Judicialização da política e ativismo judicial: a abertura do processo interpretativo da constituição como mecanismo de democratização da jurisdição constitucional e de participação no tratamento de conflitos

AutorTássia Aparecida Gervasoni - Mônia Clarissa Hennig Leal
CargoPós-Doutora em Direito pela Ruprecht-Karls Universität Heidelberg, na Alemanha - Doutoranda em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos-UNISINOS
Páginas1-12
JUDICIALIZAÇÃO DA POLÍTICA E ATIVISMO JUDICIAL: A ABERTURA DO PROCESSO
INTERPRETATIVO DA CONSTITUIÇÃO COMO MECANISMO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL E DE PARTICIPAÇÃO NO TRATAMENTO DE CONFLITOS
JUDICIALIZATION OF POLITICS AND JUDICIAL ACTIVISM: THE OPENING OF THE INTERPRETIVE
PROCESS OF THE CONSTITUTION AS JUDICIAL REVIEWS DEMOCRATIZATION AND PARTICIPATION
IN CONFLICT DEALING INSTRUMENT
Mônia Clarissa Hennig Leal1
Tássia Aparecida Gervasoni2
"[...] não é possível a prática da democracia sem uma organização judiciária independente e
capaz de atuar com eficiência na salva guarda dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Assim, também, é comum atribuir-se um papel fundamental ao Poder Judiciário na
preservação do Estado de Direito, como e xpressão de democracia, para garantir que os
governos atuem dentro dos limites constitucio nais e respeitem os procedimentos
estabelecidos segundo formalidades democráticas . Há, portanto, uma estreita ligação entre
democracia e Judiciário [...]”
(Dalmo de Abreu Dallari. O poder dos juízes)
Resumo: A compreensão do Estado, dos direitos fundamentais e da Constituição co munga uma história evolutiva cujos as pectos convergem,
na perspectiva da jurisdição constitucional, para dois importantes fenômenos: a judicialização da política e o ativismo judicial. Trata-se de
duas pos turas que s e atribuem à forma de atuação dos Tribunais Constitucio nais e que guardam relação direta com as repercuss ões des sa
atuação na vida e na organização política do Estado, sur gindo dúvidas acerca da sua legitimidade pa ra tanto por tratar-se o processo de
interpretação constitucional pelas Cortes, em geral, de um processo fechado. Na tentativa de amenizar essas críticas apresenta-se a teoria da
sociedade aberta dos intérpretes da Constituição de Peter Häberle, que defe nde, em apertada síntese, o alargamento do círculo de intérpretes
da Constituição, isto é, a abertura do process o interpretativo-co nstitucional, co mo forma de democrati zação da jurisdição c onstitucional.
Com efeito, o trabalho objetiva abordar esses elementos para, principalmente, trazer à discussão a teoria mencionada como uma possibilidade
de democratização da jurisdição (e de alívio às críticas ao protagonis mo), apresentando-se u m novo horizonte quanto a esse aspecto,
inclusivo e participativo. Qua nto à metodologia, adota-se como método de abordagem o dedutivo, como método de procedimento o histórico
e como técnica de pesquisa a documentação indireta.
Palavras-chave: judicialização da política, ativismo judicial, jurisdição constitucional, democratização.
Abstract: Understanding t he state of fundamental rights and the Constitution which shares an evolutionary history aspe cts converge in view
of the constitutional jurisdiction to two i mportant phenomena: the judicialization o f politics and judicial a ctivism. These are two positions
that are attributed to the f orm of performance of constitutional co urts and that are directly related with the implications of suc h actions in the
life and political organization of t he State, rising doubts about the le gitimacy to do so because it is the process of constitutional interpretation
by the courts, in general, a closed process. In an atte mpt to mitigate these criticisms pres ents the theory of the open society of interpreters of
the Constitution of Peter Häberle, which argues, i n brief summary, extending the circle of interpreters of the Constitution, ie the opening the
constitutional-interpretative process as a way of democratization of constitutional jurisdiction. Indeed, this paper aims to address all these
elements primarily to bring to discussion the theory mentioned as a possibility of democratizing of t he jurisdiction (and rel ief to the critical
role), presenting a new horizon in t his regard , inclusive a nd participatory. Regarding the methodology, adopted as the method of deductive
approach. The method of procedure used is the historical and, as a research technique uses the indirect documentat ion.
Keywords: judicialization of politics, judicial activism, judicial review, democratization.
Considerações iniciais
A evolução do Estado até a sua conformação atual guarda íntima relação co m a crescente preocupação
com as questões envolvendo a proteção e a realização dos direitos fundamentais, bem co mo a compreensão da
Constituição em cada período distinto dessa evolução e, assim, também, da própria função confiada ao seu
guardião: a jurisdição constitucional.
Hodiernamente, já não se pode negar que a jurisdição constitucional ocupa um espaço privilegiado e
inédito de atuação, viabilizado, sobretudo, pela disseminação da ideia de supremacia da C onstituição e da
necessidade de concretização do seu texto, cada vez mais a contemplar direitos e garantias aos cidadãos.
Desse contexto emergem dois importantes fenômenos: a chamada judicialização da política e o ativismo
judicial, que, embora nem sempre diferenciados, possue m causas e e feitos bastante distintos. Trata-se de duas
posturas que se atribuem à forma de atuação dos Tribunais Constitucionais e que guardam relação direta com as
repercussões dessa atuação na vida e na organização política do Estado.
1 Pós-Doutora em Direito pela Ruprecht-Karls Universität Heidelberg, na Alemanha. Doutora em Di reito pela Universidade do Vale do Rio
dos Sinos Unisinos, com pesquisa realizada junto à Ruprecht-Karls Universität Heidelberg, na Alemanha. Profes sora do Programa de Pós -
Graduação em Direito Mestrado e Doutorado da Universidade de Santa Cruz do Sul UNISC. Coordenadora do Grupo de Pesquisa
“Jurisdição Constitucional aberta”, vi nculado ao CNPq. Bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq. Coordenadora adjunta do Programa
de Pós-Graduação em Direito Mestrado e Doutorado da Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC. E-mail: moniah@unisc.br.
2 Doutoranda em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNISINOS. Mestre e Graduada em Direito pela Universidade de
Santa Cruz do Sul UNISC. Professora de Direito Constitucional na Faculdade de Direito de Santa Maria FAD ISMA. Professora na
Universidade da Região da Campanha - URCAMP. Advogada. E-mail: tassiaag@yahoo.com.br.

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