Marketing em consultoria

AutorDino Carlos Mocsányi
Páginas79-135
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MARKETING EM CONSULTORIA
POR QUE SE CONTRATAM CONSULTORES?
Existem muitas razões diferentes pelas quais se contratam ser-
viços de consultores. Acredito, com base na experiência de muitos pro-
ssionais com os quais mantenho contato e olhando para minha própria
vivência, que as principais são as listadas a seguir. Pense nelas quando
planejar seu marketing pessoal e vendas, para ser procurado pelo tipo de
envolvimento com o qual se identica melhor e com seu estilo pessoal:
Projetos de curta duração – Depois da reengenharia, do downsi-
zing, da readequação da economia à globalização e estabilidade econômi-
ca no Brasil, do redesenho de processos e tantas outras mudanças, as em-
presas chegaram a quadros de pessoal extremamente enxutos. Restaram
menos prossionais para dar conta da rotina diária e dos assuntos extras
que surgem, constante e inevitavelmente. O consultor pode ser contratado
para realizar trabalhos que os funcionários xos não conseguem fazer.
É comum, entre colegas de trabalho das empresas, ouvir-se
que “nesta semana só apagamos incêndios”, ou que “a semana aca-
bou e não conseguimos fazer nada do que havíamos planejado”... O
excesso de trabalho do dia-a-dia não tem permitido, ao pessoal inter-
no, desenvolver e realizar trabalhos fora da rotina diária ou projetos
especiais, imprescindíveis para o desenvolvimento, modernização e
crescimento das organizações.
Nestes casos, a contratação temporária de um consultor pode
ser uma opção vantajosa para a empresa. Ele não participa da rotina
diária e será pago para dedicar seu tempo integralmente ao projeto e
enquanto durarem os gargalos de trabalho.
Especialista – A visão de especialista também é um motivo
para contratação de serviços do consultor. Às vezes, a organização
tem um problema especíco, não há ninguém na empresa que enten-
da em profundidade daquele assunto e ela não quer agregar mais um
prossional ao seu quadro xo de pessoal.
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Por isso contrata um consultor. Nesse caso, é muito impor-
tante a visão de especialista, e não a de generalista. É o que ocorre
quando procuramos um médico. Tanto podemos estar precisando de
um clínico geral, um generalista, quanto um especialista em endocri-
nologia, por exemplo.
Ponto de vista independente – Ainda usando o exemplo
de médicos, às vezes vamos a eles somente para fazer um check-up
preventivo, e não para tratar de alguma doença especíca. Isto tam-
bém se aplica às empresas. Elas podem contratar um consultor para
apresentar-lhes uma visão independente do negócio, sem que haja
um problema especíco para ser tratado, mas apenas para contar com
uma pessoa que pense em conjunto numa avaliação estratégica, por
exemplo. De fora da estrutura organizacional, e detentor de experiên-
cia prossional diversicada e rica, ele tem condições de visualizar
alternativas e soluções que atendam às necessidades da empresa.
Como ouvi uma noite do Dr. Tarso Accorsi, um de meus prezados
médicos, há pessoas que vão ao médico simplesmente por carência afe-
tiva, e z um paralelo com muitas empresas que sofrem do mesmo mal.
Às vezes, sento-me diante de um cliente e percebo que sua necessidade
é falar com alguém, trocar ideias, expor pensamentos, receber feedback.
O consultor, aqui, funciona como um “alter-ego”, quase um te-
rapeuta, alguém desvinculado da empresa, que funciona como um mo-
derador ou mesmo um catalisador externo. E este papel também é muito
importante, pois acontece com frequência que durante o simples ato de se
conversar sobre os problemas revelam-se soluções até então impensadas.
Permito-me aqui alertar para o cuidado a ser tomado quando da
cobrança deste tempo: pode ocorrer que o cliente não concorde com as
horas de trabalho relacionadas na fatura no nal do mês. Ele pode argu-
mentar que você só trabalhou oito horas, mas esquecer que cou mais
oito horas ouvindo-o e “conversando”. Por isso, é bom que se esclareça
essa situação com o cliente antes de se prestar este tipo de auxílio. As-
sim que você perceber que esse tipo de conversa tem-se tornado rotina,
lembre ao seu cliente que suas horas são cobradas. Diga que o tempo
destinado a toda e qualquer reunião fará parte da fatura no nal do mês.
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Treinamento de pessoal (cursos abertos ou “in-company”)
Muitas empresas não têm recursos nanceiros para pagar horas e mais
horas de consultoria. Então, contratam prossionais que transram
know-how para o pessoal interno, para que este possa fazer o trabalho
sozinho. O papel é de coach ou consultoria em forma de coaching.
O consultor treina toda a equipe sobre
novas técnicas ou abordagens e depois presta uma
assessoria complementar para implementação e
consolidação. Nesse caso, o consultor deve cobrar
de forma diferenciada, porque, além de transferir
know-how, frequentemente ainda cede seu próprio
material para que as equipes internas realizem
levantamentos, treinamentos internos, etc.
Isso impede o consultor de realizar nesta empresa um
trabalho maior de consultoria, e, portanto, o preço deve ser diferente.
Leia a respeito de quanto cobrar, no capítulo “Como Calcular Seus
Honorários”.
Projetos para órgãos públicos ou fontes de nanciamento
As empresas frequentemente contratam serviços de consultoria
para desenvolver projetos destinados a obter recursos de fontes
de nanciamento internacionais ou nacionais, como é o caso do
BNDES, FINAME, FINEP, PADCT etc. Outros casos estão ligados
à necessidade de realizar projetos que atendam exigências de órgãos
públicos, com é o caso de projetos ambientais (Relatórios de Impacto
sobre o Meio Ambiente - RIMA, como um bom exemplo) ou projetos
que dêem suporte técnico a discussões com órgãos dos governos
federal, estadual e municipal.
Geralmente, um especialista é chamado para fazer este tipo
de projeto técnico porque tem condições de fazê-lo em horas ou dias,
ao invés de semanas e meses, se a empresa tentasse fazer isso sozinha.

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