Que se Respeitem Crianças e Jovens

AutorMário Frota
CargoDiretor do Conselho Editorial
Páginas9-10

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A publicidade infanto-juvenil constitui dos temas, a um tempo, mais instigantes e mais instantes da sociedade contemporânea.

A sociedade de pós-consumo – que nos submerge – elege, no domínio da comunicação comercial, as crianças e os jovens como alvo preferencial das temerárias ações que sobre um tal universo desencadeia.

A autêntica hipervulnerabilidade de grupos tão desvalidos imporia peculiares cuidados das comunidades organizadas em vista de uma esfera reforçada de proteção ante as arremetidas da publicidade e do marketing e de outros meios que tendem a enredá-los numa teia extraordinariamente bem urdida, a fim de lograrem os seus perversos objetivos.

Não se ignore que, na Europa, cerca de 40% dos orçamentos domésticos são afetados às exigências de crianças e jovens, como que “tocados” pela publicidade que sabe bem a quem e como dirigir as suas insidiosas mensagens. No Brasil, segundo dados fidedignos do Instituto Alana, as classes médias vêm explodir tais percentagens para a casa dos 80%.

Não é coisa de somenos, por conseguinte, e não é inocente tanto a publicidade que se dirige como a que envolve as crianças e jovens.

O Conselho Económico e Social Europeu, pela mão do conselheiro Jorge Pegado Liz, consumerista emérito, assessorado por Paulo Morais, pedagogo que se vem ocupando de domínios tais, apresentou recentemente à Comissão Europeia um relatório de iniciativa de que se respigam os seguintes excertos (editados por brevidade):

A publicidade que se serve abusivamente de crianças, para finalidades que nada têm a ver com assuntos que diretamente lhes respeitem, ofende a dignidade humana e atenta contra a sua integridade física e mental – e deve ser banida.
A publicidade dirigida a crianças comporta riscos agravados consoante os grupos etários, com consequências danosas para a sua saúde física, psíquica e moral, destacando-se, como particularmente graves, o incitamento ao consumo excessivo conducente ao endividamento e o consumo de produtos alimentares ou outros que se revelam nocivos ou perigosos para a saúde.
Certa publicidade, pelos seus conteúdos particularmente violentos, racistas, xenófobos, eróticos ou pornográficos, afeta, por vezes irreversivelmente, a formação

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física, psíquica, moral e cívica das crianças, conduzindo a comportamentos violentos e à erotização precoce.
Deve ser posta uma ênfase especial na capacitação, informação e formação das crianças desde a mais...

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