Incubadoras de empresas e o desenvolvimento de capacidades em empresas incubadas

AutorJosé Eduardo Storopoli - Marcelo Pereira Binder - Emerson Antonio Maccari
CargoDoutorando no Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho-São Paulo-SP-Brasil - Professor da Fundação Getúlio Vargas-São Paulo-SP-Brasil - Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho-São Paulo-SP-Brasil
Páginas36-51
Artigo recebido em: 23/05/2012
Aceito em: 19/10/2012
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
INCUBADORAS DE EMPRESAS E O DESENVOLVIMENTO DE
CAPACIDADES EM EMPRESAS INCUBADAS
Business incubators and the capability development in its tenants
firms
José Eduardo Storopoli
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho – São Paulo – SP – Brasil.
E-mail: storopoli@me.com
Marcelo Pereira Binder
Professor da Fundação Getúlio Vargas - São Paulo – SP – Brasil. E-mail: binder@uol.com.br
Emerson Antônio Maccari
Professor do Programa de Pós-Graduação em Administração, Universidade Nove de Julho – São Paulo – SP – Brasil.
E-mail: maccari@uninove.br
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2013v15n35p36
Resumo
Este trabalho analisa a contribuição desse processo
para o desenvolvimento das empresas nos diferentes
estágios de incubação. O método de pesquisa foi o
estudo de casos múltiplos, com o gerente do CIETEC
e quatro empresas em estágios distintos de incubação.
A análise dos dados seguiu as técnicas de agrupamento
e de cluster. Os principais resultados indicam que: a)
as capacidades possuem suas raízes em experiências
profissionais ou acadêmicas dos empreendedores; b) o
papel da incubadora na formação dessas capacidades
é passivo; c) a capacitação de empreendedores para
a elaboração de um plano de negócios é um fator
positivo para o estabelecimento do negócio; d) o
networking proporcionado pela incubadora mostrou-se
fundamental para todas as empresas; e) a infraestrutura
é importante para os estágios inicias de incubação,
porém perde importância na medida em que as
empresas avançam em seus estágios de incubação.
Palavras-chave: Capacidades. Empreendedorismo.
Incubação de Empresas. Inovação. Resouce-based view.
Abstract
This study aims how the technology -based incubators
contribute to the development of enterprises in the
different stages of the incubation process. The method
of research was the study of multiple cases with the
CIETEC’s manager and with four companies at
different stages of incubation. Data analysis followed the
techniques of clustering. The main results reports that:
a) entrepreneurial skills have their roots in professional
and academic experiences of entrepreneurs; b) the
role of incubators in developing these capabilities is
passive; c) the training of entrepreneurs to develop
a business plan is a factor that positively contributes
critically to the establishment of the enterprise; d) the
networking development that the incubator supports
in its tenants is seen as a very relevant factor; e) the
infrastructure is important for tenants in the early stages
of the incubation process, but its importance decreases
as the tenant advance into late stages of the process.
Key words: Capacities. Entrepreneurship. Business
Incubation. Innovation. Resource-based view.
37
Tgxkuvc"fg"Ek‒pekcu"fc"Cfokpkuvtc›«q"̋"x0"37."p0"57."r0"58/73."cdt0"4235
Kpewdcfqtcu"fg"Gortgucu"g"q"Fgugpxqnxkogpvq"fg"Ecrcekfcfgu"go"Gortgucu"Kpewdcfcu
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa sobre empreendedorismo vem se de-
senvolvendo nos últimos anos, consolidando-se como
campo de estudo. No entanto, há teóricos que ainda
questionam se essa iniciativa é ou não um campo te-
órico (HITT et al., 2002; SHANE; VENKATARAMAN,
2000; ZAHRA; DESS, 2001; MEYER, 2011). O em-
preendedorismo vem se firmando como um campo
legítimo, dotado de métodos e de teorias específicas,
reconhecidas e institucionalizadas.
Segundo vários autores, o empreendedorismo,
para sua institucionalização, deve “caminhar” pari
passu com a administração estratégica, e essa relação
poderá ser estabelecida por uma espécie de interface
entre as duas áreas de conhecimento com o propó-
sito de beneficiá-las. (HITT et al., 2002; MEYER;
NECKS; MEEKS, 2002; SCHENDEL; HOFER, 1979;
MICHAEL; STOREY; THOMAS, 2002)
Por outro lado, no campo da estratégia, mais
especificamente na teoria dos Recursos (RBV – Re-
source-based view), busca-se entender o campo do
empreendedorismo e como ele pode ajudar a apro-
fundar as capacidades, especialmente a forma como
essas capacidades são desenvolvidas (GASSMAN;
BECKER, 2006; ZAHRA; SAPIEZA; DAVIDSSON,
2006; AUTIO; GEORGE; ALEXY, 2011). É consen-
so que empreendedores, além de necessitarem de
oportunidades empreendedoras (DRUCKER, 1985),
carecem de recursos internos bem desenvolvidos para
explorá-las. (MICHAEL; STOREY; THOMAS, 2002)
Nesse sentido, este trabalho procura alinhar os
dois campos teóricos, buscando entender a formação
dessas capacidades por meio do estudo sobre a forma
como incubadoras suportam o desenvolvimento de
capacidades em suas empresas incubadas. A observa-
ção e análise de como as capacidades são necessárias
para o sucesso das empresas incubadas é constatada
em avaliações das instituições incubadoras de base
tecnológica. A escolha desse tipo de incubadora para
o estudo se dá porque o produto a ser desenvolvido
no processo de incubação é vital para o sucesso da
empresa.
Incubação de Empresas no Brasil não é fenô-
meno recente, tendo sua primeira iniciativa no Brasil,
em 1976 (BIAGIO, 2006). Empresários com espírito
empreendedor se voltam para as incubadoras como
uma viável maneira de criar e de sustentar sua empresa.
Por isso, eles “apelam” ao processo de incubação, que
lhes permite, pela incubadora de negócios, usufruir
de infraestrutura adequada – desenvolvimento de
recursos e capacidades – de extrema relevância para
o sucesso do negócio incubado e, posteriormente, gra-
duado. (HANNON, 2003; GASSMAN; BECKER, 2006;
RAUPP; BEREN, 2009; SOUZA, SOUSA; BONILHA,
2008; SUN, NI; LEUNG, 2007)
Este trabalho de pesquisa, que pretende colaborar
para o aprofundamento do conhecimento relacionado
ao processo de incubação das empresas, tem como
objetivo principal analisar como as incubadoras de
base tecnológica contribuem para o desenvolvimento
das empresas nos diferentes estágios de incubação.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nas próximas seções, serão discutidos os temas
empreendedorismo e teoria dos recursos (RBV), bem
como a integração desses dois temas, utilizando inter-
faces e integrações já propostas na literatura.
2.1 Empreendedorismo
Em razão de sua incipiência e observando a
forma como se desenvolveu, o campo do empreen-
dedorismo apresenta diversas correntes e autores sem
clara interligação. Dessa maneira, existem dilemas e
antagonismos interdoutrinais e intradoutrinais que
põem em discussão se o empreendedorismo é um
campo teórico autônomo ou um objeto de estudo
com a aplicação de teorias consolidadas de campos já
existentes, como os estudos sobre recursos humanos
que focam essa nova área do conhecimento.
A título de exemplificação, põe-se este questio-
namento: Quando se estudam alguns aspectos de
relações do trabalho, tendo por foco a organização
empreendedora, o resultado desse estudo auxilia no
desenvolvimento do campo do empreendedorismo ou
no da teoria de recursos humanos?
Esse impasse tem sido objeto de preocupação
crescente dos acadêmicos com publicações ligadas
ao campo em questão (HITT et al., 2002). Shane e
Venkataraman (2000) e Zahra e Dess (2001) defendem
que o principal caminho para legitimação do empreen-

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT