Sobre o Ressentimento dos Argentinos

AutorHector Ricardo Leis
CargoO autor é doutor em filosofia e professor do Departamento de Sociologia e Ciência Política da Universidade Federal de Santa Catarina. Seu último livro publicado foi La Modernidad Insustentable: Las Críticas del Ambientalismo a la Sociedad Contemporánea (México: Ed. Nordan, 2001)
Páginas1-18
Coordenação:
Dr. Héctor Ricardo Leis
Vice-Coordenação:
Dr. Selvino J. Assmann
Secretaria:
Liana Bergmann
Editores Assistentes:
Doutoranda Brena Magno Fernandez
Doutoranda Sandra Makowiecky
Linha de Pesquisa
A Condição Humana na Modernidade
HÉCTOR RICARDO LEIS
Sobre o Ressentimento dos Argentinos
Nº 30 - Novembro 2002
Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas
A coleção destina-se à divulgação de textos em discussão no PPGICH. A circulação é
limitada, sendo proibida a reprodução da íntegra ou parte do texto sem o prévio
consentimento do autor e do programa.
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Sobre o ressentimento dos argentinos*
Héctor Ricardo Leis**
Resumo:
Sob a ótica do fenômeno de ressentimento, em associação íntima com os temas de
reconhecimento, memória e esquecimento, é possível encontrar novas pistas para pensar a
dinâmica histórico-social profunda da sociedade moderna. Partindo dum esquema
conceitual baseado em Nietzsche, Elias e Arendt, em diálogo com autores como Walzer,
Rawls e Taylor, entre outros, procurar-se-á construir uma crítica não essencialista ao
igualitarismo que o vincule com o ressentimento. Basicamente, se argumenta aqui que a
idéia de igualdade se perverte na sua extensão do campo político para o social, onde passará
a ser aceita irrealisticamente como “natural”. Nesse processo se gera um desejo de
igualdade impossível de ser satisfeito que deriva em sentimentos negativos como a
frustração e o ressentimento. Nesta perspectiva, já no contexto argentino, o ressentimento
será apresentado como uma resultante da intensidade do desafio do populismo igualitarista
aos processos de modernização em curso no país desde a metade do século XIX. Será
sugerida a hipótese que esse ressentimento trará conseqüências negativas para a
governabilidade, diretamente proporcionais ao elevado grau do confronto gerado pelo
populismo. A decadência Argentina no século XX estará associada, portanto, à emergência
do peronismo nos anos 40 e a sua tentativa relativamente bem sucedida de substituir o
estado e a mentalidade liberal em formação por elementos novos de fundo populista. Para
apresentar melhor o caso argentino se fará também uma rápida comparação com o caso
brasileiro. Concluindo, em contraste com as demandas de exacerbação mítica da memória
atualmente em voga na Argentina (e lembrando à figura de Joaquim Nabuco), se sugerirá a
busca da reconciliação e o esquecimento reflexivo.
Palavras-chave: Ressentimento; Memória; Populismo; Argentina.
_____________
* Este paper foi apresentado no I Seminário Internacional Regional de Estudos
Interdisciplinares: CONDIÇÃO HUMANA E MODERNIDADE NO CONE SUL DE
AMÉRICA LATINA, organizado pelo Laboratório de Estudos Transdisciplinares do
Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, na Universidade
Federal de Santa Catarina (Campus Universitário, Florianópolis, 19-22 de junho de 2002).
Agradeço aos participantes do seminário pelos comentários recebidos; em particular, sou
grato a Eduardo Viola, Myrian Sepúlveda dos Santos, Luciano Florit, Sergio Costa e
Ricardo Forster. Naturalmente, nenhum deles pode ser responsabilizado pelo resultado
final.
** O autor é doutor em filosofia e professor do Departamento de Sociologia e Ciência
Política da Universidade Federal de Santa Catarina. Seu último livro publicado foi La
Modernidad Insustentable: Las Críticas del Ambientalismo a la Sociedad Contemporánea
(México: Ed. Nordan, 2001) hector.leis@brturbo.com.
NI OLVIDO, NI PERDÓN: PAREDÓN !
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