Ensino e docência: desafios para a formação e atuação de professores de Sociologia/Ciências Sociais

AutorJordânia A. de Sousa - Noélia N. Marinho - Júlio C. Gaudêncio
CargoBacharel e Mestre em Ciências Sociais (UFCG) - Licenciada em Ciências Sociais (UFAL), Mestranda em Sociologia (PPGS/UFAL) - Bacharel em Ciências Sociais (UFCG)
Páginas63-86
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7984.2015v14n31p63
6363 – 86
Ensino e Docência: desaf‌ios para a
formação e atuação de professores de
Sociologia/Ciências Sociais
Jordânia de Araújo Souza1
Noélia Nunes Marinho2
Júlio Cezar Gaudencio3
Resumo
O objetivo do presente artigo é problematizar questões em torno dos desaf‌ios postos com o
retorno e a institucionalização do ensino de Sociologia/Ciências Sociais na Educação Básica, por
meio da Lei nº 11.684/2008. Tais desaf‌ios são vivenciados tanto nos Cursos de Licenciatura em
Ciências Sociais quanto nas salas de aula da disciplina de Sociologia no Ensino Médio. Neste sen-
tido, a ideia é ponderar questões em torno da formação docente, chamando atenção para o abis-
mo ainda existente entre a formação e a atuação dos professores de Sociologia/Ciências Sociais
tendo como pano de fundo a formação que vem sendo desenvolvida pela Universidade Federal de
Alagoas no Curso de Licenciatura em Ciências Sociais presencial do Instituto de Ciências Sociais.
Palavras-chave: Educação. Formação. Docência. Ciências Sociais.
1 Introdução – Ponderações iniciais
Pensar a respeito do ensino de Ciências Sociais na Educação Superior bra-
sileira remete à problemática dos propósitos de sua inserção nos anos 1930, em
que se verica uma intencionalidade essencialmente voltada para um campo
de formação técnica e cientíca. Conforme chama atenção Oliveira (2013b),
os Cursos de Ciências Sociais na Educação Superior são inaugurados poste-
riormente às situações pontuais geradas a partir das tentativas de inclusão do
ensino de Sociologia no currículo do Ensino Secundário e sua integração ao
1 Bacharel e Mestre em Ciências Sociais (UFCG), Licenciada em Sociologia (IPSJES/FPSJ), Doutoranda em Antro-
pologia (PPGA/UFPE), Professora do Instituto de Ciências Sociais (UFAL).
2 Licenciada em Ciências Sociais (UFAL), Mestranda em Sociologia (PPGS/UFAL).
3 Bacharel em Ciências Sociais (UFCG), Licenciado em Sociologia (IPSJES/FPSJ), Mestre e Doutor em Ciência
Política (PPGCP/UFPE), Professor do Instituto de Ciências Sociais (UFAL).
Ensino e Docência: desaf‌ios para a formação e atuação de professores de Sociologia/Ciências Sociais | Jordânia de Araújo Souza,
Noélia Nunes Marinho e Júlio Cezar Gaudencio
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Curso Normal de formação de professores. O que faz com que as iniciativas de
criação do curso superior nasçam dissociadas de preocupações com o ensino
e campo escolar.
Se zermos uma pequena digressão em torno do surgimento da Sociolo-
gia no Brasil, enquanto disciplina, perceberemos que, na medida em que sua
primeira aparição se deu no universo das escolas normais dos cursos prepara-
tórios e secundários (1840-1930), ao mesmo tempo em que somente depois
se estabeleceram os cursos de graduação na área (1933 – primeiro Curso de
Graduação em Ciências Sociais da Escola Livre de Sociologia e Política de São
Paulo), em um contexto de busca por legitimação enquanto campo cientíco
por parte das Ciências Sociais brasileira, a formação de professores não apare-
ce como a principal preocupação de tais cursos.
Oliveira (2013b) chama atenção para o fato de que, a partir da Reforma
Capanema e da retirada da disciplina de Sociologia dos currículos escolares
em 1942, que estabelece a exclusão dos cursos complementares (no qual a
disciplina se alocava), observa-se que não havia uma clareza sobre o papel que
a disciplina de Sociologia ocuparia no currículo escolar, o que, em certo sen-
tido, explica o fato de termos cursos de formação em Ciências Sociais naquele
momento com foco não no ensino, mas “na pesquisa e na formação de um
quadro técnico” (p. 138).
Apesar de não haver uma conexão entre as origens do curso superior de
Ciências Sociais e a Sociologia como disciplina no Ensino Básico, Silva (2007)
pontua que a conquista de legitimação desta última contribui para sua conso-
lidação no campo cientíco, uma vez que a demanda por especialistas na área
surge com a inserção da disciplina na Educação Básica. Com o Parecer CNE/
CBE 38/2006 (BRASIL, 2006a); e, posteriormente, com a implantação
da Lei nº 11.684, de 2 de junho de 2008 (BRASIL, 2008) – que aprovou a
obrigatoriedade do ensino da disciplina de Sociologia em todas as séries do
Ensino Médio (BRASIL, 2008) –, segundo Ferreira (2012), novas demandas
precisariam ser consideradas; dentre elas, a necessidade de estabelecimento
dos conteúdos a serem ministrados e das metodologias adequadas ao ensino
desses conteúdos.
Com a consolidação da Sociologia como disciplina obrigatória na Educa-
ção Básica surge o dilema “do que ensinar?” e “como ensinar?”, despertando

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