Programa de desenvolvimento de equipe (PDE): intervenção de mudança

AutorLourdes Sgarabotto Scola
CargoPsicóloga; Especialista em Psicologia Organizacional
1 Introdução

As organizações atuais necessitam, cada vez mais, de inovação, rapidez, criatividade, habilidade de relacionamento e de comunicação, competência técnica e poder de negociação, sendo que poderíamos prolongar a lista com muitas outras características. Para atender a essas exigências do mercado, seria necessária uma pessoa superdotada, mas o tipo mais encontrado pelas empresas é o normal. Como fazer frente a esse novo contexto? Para isso, nas duas últimas décadas o mundo começou criou a "moda" do trabalho em equipe. Na realidade, não é moda, mas um modo de gestão, sendo "uma importante estratégia de negócios no ambiente competitivo de hoje" (PARKER, 1995, p. 4).

As pessoas possuem algumas habilidades por meio das quais se sobressaem. Assim, é preciso que essas características sejam compartilhadas, buscando uma atuação harmônica e complementar, cujo alvo seja comum ao grupo. A eficácia dessa ferramenta dependerá do trabalho da equipe.

Uma equipe possui identidade própria, forma de funcionamento, forças impulsoras e restritivas. Assim, é necessário que, além de conhecer as características e o estilo de cada membro, ela se conheça como um todo, a fim de aproveitar ao máximo sua capacidade, multiplicando os resultados. Dessa forma, uma equipe é muito mais do que apenas a soma das habilidades dos seus participantes. Para que ela seja eficaz, são fundamentais o autoconhecimento, a aquisição de habilidades e a disposição para o desenvolvimento. Nesse aspecto, Moscovici (1994, p. 86) destaca que "quando uma equipe se torna mais lúcida a respeito de sua própria forma de agir, passa a ver realmente o contexto em que opera".

É dentro desse enfoque que o Programa de Desenvolvimento de Equipe se enquadra e, por isso, ele tem sido uma das formas de intervenção utilizadas para efetuar mudanças organizacionais por meio da maior efetividade das equipes. Entretanto, em que medida o Programa de Desenvolvimento de Equipe proporciona mudanças e impacta na efetividade do grupo de trabalho? Essas modificações permanecem após 10 meses da realização do PDE? Como estão sendo efetivadas? Tais questões nortearam a pesquisa realizada para verificar o impacto do PDE nos grupos.

Os resultados advindos do conjunto das três aplicações da escala de efetividade da equipe forneceram conclusões interessantes a respeito do impacto do PDE na efetividade da equipe; da ocorrência de mudanças e da permanência ou não destas após 10 meses da realização do programa.

2 Revisão teórica

Nas últimas décadas o mundo tem vivenciado uma nova ordem: a mudança. As transformações estão ocorrendo em todas as áreas e de maneira cada vez mais rápida, intensa e profunda. São exemplos dessas mudanças as passagens: de estruturas organizacionais hierárquicas para niveladas; de tarefas simples para atividades multidimensionais e complexas; do trabalho individual para o de equipe; de mercado local para global; de fronteiras industriais claras para incertas; e de estabilidade para volatilidade.

As empresas precisam fazer frente a essas mudanças, que são globais. Conforme Katzenbach e Smith (2001, p. 185), "a magnitude e o ritmo das mudanças são consideravelmente mais assustadores hoje do que jamais foram antes, os líderes em todas as organizações valorizam ainda mais as equipes, pois elas são o elemento básico para o desempenho diante de um cenário de mudanças profundas".

O PDE é uma forma de intervenção planejada que busca auxiliar as instituições a fazer frente às mudanças e promover as transformações necessárias. Segundo os autores citados, esse tipo de programa pode ser uma intervenção valiosa, contanto que seja adaptado ao desafio de desempenho da equipe e realizado de acordo com os fundamentos e o funcionamento de cada equipe.

Há muitas outras razões para que as empresas optem por trabalhar em equipe. Margerison e McCann (1996) ressaltam destacam aspectos como melhor qualidade e produtividade, custos operacionais reduzidos, atendimento às necessidades dos colaboradores no que se refere à maior participação na tomada de decisão, autonomia, motivação e nível mais alto de realização pessoal e profissional. Robbins e Finley (1997) acrescentam que equipes realizam tarefas que grupos comuns não podem fazer, além de serem mais criativas e eficientes na resolução de problemas.

A prática profissional confirma os aspectos anteriores, bem como traz a observação de que o trabalho em equipe proporciona maior flexibilidade e agilidade da empresa, maior rapidez de resposta à mudança tecnológica, maior assunção de responsabilidades, forte comprometimento com resultados, visão sistêmica, menos resistência para mudanças e comunicação mais efetiva.

Dessa forma, o conceito de equipe está cada vez mais consolidado. Conforme Muchielli (1980, p. 12),

[...] a etimologia da palavra equipe viria do francês antigo, esquif, que designava uma fila de barcos amarrados uns aos outros e puxados por homens ou cavalos. Seja devido à imagem dos barqueiros puxando a mesma corda ou à imagem dos barcos amarrados, o fato é que se falou em equipe de trabalhadores para realizar uma obra em comum e, mais tarde, em equipe de esportistas para ganhar uma partida. Há, nessa palavra, um vínculo, um objetivo comum, uma organização, uma vitória a ser alcançada em conjunto.

O autor também acrescenta que o termo equipe vem do francês equipage, que significa tripulação. Assim, equipe referese a um conjunto de pessoas que têm...

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