Infância, consumo e educação: conexões e diálogos

AutorMarcelize Niviadonski Brites Albertini - Soraya Correa Domingues
CargoMestranda em Educação no Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná. Especialista em Educação Ambiental pela mesma universidade - Doutora em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil
Páginas21-37
http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2016v13n1p21
INFÂNCIA, CONSUMO E EDUCAÇÃO: CONEXÕES E DIÁLOGOS
Marcelize Niviadonski Brites Albertini
1
Soraya Correa Domingues
2
Resumo:
O crescente processo de industrialização e comercialização tem enredado a lógica
consumista em diversos grupos da sociedade incluindo-se até mesmo as crianças,
uma vez que a descoberta de seu potencial consumidor despertou interesses
comerciais em diversos segmentos. Partindo deste contexto, este artigo apoiado em
um estudo teórico com análises bibliográficas e documentais pretende estabelecer
conexões entre a tríade: infância, consumo e educação, buscando refletir e dialogar
sobre esta relação na atual sociedade contemporânea. No primeiro momento
pretenderemos conhecer a evolução do conceito de infância ao longo do tempo, seu
contexto histórico cultural, bem como compreender esta concepção na atualidade.
Em seguida serão apresentadas considerações sobre os dilemas da infância
contemporânea e observações sobre a influência da cultura de consumo, por fim
buscaremos na Educação caminhos e possibilidades para compreensão e análise
reflexiva da lógica consumista. As perspectivas trazidas neste estudo sugerem que
pensar e repensar a infância dentro da cultura de consumo deve tornar-se eixo de
temas no processo educativo escolar, pois a educação pode proporcionar
mediações no sentido de fomentar um olhar analítico e reflexivo frente à lógica
consumista, estimulando assim, mudanças significativas no comportamento das
crianças enquanto consumidoras.
Palavras-chave: Sociedade. Infância. Contemporaneidade. Consumismo.
Educação.
1 INTRODUÇÃO
As mudanças sociais, políticas e econômicas ocorridas ao longo dos séculos,
trouxeram modificações significativas que transformaram a sociedade e
consequentemente o modo de vida das pessoas. Desse modo, a sociedade
contemporânea vive um crescente processo de industrialização e comercialização,
nas quais, novas tecnologias, novos produtos e novas marcas surgem
1
Mestranda em Educação no Departamento de Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal
do Paraná. Especialista em Educação Ambiental pela mesma universidade. Professora da Rede
Municipal de Ensino de Curitiba, Curitiba, PR, Brasil. E-mail: marcelize@live.com
2
Doutora em Educação Física pela Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
Professora no Departamento de Educação Física e Programa de Pós Graduação em Educação:
Teoria e Prática de Ensino da Universidade Federal do Paraná, Cur itiba, PR, Brasil. E-mail:
domingues.soraya@gmail.com
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R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.13, n.1, p. 21-37 Jan-Abr. 2016
constantemente com o intuito de gerar mais consumo e manter a economia, assim,
“a lógica do consumo representa uma das características mais determinantes na
moderna sociedade industrial” (OLIVEIRA; PASCHOAL, 2015, p.7).
Em um cenário marcado pela industrialização e apelo excessivo ao consumo
valores, identidades, ideias e práticas sociais são definidos de acordo com a lógica
consumista (SLATER apud BARBOSA, 2008) neste sentido, o consumo se entrelaça
no modo de vida da sociedade moderna atraindo a grande maioria de seus
membros. Por sua vez, até mesmo as crianças passaram a compor este quadro,
pois a descoberta de seu potencial consumidor despertou os interesses das grandes
corporações que passaram a vê-las como um segmento altamente rentável:
Vemos os impactos da Indústria Cultural do consumo na infância, e
especificamente, no sujeito criança. A contemporaneidade tem-se
caracterizado pelas relações de produção e consumo que permeiam as
interações sociais e a própria formação do pensamento humano. Temos
acompanhado mudanças nas relações estabelecidas entre adultos e
crianças, bem como a descoberta de um mundo infantil consumidor
(OLIVEIRA; PASCHOAL, 2015, p.7).
Neste universo de mudanças, a descoberta do potencial consumidor da
criança aguçou interesses comerciais, concebendo uma visão da infância como um
novo campo de exploração comercial. Contudo, esta visão, não busca apenas
explorar o potencial consumidor dos pequenos, mas moldá-los “aos moldes do
capitalismo e consumismo contemporâneo” (OLIVEIRA; PASCOAL, 2015, p.7).
Por sua vez, compreendendo a criança enquanto sujeito social e
reconhecendo a lógica do consumo como marca determinante da sociedade
moderna, este artigo tem por objetivo refletir e dialogar sobre as relações entre
infância e consumo, através de uma pesquisa teórica com análises bibliográficas e
documentais frente à temática. Neste sentido, pretendemos contextualizar a infância
e a construção de seu conceito, bem como compreender seus dilemas atuais e de
que maneira os valores da sociedade contemporânea estão moldando e
influenciando esta infância. Posteriormente, buscaremos na Educação, e em
especial na Educação para o consumo, possibilidades de conexões entre a tríade:
infância, consumo e educação, buscando subsídios para ações pedagógicas frente à
cultura consumista.

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