de alimentos, de divórcio, de separação, de regulamentação de visitas, de reparação por danos morais e/ou materiais, de despejo etc.) necessita da narração dos fatos, pois é um dos requisitos legais, exigidos pelo art. 319, do Código de Processo Civil.

O juiz conhece a lei (principalmente a federal), mas, para aplicá-la ao caso concreto, é imprescindível a exposição dos fatos.

O fator tempo é muito importante nas relações jurídicas, em virtude do instituto da prescrição, pois o Direito não “socorre os que dormem”.

Quando termina um contrato de emprego, por exemplo, o empregado tem o prazo de DOIS anos para ajuizar a reclamação trabalhista, podendo pleitear as verbas dos últimos cincos anos, contados do ajuizamento da ação, sob pena de ter decretada a prescrição, à luz do art. 7º, inc. XXIX, da CRFB/88.

Por oportuno, registraremos o conceito de Prescrição. Verbis:

“A prescrição, numa concepção jurídica moderna, pode ser entendida como a perda de ver reconhecido, em juízo, um direito e não a perda de ação, pois o Judiciário poderá ser acionado a qualquer instante pelo titular do direito.” (FREITAS, Christiano Abelardo Fagundes; PAIVA, Léa Cristina Barboza da Silva. Empregado doméstico — direitos e deveres. São Paulo: Método, 2006)

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DICA DO PROFESSOR:

O texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação. Os versos abaixo, extraídos da música “De repente, Califórnia”, de autoria de Lulu Santos, são repletos de verbos que indicam ação.
“(...) O vento beija meus cabelos
As ondas lambem minhas pernas
O sol abraça o meu corpo
Meu coração canta feliz”

O poema abaixo, de minha autoria, intitulado “E agora, Pedrinho”, também se classifica como narrativo.
“E AGORA, PEDRINHO?
o Sítio do Picapau Amarelo acabou,
o pique-esconde se escondeu,
o pique-bandeira se encobriu,
o boneco de pano mofou,
o jogo de varetas e o de queimada deram adeus,
a liga da justiça foi para o museu
o balão mágico foi para as nuvens
a bola de gude e o pião, você não jogou
o ioiô e as garrafinhas da Coca-Cola, você não os colecionou
o Super Mouse, seu amigo? O mouse deletou.
e agora, Pedrinho?
e agora, você?
a obesidade chegou,
a glicose subiu,
o colesterol aumentou,
você não chuta a bola,
só faz gol pelo computador
e agora, Pedrinho?
será que ter é mais importante que ser?
pesquisa em grupo é pagar mico?
a “bola” da vez é ctrl c + ctrl v
sinistro: seus pais empurram tanta luta para você.”

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4.3. Dissertação

A Dissertação é a modalidade de texto na qual são apresentadas ideias devidamente estruturadas em argumentos que as ratifiquem. Um texto dissertativo é tripartite, pois possui a seguinte estrutura: introdução + desenvolvimento + conclusão.

Existem a dissertação expositiva e a argumentativa, bem como a objetiva e a subjetiva.

A dissertação expositiva, como o...

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