A Gestão Ambiental Como Fonte de Vantagem Competitiva Sustentável: Contribuições da Visão Baseada em Recursos e da Teoria Institucional

AutorPatrick Michel Finazzi Santos - Rafael Barreiros Porto
CargoMestre em Administração, Universidade de Brasília. Assessor da Diretoria de Estratégia e Organização do Banco do Brasil S.A.-Brasília-DF, Brasil - Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Brasília-Brasília-DF, Brasil
Páginas152-167
Artigo recebido em: 13/02/2012
Aceito em: 02/10/2012
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
A GESTÃO AMBIENTAL COMO FONTE DE VANTAGEM
COMPETITIVA SUSTENTÁVEL: CONTRIBUIÇÕES DA VISÃO
BASEADA EM RECURSOS E DA TEORIA INSTITUCIONAL
Environmental Management as a Source of Sustainable
Competitive Advantage: contributions from Resource-Based
View and Institutional Theory
Patrick Michel Finazzi Santos
Mestre em Administração, Universidade de Brasília. Assessor da Diretoria de Estratégia e Organização do Banco do Brasil S.A. –
Brasília – DF, Brasil. E-mail: patrickmichel@hotmail.com
Rafael Barreiros Porto
Professor no Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Brasília – Brasília – DF, Brasil.
E-mail: rafaelporto@unb.br
Resumo
Este artigo pretende discutir em que condições a gestão
ambiental pode contribuir com a vantagem competitiva
sustentável, segundo os arcabouços teóricos da Visão
Baseada em Recursos (VBR) e da Teoria Institucional
(TI). Como resultado, sete proposições de pesquisas
são sugeridas a partir da reflexão da capacidade de
estratégias ambientais gerarem vantagem competitiva
sustentável nos termos da VBR e da TI. Segundo a
VBR, a vantagem competitiva move-se pela aptidão de
as empresas acumularem recursos ecológicos valiosos,
raros, imperfeitamente imitáveis, insubstituíveis e não
comercializáveis capazes de causarem heterogeneidade
em relação aos seus concorrentes. Por sua vez, sob a
ótica da TI, as empresas possuem percepções distintas
das pressões externas recebidas acerca de suas atuações
ecológicas, porém, reações em direção ao isomorfismo
tendem a reduzir o potencial de geração de vantagem
competitiva das estratégias ambientais. As empresas
devem definir de maneira precisa os motivos pelos quais
a implementação de estratégias ambientais contribui
para suas missões corporativas e para o meio ambiente.
Palavras-chave: Gestão Ambiental. Vantagem
Competitiva Sustentável. Visão Baseada em Recursos.
Teoria Institucional.
ABSTRACT
This theoretical article aims to discuss under what
conditions environmental management can contribute
to sustainable competitive advantage, according to
Resource-Based View (RBV) and Institutional Theory
(IT). As resulting, seven research propositions are
suggested from the reflection about strategies capability
to generate sustainable competitive advantage. The
competitive advantage for RBV, is driven by the
company`s ability to accumulate valuable, rare,
imperfectly imitable, non-substitutable and non-tradable
resources that are able to cause heterogeneity in relation
to its competitors. Conversely, according IT, companies
have different perceptions regarding received external
pressures; however, reactions toward isomorphism tend
to reduce the potential for generating the competitive
advantage of environmental strategies. Companies must
define preciously the purposes in which environmental
strategies implementation contributes to corporate
mission and the environment. We recommend that
the decision to achieve competitive advantage from
environmental strategies must be pondered by the
conditions of VBR and TI.
Key words: Environmental Management. Sustainable
Competitive Advantage. Resource-Based View.
Institutional Theory.
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2013v15n35p152
153
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1 INTRODUÇÃO
É possível observar nas últimas duas décadas
um aumento das discussões acerca da capacidade de
autossustento das futuras gerações. Atrelado a esse
movimento, o meio ambiente é uma das temáticas mais
evocadas nos debates entre chefes de Estados, orga-
nizações e acadêmicos. Pesquisadores têm indicado
que o comportamento atual de consumo da sociedade
tem provocado alterações significativas na biosfera
(BARBIERI, 2007). A pressão antropogênica nos bens
e serviços ambientais poderá comprometer a qualidade
de vida das gerações vindouras. (BURSZTYN, 1995)
De acordo com Hart (1995), no futuro os negó-
cios serão inevitavelmente delimitados e dependentes
do ambiente natural. Para lidarem com o novo e
dinâmico ambiente “verde”, as organizações deverão
desenvolver habilidades e capacidades que comun-
guem com essa realidade, de forma a manterem-se
competitivas (MENGUC; OZANNE, 2005). Assim, a
vantagem competitiva de uma firma provavelmente
se fundamentará nas capacidades organizacionais que
incentivem a atividade econômica ambientalmente
sustentável (HART, 1995). Esse cenário indica um de-
safio às organizações: porque e como integrar a gestão
ambiental às estratégias empresariais?
A vantagem competitiva é referenciada como
uma das bases para o sucesso de longo prazo de
uma empresa (HOFFMANN, 2000). Ela é sustentável
quando representa um benefício duradouro à empresa
decorrente da: (a) implementação de uma estratégia
que não está simultaneamente sendo executada por al-
gum atual ou potencial concorrente e (b) inabilidade do
atual ou potencial concorrente em replicar os benefícios
da estratégia. (BARNEY, 1991; HOFFMANN, 2000)
Segundo Barney (1991) e Hart (1995), a Visão
Baseada em Recursos (VBR) examina de que forma
os recursos e as capacidades valiosos, difíceis de serem
copiados, raros e insubstituíveis podem ser fontes de
vantagem competitiva para uma empresa. Os recursos
são o conjunto de ativos tangíveis e intangíveis que
permitem à organização definir e implementar estra-
tégias (WERNERFELT,1984; BARNEY; HESTERLY,
2004). A VBR analisa as características dos recursos e
os mercados de fatores estratégicos a partir dos quais
os recursos são obtidos, com a finalidade de explicar,
tanto a heterogeneidade entre empresas quanto a
vantagem competitiva.
Para Aragón-Correa e Sharma (2003), a VBR
oferece um substrato teórico para explicar a vantagem
competitiva como um resultado do desenvolvimento
de capacidades organizacionais associadas à estratégia
proativa ambiental. O positivo relacionamento entre
estratégias ambientais e desempenho organizacional
resulta do desenvolvimento de recursos e capacida-
des complexos, valiosos e raros (ARAGÓN-CORREA;
SHARMA, 2003). Os recursos e capacidades podem
proporcionar um conjunto de benefícios competitivos,
como redução dos custos de processos e de matérias-
-primas, inovações em processos, produtos e sistemas
e, por fim, melhoria da reputação (SHARMA; VRE-
DENBURG, 1998). Dessa forma, a Visão Baseada em
Recursos permite entender de que forma os recursos
e capacidades alocados na gestão ambiental podem
aperfeiçoar a reputação da empresa, a exploração de
oportunidades mercadológicas e o gerenciamento de
sua eficiência operacional.
Por outro lado, a literatura não restringe o de-
senvolvimento de uma estratégia empresarial perene
baseada apenas nos recursos internos. Isso porque, na
perspectiva institucional, abandona-se a concepção
de um ambiente formado exclusivamente de recursos
para evidenciar os elementos culturais e institucionais.
Ou seja, a concorrência entre as organizações desloca-
-se dos recursos para a legitimidade institucional e a
aceitação no ambiente. (CARVALHO; VIEIRA, 2003)
As organizações são influenciadas por elementos
institucionais provindos de fontes externas, como por
exemplo, o Estado, a sociedade e os concorrentes
(ZUCKER, 1987; OLIVER, 1997). Nesse contexto, as
organizações operam dentro de uma estrutura social de
normas e valores que representa um comportamento
econômico e social apropriado (ZUCKER, 1987; OLI-
VER, 1997). A Teoria Institucional (TI) examina de que
forma as pressões por conformidade social e cultural
justificam a homogeneidade entre as organizações.
Para a TI, as escolhas das firmas não são limitadas
apenas pela racionalidade econômica e financeira,
como asseverado pela VBR, mas também, pela justifi-
cação e obrigação social. (OLIVER, 1997; DIMAGGIO;
POWELL, 2007; SCOTT, 2008)
As influências provindas do ente público, consu-
midores, organizações não governamentais e competi-

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