Os Direitos Humanos como Produto: reflexões sobre a informação e a cultura da mídia

AutorFábio Cruz - Marcelo Oliveira de Moura
CargoPossui Pós-doutorado em Direitos Humanos, Mídia e Movimentos Sociais pela Universidade Pablo de Olavide ? Sevilha/Espanha. Doutor em Cultura Midiática e Tecnologias do Imaginário pela PUC-RS. Professor do Programa de Pós-Graduação em Política Social e do curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) - ...
Páginas79-102
Os Direitos Humanos como Produto: reflexões
sobre a informação e a cultura da mídia
Fábio Souza da Cruz1
Marcelo Oliveira de Moura2
Resumo: Este artigo traz reflexões sobre al-
gumas problemáticas envolvendo a mídia
tradicional e a questão dos Direitos Humanos
na atualidade. Adotando uma postura crítica,
histórica e dialética, o trabalho faz uma inter-
secção entre os veículos de comunicação de
massa tradicionais e os Direitos Humanos,
com o propósito de problematizar questões
sobre ambos e apontar possíveis saídas. Para
tanto, dentre outros autores, foram utiliza-
dos os pressupostos desenvolvidos por Ro-
land Barthes (1971), Joaquín Herrera Flores
(2005) e Douglas Kellner (2001). Salienta-se
que não se pretende generalizar resultados
a partir de uma pesquisa bibliográfica, mas,
sim, detectar tendências e vislumbrar possibi-
lidades a respeito da temática em pauta.
Palavras-chave: Mídia. Direitos Humanos.
Globalização Neoliberal.
Abstract: In this article, we discuss some
problems involving the traditional media and
the human rights nowadays. Adopting a cri-
tical, historical and dialectical approach, the
paper makes an intersection between the tra-
ditional mass media and the DH in order to
discuss issues on both subjects and pointing
out possible alternatives. In order to carry
out the study, the theories of Roland Barthes
(1971), Joaquín Herrera Flores (2005) and
Douglas Kellner (2001) are taken into con-
sideration. It is important to stress that the
intention of this paper is not to generalize re-
sults from our bibliographical research, but to
detect tendencies and discern trends about the
topic under discussion.
Key words: Media. Human Rights. Neoliberal
Globalization.
1 Possui Pós-doutorado em Direitos Humanos, Mídia e Movimentos Sociais pela
Universidade Pablo de Olavide – Sevilha/Espanha. Doutor em Cultura Midiática e
Tecnologias do Imaginário pela PUC-RS. Professor do Programa de Pós-Graduação em
Política Social e do curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica
de Pelotas (UCPel). E-mail: fabiosouzadacruz@gmail.com.
2 Doutorando e Mestre em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
(UNISINOS/RS). Professor de Direito Penal, Criminologia e Introdução ao Estudo do
Direito na Universidade Católica de Pelotas (UCPel) e Coordenador do Programa de
Estudos de Direito Constitucional e Direitos Humanos do Curso de Direito da UCPel.
E-mail: mardmoura@hotmail.com.
Recebido em: 15/12/2011.
Revisado em: 12/03/2012.
Aprovado em: 20/08/2012.
Doi: http://dx.doi.org/10.5007/2177-7055.2012v33n65p79
Os Direitos Humanos como Produto: reflexões sobre a informação e a cultura da mídia
80 Seqüência, n. 65, p. 79-102, dez. 2012
1 Introdução
Como nos alerta Zygmunt Bauman, o grande problema da condição
contemporânea de nossa civilização moderna é que ela parou de questio-
nar-se. O resultado de nosso conformismo/indolência é pago
[...] na dura moeda do sofrimento humano. Fazer as perguntas cer-
tas constitui, afinal, toda a diferença entre sina e destino, entre an-
dar a deriva e viajar. Questionar as premissas inquestionáveis do
nosso modo de vida é provavelmente o serviço mais urgente que
devemos prestar aos nossos companheiros humanos e a nós mes-
mos. (BAUMAN, 1999, p. 11)
Esse espírito é o incentivo na construção deste artigo, ou seja, vai
projetado na perspectiva de formulação de questionamentos, de provoca-
ção, de disseminação de angústia e desconforto quanto à possibilidade de
responder às demandas sociais contemporâneas mediante uma percepção
do jurídico e social, orientada por operações cognitivas simplificadoras.
Entretanto, como projeto de crítica, ele encerra compromisso com
uma postura afirmativa de oposição que “[...] no puede quedarse en la de-
construcción, una vez que ésta, llevada al extremo, cumple el papel de de-
construir la propia posibilidad de resistencia y de alternativa” (SANTOS,
2003, p. 34). Assim, neste texto, pretende-se trabalhar vinculado a uma
política de afirmativas que permita critérios capazes de viabilizar uma re-
leitura da realidade. Dessa maneira, solicita-se que nos permita criar pro-
blemas; problematizar a realidade avaliando; e estabelecer novos pontos
de partida para a reinvenção, a ressignificação das formas tradicionais de
conhecimento jurídico e social forjados pela modernidade ocidental.
Nesse sentido, apoiado no arsenal teórico de Joaquín Herrera Flo-
res, sustenta-se que a (re)construção faz-se desde uma visão de afirma-
ção da diferença, que não reduz a realidade ao existente-dado ou posto,
e busca avançar num viés de abertura de espaço de novas possibilidades,
com a tarefa crítica de interpretação ou (re)significação da natureza e de
construção de um âmbito de alternativas ao que está dado, ou hegemoni-

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