Desenvolvimento e dinâmica regional em Celso Furtado
Autor | Hermes Magalhães Tavares |
Cargo | Administrador |
Páginas | 99-110 |
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DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
Hermes Magalhães Tavares
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
T
guwoq
Wo"fqu"ocku"korqtvcpvgu"geqpqokuvcu"dtcukngktqu"g."cq"oguoq"vgorq."q"fg"ockqt"rtqlg›«q"hqtc"fq"Dtcukn."Egnuq"
Hwtvcfq"fgkzqw"woc" qdtc"ukipkÝecvkxc"uqdtg" c"geqpqokc"dtcukngktc" g"ncvkpq/cogtkecpc0" Qewrqw/ug"cq"oguoq" vgorq"fc"
swguv«q"tgikqpcn." gurgekcnogpvg"fq"Pqtfguvg0" Guetgxgw"ocku" fg"vtkpvc" nkxtqu."itcpfg"rctvg" fgngu"rwdnkecfqu" go"xƒtkqu"
idiomas. O objetivo do artigo é tratar da evolução da economia brasileira em relação ao desenvolvimento das regiões
do país, na visão de Furtado. Esses temas foram, fundamentalmente, abordados pelo autor em duas de suas principais
qdtcu." swg" cpcnkuctgoqu" rctvkewnctogpvg
Formação econômica do Brasil e Uma política para o desenvolvimento do
Nordeste.
"Guvg"vgzvq" hc¦"woc"upvgug"fc"vtclgv„tkc" fg"Hwtvcfq"g"cdqtfc" cniwocu"swguvgu."eqoq."q" rcrgn"fc"Hqtoc›«q"
geqp»okec"fq" Dtcukn" pc" eqortggpu«q" fcu" tgikgu" dtcukngktcu" g" eqoq" guug" rtqeguuq" eqpvtkdwkw" rctc" c" gncdqtc›«q" fc"
woc"rqnvkec"rctc" q"fgugpxqnxkogpvq"fq"Pqtfguvg0" Dwuec"cq"oguoq"vgorq" gzrqt."fg"hqtoc"ukpvfivkec."q" swg"hqk"g"q" swg"
representou essa política para o país.
Rcncxtcu/ejcxg
Geqpqokc"dtcukngktc."swguv«q"tgikqpcn."Pqtfguvg."Egnuq"Hwtvcfq0
DEVELOPMENT AND REGIONAL DYNAMICS IN CELSO FURTADO
Cduvtcev
Qpg"qh" vjg"oquv" korqtvcpv" Dtc¦knkcp"geqpqokuvu" cpf."cv" vjg"ucog" vkog."qpg" qh"vjg" oquv"tgpqypgf" " qwvukfg"
Dtc¦kn."Egnuq"Hwtvcfq"nghv"c"ukipkÝecvkxg"uvwf{"qp"Dtc¦knkcp"cpf"Ncvkp/Cogtkecp"geqpqo{0"Jg"yqtmgf"cv"vjg"ucog"vkog"ykvj"
tgikqpcn"ocvvgtu."gurgekcnn{"vjg"Pqtvjgcuv0"Jg"ytqvg"oqtg"vjcp"vjktv{"dqqmu."oquv"qh"vjgo"rwdnkujgf"kp"ugxgtcn"ncpiwcigu0"
Vjg"cko"qh"vjku"ctvkeng"ku"vq" crrtqcej"vjg"gxqnwvkqp"qh"Dtc¦knkcp"geqpqo{"kp"tgncvkqp"vq"vjg" fgxgnqrogpv"qh"Dtc¦knÓu"tgikqpu"
kp"ceeqtfcpeg"ykvj" HwtvcfqÓu"rqkpv"qh" xkgy0"Vjgug"uwdlgevu"ygtg."hwpfcogpvcnn{."crrtqcejgf" d{"vjg"cwvjqt" kp"vyq"qh" jku"
ockp"dqqmu."yjkej"yknn" dg"rctvkewnctn{"cpcn{ugf
The Economic Growth of Brazil and A Policy for the Development of the
Northeast.
"Vjku"vgzv"rtgugpvu"c"dtkgÝpi"qh"HwtvcfqÓu"nkhg"cpf"crrtqcejgu"uqog"ocvvgtu."uwej"cu"vjg"tqng"qh"Vjg"Geqpqoke"
Itqyvj"qh"Dtc¦kn"kp"vjg"eqortgjgpukqp"qh"Dtc¦knkcp"tgikqpu"cpf"jqy"vjku"rtqeguu"eqpvtkdwvgu"vq"vjg"etgcvkqp"qh"c"rqnke{"hqt"
vjg"fgxgnqrogpv"qh"vjg"Pqtvjgcuv0"Kv" ckouu."cv"vjg"ucog"vkog."vq"gzrqug"dtkgÞ{" yjcv"vjku"rqnke{"ycu"cpf"yjcv"kv"ogcpv" vq"
Dtc¦kn0"
Mg{"yqtfu
Dtc¦knkcp"geqpqo{."tgikqpcn"rtqdngo."Pqtvjgcuv."Egnuq"Hwtvcfq0
Recebido em: 28.02.2012. Aprovado em: 09.04.2012.
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Hermes Magalhães Tavares
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
1 INTRODUÇÃO
País de grandes disparidades regionais,
q" Dtcukn" fi" wo" ecuq" enƒuukeq" fg" fgugpxqnxkogpvq"
fgukiwcn0" Gpvtg" 3;7;" g" 3;86." hqk" tgcnk¦cfq" wo"
itcpfg" guhqt›q" rctc" tgfw¦kt" cu" fkurctkfcfgu"
regionais através de uma ação dirigida do Estado
para promover o desenvolvimento da região mais
atrasada do Nordeste brasileiro. Tratou-se de uma
experiência sui generis, entre países periféricos,
swg." cq" oguoq" vgorq." fgurgtvqw" kpvgtguugu" go"
países desenvolvidos. Referimo-nos à política
de desenvolvimento da região nordestina. Essa
experiência teria pouca chance de ocorrer sem de
wo"ncfq."woc"tgÞgz«q"kpqxcfqtc"uqdtg"qu"rtqdngocu"
do Nordeste e de suas possibilidades, e, de outro,
do conhecimento da evolução histórica dessa região
no conjunto da economia brasileira.
As condições mencionadas encontram-se
pc"qdtc" fg"Egnuq" Hwtvcfq"rtqfw¦kfc" pc"ffiecfc" fg"
1950, principalmente na Formação econômica do
Dtcukn."nkxtq"guetkvq" go"3;7917:0"Pguvg." vgo/ug"woc"
percepção única da dinâmica regional brasileira,
fgeqttgpvg"fg" uwc"ffioctejg." swg" rctvg"fc" cpƒnkug"
da história econômica do país centrada na evolução
de suas regiões. Essa obra indica a direção para
wo" fkcip„uvkeq" fq" Pqtfguvg." swg" ugtkc." fg" hcvq."
elaborado pelo próprio Celso Furtado em 1959, sob
o título “Uma política de desenvolvimento para o
PqtfguvgÑ0" Pq" egpƒtkq" dtcukngktq" fq" Ýpcn" fqu" cpqu"
3;72"c"3;86."gng"vgxg"wo"rcrgn"fg"fguvcswg""htgpvg"
do planejamento regional do Nordeste e na tentativa
fg" kpvtqfw¦kt" q" rncpglcogpvq" pcekqpcn" fwtcpvg" q"
governo do Presidente João Goulart.
No tratamento do nosso tema, levaremos
em conta principalmente as duas obras citadas –
Hqtoc›«q" geqp»okec" fq" Dtcukn" g" Woc" rqnvkec" fg"
desenvolvimento para o Nordeste. A primeira, como
dissemos, foi crucial para a elaboração da segunda,
ocu."ugo" f¿xkfc." fi"pguvg" ugiwpfq" vgzvq"Î" swg" ug"
tornou conhecido simplesmente como o Grupo de
Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste
IVFP"Î" swg"guv«q" eqpvkfcu"cu"rtkpekrcku" kfgkcu"fg"
Celso Furtado sobre desenvolvimento regional
1
.
Este texto está assim estruturado: um primeiro
kvgo" go" swg" hc¦goqu" woc" upvgug" fc" vtclgv„tkc"
intelectual do autor, necessária para compreender o
vgoc"swg"ugtƒ"cdqtfcfq="wo"ugiwpfq"kvgo"swg"vtcvc"
da noção de região tal como se delineia historicamente
pc"Hqtoc›«q"geqp»okec"fq"Dtcukn=" wo"vgtegktq"kvgo"
swg" vtcvc" fc" eqpuvkvwk›«q" fcu" ocetqttgikgu" pcu"
fases avançadas no desenvolvimento industrial; um
swctvq"kvgo" pq" swcn" fi" cdqtfcfc" c" rtqdngoƒvkec" fq"
Pqtfguvg=" g" wo" swkpvq" go" swg" u«q" crtgugpvcfcu"
algumas conclusões.
2
ANOTAÇÕES SOBRE A TRAJETÓRIA
INTELECTUAL DO AUTOR
Nascido em 1920 em Pombal, no Estado
fc" Rctcdc." Egnuq" Hwtvcfq" tgcnk¦c" q" ugw" ewtuq"
superior no Rio de Janeiro, formando-se em Direito
rgnc" cpvkic" Wpkxgtukfcfg" fq" Dtcukn0" Go" 3;66."
mediante concurso, ingressa no serviço público
brasileiro, como funcionário do Departamento de
Administração do Serviço Público (DASP) e, neste
oguoq" cpq." kpeqtrqtc/ug." eqoq" qÝekcn." u" Hqt›cu"
Gzrgfkekqpƒtkcu" Dtcukngktcu" swg" rctvkekrctco" fc"
Segunda Guerra Mundial, em território italiano.
Fguoqdknk¦cfq."xqnvc"cq"Dtcukn"g."go"3;68."tgitguuc"
"Gwtqrc"rctc"tgcnk¦ct"q"fqwvqtcfq"go"Geqpqokc."go"
Rctku."uqd"c"qtkgpvc›«q"fg"Ocwtkeg"D{fi."vgtokpcpfq"
o curso em 1948, com a defesa de tese sobre a
economia açucareira do Nordeste nos séculos XVI
e XVII. Após retomar por algum tempo as suas
funções no DASP, no Rio de Janeiro, Furtado aceita
eqpxkvg" rctc" kpvgitct" c" gswkrg" kpkekcn" fc" Eqokuu«q"
Econômica para a América Latina (CEPAL), no
Chile, sob a direção do economista argentino Raúl
Prebisch.
Furtado permanece na CEPAL por cerca de
fg¦"cpqu0"Chcuvc/ug"fguug"„ti«q"gpvtg"q"Ýpcn"fg"3;79"
g"ogcfqu"fq"cpq"ugiwkpvg."rgtqfq"go"swg"guetgxg"
c" Hqtoc›«q" geqp»okec" fq" Dtcukn." swg" ug" vqtpqw"
a sua obra mais importante. Em seguida, retorna
cq" Dtcukn" g" cuuwog" woc" fcu" fktgvqtkcu" fq" DPFG."
swcpfq" tgcnk¦c" wo" guvwfq" uqdtg" q" Pqtfguvg" swg"
servirá de base para a política de desenvolvimento
fguuc"tgik«q"swg"q"Rtgukfgpvg"Lwuegnkpq"Mwdkvuejgm"
instituirá em 1959. Durante cinco anos ele
eqocpfctƒ"c"gzgew›«q"fguuc"rqnvkec."rquvq"pq"swcn"
será mantido, sucessivamente, por três presidentes
da República.
Em abril de 1964, Furtado teve os seus direitos
rqnvkequ"ecuucfqu"rqt"fg¦"cpqu" rgnq"tgikog"oknkvct."
swg"cuuwog" q" rqfgt" go" cdtkn" fg" 3;860" C"rctvkt" fg"
então, exilou-se sucessivamente no Chile, nos
Guvcfqu"Wpkfqu"g."rqt"Ýo."pc"Htcp›c."qpfg"ngekqpqw"
geqpqokc"pc" Uqtdqppg0"Tgvqtpqw" cq"Dtcukn" cr„u"c"
Lei de Anistia, em 1979. No governo do presidente
José Sarney exerceu o cargo de Ministro da Cultura.
Guetgxgw" egtec" fg" 52" nkxtqu." owkvqu" fqu" swcku"
publicados em vários idiomas.
Sem nenhuma dúvida, o nome Celso Furtado
guvƒ" nkicfq" cq" fc" EGRCN." fg" ewlc" vgqtk¦c›«q"
uqhtgw" kpÞw‒pekc" g" rctc" c" swcn" vcodfio"eqpvtkdwkw0"
Abordaremos inicialmente o primeiro desses
aspectos, deixando o segundo (a sua contribuição)
rctc" q" kvgo" ugiwkpvg0" Ecdg" ngodtct" swg" go" ugwu"
primeiros anos, a CEPAL foi fortemente marcada
pelas ideias de Raúl Prebisch (1949), apresentadas
no Estudio económico de América Latina, cuja força
explicativa viria provocar uma verdadeira ruptura
na compressão dos problemas econômicos dessa
tgik«q."ugiwpfq" q"rt„rtkq"Hwtvcfq." swg"hqk" vcodfio"
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DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
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q"rtkogktq" c"rgtegdgt" q"rtqhwpfq" ukipkÝecfq"fguug"
octeq"vg„tkeq."swg"rqfgtkc"owfct"c"hceg"fc"Cofitkec"
Latina, caso fosse aceito pelos governos dessa
região. (FURTADO, 1985).
Compreende-se, assim, o empenho de
Hwtvcfq" go" vtcfw¦kt" q" Guvwfkq" g" fkxwniƒ/nq" gpvtg"
kpuvkvwk›gu" kpÞwgpvgu" pq" Dtcukn." eqoq" c" Hwpfc›«q"
Getulio Vargas e a Confederação Nacional da
Indústria, esta representada por Rômulo Almeida,
Evaldo Correia Lima e Heitor Lima Rocha. Por este
oqvkxq."q" Dtcukn"cecdqw" rqt"hwpekqpct."kpkekcnogpvg."
como verdadeira caixa de ressonância das ideias
cepalinas.
Dois anos depois do início da CEPAL, durante
os preparativos para a reunião de São José da Costa
Tkec."jcxkc"hqtvgu"kpfekqu"fg"swg"qu"Guvcfqu"Wpkfqu"
xgvctkco" c" eqpvkpwkfcfg" fguug" „ti«q0" Hwtvcfq" hg¦"
gestões junto ao governo do presidente Vargas, no
ugpvkfq" fg" swg" guvg" xqvcuug" rgnc" rgtocp‒pekc" fq"
„ti«q0" Go" uwcu" ogo„tkcu." gng" fk¦" swg" c" rquk›«q"
favorável assumida por Vargas, em defesa da
CEPAL, foi fundamental para a sua manutenção,
rqku" q" xqvq" fq" Dtcukn" eqpvtkdwkw" rctc" swg" xƒtkqu"
outros países latino-americanos assumissem
idêntica posição. (FURTADO, 1985).
Q" swg" fk¦kc" q" ÐocpkhguvqÑ" ncvkpq/cogtkecpq."
eqoq" Ýectkc" eqpjgekfq" q" Guv¿fkq" fg" 3;6;A" C"
kfgkc" egpvtcn" gtc" swg" cu" tgnc›gu" geqp»okecu"
internacionais baseadas na teoria das vantagens
comparativas não resultavam em benefícios
gswkvcvkxqu"rctc"vqfqu" qu"rctvkekrcpvgu"fq" eqofitekq"
mundial. De acordo com Prebisch, isto se dava
rqtswg" c" geqpqokc" owpfkcn" eqpuvkvwc" wo"ukuvgoc"
heterogêneo, pois o progresso técnico se propagava
fg" ocpgktc" fgukiwcn." q" swg" eqpfw¦kc" c" woc"
estruturação da economia mundial como um sistema
egpvtq/rgtkhgtkc0"Q"egpvtq." eqpuvkvwfq"rgnq"rgswgpq"
itwrq" fg" rcugu" pq" ¤odkvq" fqu" swcku" vgxg" nwict" c"
primeira revolução industrial, e a periferia, formada
por países exportadores de produtos primários,
alimentos e matérias primas para os países centrais.
Se em um primeiro momento, o centro é liderado
rgnc"It«/Dtgvcpjc." pq"ugiwpfq." q"fi" rgnqu"Guvcfqu"
Wpkfqu."cwogpvcpfq."eqo"kuuq."cu"fkÝewnfcfgu"rctc"
c"rgtkhgtkc."fcfq" swg"guug"rcu"vcodfio" gtc"itcpfg"
exportador de produtos primários. Em poucas
nkpjcu."guug"fi" q"egtpg"fcu" kfgkcu"fg"Rtgdkuej." swg."
posteriormente, foram acrescentadas por outros
geqpqokuvcu"fc"gswkrg" Î""Cjwocfc."Tgikpq"Dqvvk"g"
Aníbal Pinto e o próprio Furtado – contribuindo para
a constituição da doutrina da CEPAL.
Em vários momentos, Furtado reconheceu o
ukipkÝecfq" g" c" korqtv¤pekc" fc" eqpvtkdwk›«q" vg„tkec"
de Prebisch para o estudo do desenvolvimento,
como na seguinte passagem:
Pgpjwoc" kffikc" vgxg" vcpvq" ukipkÝecfq"
para a percepção do problema do sub-
fgugpxqnxkogpvq"swcpvq" c" fc" guvtwvwtc"
centro-periferia. (FURTADO, 1994).
Ou ainda:
A visão centro-periferia foi a primeira
desenvolvida pelos economistas
swg" kornkecxc" go" inqdcnk¦ct=" g"
cq" inqdcnk¦ctoqu." rgtegdcoqu" c"
desigualdade fundamental entre o
centro e a periferia. A lógica do centro
era uma, a da periferia era outra. Isso
nos armava para formular uma teoria
fq" korgtkcnkuoq." swg" p«q" pgeguukvcxc"
fguug"pqog."q"swcn" chwigpvcxc"rqt"uwc"
conotação marxista. (FURTADO, 1997).
Ao mesmo tempo, o autor não deixou de
ogpekqpct" q" rqpvq" go" swg" c" uwc" cdqtfcigo"
fkuvcpekc/ug" fcswgnc" fq" oqfgnq" egpvtq/rgtkhgtkc."
como veremos no item seguinte.
3
A DÉMARCHE METODOLÓGICA
Fwtcpvg" qu" fg¦" cpqu" fg" rgtocp‒pekc" pc"
CEPAL, Furtado publicou A economia brasileira,
em 1954, A economia da dependência, em 1956, e
Perspectivas da economia brasileira, em 1957. Esses
textos, conjuntamente com a tese de doutorado,
defendida na Universidade de Paris (Sorbonne)
serviram de base para a elaboração, em 1957/58,
fc"Hqtoc›«q"geqp»okec"fq"Dtcukn."qdtc"rtkpekrcn"fq"
cwvqt."uqdtg"c"swcn"pqu"qewrctgoqu"c"ugiwkt0
C"Hqtoc›«q"geqp»okec"fq"Dtcukn."pcu"rcncxtcu"
do autor, é um “grande afresco” da economia
dtcukngktc." eqortggpfgpfq" wo" rgtqfq" swg" xck" fq"
kpekq"fc" eqnqpk¦c›«q"" ffiecfc"fg" 3;720"Vtcfw¦kfc"
em vários países, essa obra tornou-se um clássico
fc"jkuvqtkqitcÝc"dtcukngktc0"Ocku"fq"swg"kuuq
Colocou-se, seguramente, ao lado de
Ecuc" Itcpfg" g" Ugp¦cnc" fg" Ikndgtvq"
Htg{tg." Tc¦gu" fq" Dtcukn." fg" Ufitikq"
Dwctswg" fg" Jqncpfc" g" Hqtoc›«q" fq"
Dtcukn" eqpvgorqt¤pgq" fg" Eckq" Rtcfq"
L¿pkqt."qdtcu"swg" gzrnkeco"q"Dtcukn"cqu"
brasileiros. (OLIVEIRA, 1983).
Korqtvc"fguvcect"cswk"c"swguv«q"ogvqfqn„ikec0"
Fg" ceqtfq" eqo" q" swg" guetgxgw" Hwtvcfq." go" C"
Hcpvcukc" qticpk¦cfc." q" ugw" rtqr„ukvq" gtc" dwuect"
explicar a dinâmica da economia brasileira em
seu processo evolutivo, usando como método a
cuuqekc›«q"fc"geqpqokc"" jkuv„tkc"*hc¦gt"rgtiwpvcu"
com as categorias econômicas e procurar respondê-
las no tempo histórico – nas palavras do autor).
Furtado segue explicando o seu método,
eqorctcpfq/q" cq" fg" Rtgdkuej0" Gng" fk¦" swg" q" ugw"
ofivqfq" fi" fkcet»pkeq." pc" ogfkfc" go" swg" q" ugw"
trabalho trata da evolução histórico-econômica
fq" Dtcukn." gpswcpvq" swg" q" ofivqfq" wucfq" rqt"
Prebisch é sincrônico: o sistema centro-periferia foi
estudado em dois cortes, ou seja, os momentos da
primeira Revolução Industrial e o do pós-1930. A
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reconstituição do processo histórico em seu todo, e
não apenas em cortes sucessivos, permitiu-lhe dar
a devida dimensão ao fato colonial. Este, e não a
condição periférica, estaria na base da situação de
subdesenvolvimento, segundo o autor. Avançando
go"rqpvq"swg"xgtgoqu"ocku""htgpvg."uqogpvg"eqo"
c"kpfwuvtkcnk¦c›«q"uwrgtc/ug"c"fgrgpf‒pekc"eqnqpkcn."
o subdesenvolvimento.
Um segundo aspecto a observar sobre o
método refere-se aos fatores tempo e espaço. Na
cpƒnkug" fc" Hqtoc›«q" geqp»okeq" fq" Dtcukn." owkvqu"
autores e o próprio Furtado, têm chamado a atenção
para a relevância da abordagem histórica ali adotada,
ognjqt" fk¦gpfq." q" guvwfq" fg" eqpegkvqu" g" pq›gu"
econômicas, numa perspectiva histórica. Mas, no
nosso entender, o aspecto espaço, no sentido de
região, não tem merecido a atenção devida. Isso é
ewtkquq"rqtswg" pq"nkxtq" jƒ"kp¿ogtcu" tghgt‒pekcu"cq"
espaço, às regiões, às economias regionais, e são
guvcu"swg."pc"rt„rtkc"xku«q"fg" Hwtvcfq."x«q"eqorqt"
q" swg" ugtkc" c" geqpqokc" fq" rcu" go" ugw" gxqnwkt"
histórico.
Rctgeg"dcuvcpvg" gxkfgpvg" swg."pc" Hqtoc›«q"
geqp»okec"fq"Dtcukn."Hwtvcfq."cq"guvwfct"c"fkp¤okec"
da economia brasileira, trabalha ao mesmo tempo
com as dimensões temporal e espacial. Essa
eqpuvcvc›«q" ngxc/pqu" c" kpfcict." ocku" woc" xg¦." c"
tgurgkvq" fq" ofivqfq0" ¡" rquuxgn" hc¦gt" wo" rctcngnq"
gpvtg" guug" ofivqfq" g" q" fg" Dtcwfgn" *3;:7+" go" ugw"
xcuvq" rtqitcoc" fg" rguswkucu" uqdtg" c" ekxknk¦c›«q"
fq" Ogfkvgtt¤pgq0" Ngodtgoqu" swg" Dtcwfgn." swg"
gortgiqw" c" ffioctejg" ogvqfqn„ikec" swg" cuuqekc"
vgorq"g"gurc›q" *Jkuv„tkc"g"IgqitcÝc+." fgpqokpqw."
owkvcu" xg¦gu." q" ugw" ofivqfq" fg" igq/jkuv„tkeq0"
(AYMARD et al, 1988; GEMELLI, 1990). Sob esse
aspecto, há similitudes entre os métodos dos dois
autores. Mas seria preciso marcar as diferenças.
Go" guu‒pekc." q" gurc›q." q" igqitƒÝeq" go" Dtcwfgn"
fi."uqdtgvwfq." c"rckucigo" igqitƒÝec."qu" rgswgpqu"
hcvqu"fc" igqitcÝc"hukec"*qu"cekfgpvgu"igqitƒÝequ+"
g" pq" rncpq" geqp»okeq." qeqtt‒pekcu" owkvcu" xg¦gu"
do cotidiano. Em Furtado, o espaço é o espaço
econômico, são as relações econômicas espaciais.
Nesse sentido, ele se distancia da Escola dos Anais,
fc"swcn"Dtcwfgn"hqk"wo"fqu"itcpfgu"gzrqgpvgu0
4
A FORMAÇÃO DAS REGIÕES
Conforme assinalamos antes, é a partir das
economias regionais, em seus diversos momentos,
swg" Hwtvcfq" dwuec" eqortggpfgt" c" hqtoc›«q" fc"
geqpqokc"dtcukngktc"pwoc" rgturgevkxc"jkuv„tkec"swg"
xck"fq"eqog›q"fc"eqnqpk¦c›«q"rqtvwiwguc""rtkogktc"
metade do século passado.
Q"nqpiq"rtqeguuq"go"swg"ug"fƒ"q"uwtikogpvq."
a expansão e a decadência da economia açucareira
do Nordeste é estudado nos primeiros capítulos
fc" Hqtoc›«q" geqp»okec" fq" Dtcukn0" Pgnc." u«q"
distinguidos dois subsistemas: o de produção do
c›¿ect" g" q" fg" etkcv„tkq." swg" kpvgtcigo" gpvtg" uk0"
A região produtora de açúcar atinge o auge entre
q" Ýpcn" fq" ufiewnq" ZXK" g" q" kpekq" fq" ufiewnq" ZXKK0"
Segue-se um período de decadência decorrente da
eqpeqtt‒pekc"fc" ecpc" fg"c›¿ect" swg" rcuuqw"c" ugt"
cultivada nas Antilhas.
O empobrecimento da colônia e da metrópole
portuguesa, provocado pelo declínio da economia
fq"c›¿ect."ngxc""kpvgpukÝec›«q"fc"dwuec"fg"ogvcku"
rtgekququ."swg"ktƒ"tguwnvct"Ýpcnogpvg"pc"fgueqdgtvc"
do ouro de aluvião em Minas Gerais. A economia da
tgik«q"cwthgtc."swg"ug"gzrcpfg"rqt"xƒtkcu"ffiecfcu."
estabelece articulações com as regiões Sul e
Nordeste, na compra de gado para a alimentação
e de muares para o transporte de carga. O efeito
de atração da economia mineira estendeu-se não
apenas ao Sul e ao Nordeste, mas também a São
Paulo e ao Centro-Oeste. Ela tornou
Interdependentes as diferentes regiões,
gurgekcnk¦cfcu."wocu"pc"etkc›«q."qwvtcu"
na engorda e distribuição, e outras
constituindo os principais mercados
consumidores. (FURTADO, 1973).
Ugiwg/ug"wo"nqpiq"rgtqfq"fg"vt‒u"swctvqu"fg"
ufiewnq"fg"guvcipc›«q"geqp»okec."cq"Ýo"fqu" swcku."
tem início um novo período de crescimento graças
à emergência da produção cafeeira em São Paulo.
Essa expande um amplo mercado interno e contribui,
ocku" vctfg." rctc" c" kpfwuvtkcnk¦c›«q0" ¡" rquuxgn"
distinguir então as seguintes regiões: a região
do açúcar e do algodão (Nordeste) e a economia
de subsistência a ela agregada; a região Sul,
fundamentalmente de economia de subsistência, a
tgik«q"echggktc"g"c"tgik«q"coc¦»pkec0
A região cafeeira em seu processo de
expansão vai consolidar a articulação de todas as
regiões em torno dela e abrir caminho para a futura
integração dos sistemas econômicos regionais.
Guug"swcftq"ug"ocpvfio"pcu"vt‒u"rtkogktcu"ffiecfcu"
do século XX.
A crise da economia cafeeira (crise do setor
exportador) e os mecanismos de proteção das
mesmas, engendrados pelos governos dos estados
echggktqu"g"q"Iqxgtpq"Hgfgtcn."fgtco"gpuglq"c"swg"q"
mercado interno se transformasse na principal fonte
de dinamismo da economia brasileira, substituindo o
setor externo.
A explicação encontrada por Furtado para as
owfcp›cu"swg."pc" ffiecfc"fg"3;52." korwnukqpco"c"
kpfwuvtkcnk¦c›«q"pq"rcu."vqtpqw/ug"enƒuukec0"Ukicoqu"
o raciocínio de Furtado. Segundo ele, a crise mundial
de 1930 marca o colapso da economia colonial
pq" Dtcukn." hcvq" swg" xck" ug" eqpÝiwtct" ghgvkxcogpvg"
c" ofifkq" g" nqpiq" rtc¦qu0" Fg" kogfkcvq" q" iqxgtpq"
revolucionário cuidou de garantir os interesses
dos cafeicultores, ao dar continuidade à política de
fghguc" fq" echfi." q" swg" q" ngxqw" c" kt" owkvq" cnfio" fc"
simples estocagem do produto, passando a destruir
103
DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
parcela considerável da produção invendável (80
oknjgu" fg" ucecu" fg" 82" swknqu" go" ogpqu" fg" fg¦"
cpqu+0" G" q" swg" rctgekc" ocku" guvtcpjq" gtc" swg."
pc" korquukdknkfcfg" fg" tgeqttgt" cq" Ýpcpekcogpvq"
externo, em decorrência da crise, o governo Vargas
lançara mão da emissão monetária, estimulando
a retomada da economia. Esse paradoxo é assim
explicado por Furtado:
À primeira vista parece um absurdo
colher o produto para destruí-lo. Contudo,
situações como essa se repetem todos
os dias nas economias de mercado.
Rctc"kpfw¦ktgo"q"rtqfwvqt" c"p«q"eqnjgt."
qu"rtg›qu"vgtkco"swg"dckzct"owkvq"ocku."
particularmente se se tem em conta
swg"qu"ghgkvqu"fc" dckzc"fg"rtg›qu"gtco"
parcialmente anulados pela depreciação
fc" oqgfc0" Qtc." eqoq" q" swg" ug" vkpjc"
go" xkuvc" gtc" gxkvct" swg" eqpvkpwcuug" c"
dckzc" fg" rtg›qu." eqortggpfg/ug" swg"
se retirasse do mercado parte do café
colhido para destruí-lo. Obtinha-se,
fguuc"hqtoc." q"gswkndtkq" gpvtg"c" qhgtvc"
e a procura a nível mais elevado de
preços. (FURTADO, 1973).
Fk¦."go"qwvtc"rctvg."q"cwvqt
Q" swg" korqtvc" vgt" go" eqpvc" fi" swg" q"
xcnqt" fq" rtqfwvq" swg" ug" fguvtwc" gtc"
muito inferior ao montante da renda
swg"ug"etkcxc0"Guvƒxcoqu." go"xgtfcfg."
eqpuvtwkpfq" cu" hcoqucu" rkt¤okfgu" swg"
cpqu"fgrqku"rtgeqpk¦ctkc"Mg{pgu0"Fguuc"
forma, a política de defesa do setor
cafeeiro nos anos da grande depressão
eqpetgvk¦c/ug"pwo"xgtfcfgktq"rtqitcoc"
de fomento da renda nacional. Praticou-
ug" pq" Dtcukn." kpeqpuekgpvgogpvg." woc"
política anticíclica de maior amplitude
swg"c"swg"ug"vgpjc" ugswgt"rtgeqpk¦cfq"
go"swcnswgt"fqu"rcugu"kpfwuvtkcnk¦cfqu"
(FURTADO, 1973).
A partir de 1933, a economia brasileira começa
a se recuperar; nesse momento as atividades mais
dinâmicas deixam de ser as do setor exportador,
swg" u«q" uwduvkvwfcu" rqt" cswgncu" xqnvcfcu" rctc"
o mercado interno. E o impulso maior deriva das
kpf¿uvtkcu" swg" uwduvkvwgo" dgpu" swg" cpvgu" ug"
importavam, ou seja, destinavam-se a atender uma
demanda preexistente
2
.
Xqnvgoqu" " swguv«q" tgikqpcn" swg" guvcoqu"
tratando neste item. O último capítulo da
Hqtoc›«q" geqp»okec" dtcukngktc" vtc›c" wo" swcftq"
das disparidades regionais no país na primeira
metade do século XX. O ponto de partida ali é
o desenvolvimento contraditório decorrente da
kpfwuvtkcnk¦c›«q" swg." pcvwtcnogpvg." qeqttg" pc"
região cafeeira, transformada, por isso, em núcleo
fkp¤okeq." go" vqtpq" fq" swcn" cu" fgocku" tgikgu" ug"
ctvkewnco0"Q"eqplwpvq"fc"geqpqokc"ug"dgpgÝekc"rgnq"
hcvq"fg"swg"wo"p¿engq"ug"eqpuvkvwk0"Ocu"q"tgxgtuq"fc"
medalha são as disparidades regionais.
Furtado ressalta empiricamente as
disparidades regionais através de dados da produção
industrial. As indústrias surgiram mais ou menos
ao mesmo tempo em diversas regiões do país,
em meados do século XIX. Mas o censo de 1920
já mostra uma grande concentração industrial em
U«q"Rcwnq."swg"eqpvkpwctƒ"cwogpvcfq"pcu"ffiecfcu"
seguintes. Entre 1948 e 1955 a participação de São
Rcwnq" pq" RKD" kpfwuvtkcn" rcuuc" fg" 5;.8'" c" 67.5'"
gpswcpvq" c" fq" Pqtfguvg" *fc" Dcjkc" cq" Egctƒ+." pq"
oguoq"rgtqfq."eck"fg" 38.5'"c";.8'0"Rqt"uwc" xg¦."
c"tgpfc"rgt"ecrkvc"fg"U«q"Rcwnq"gtc"6.9"xg¦gu"ocku"
cnvc"swg"c"fq"Pqtfguvg0"*HWTVCFQ."3;95+0
O núcleo cafeeiro-industrial passou a
articular as demais regiões do país em torno de si.
C"kpvgitc›«q" swg"ug" fctkc"go" vgorq" tgncvkxcogpvg"
curto, segundo Furtado, implicaria a ruptura das
formas arcaicas de produção em certas regiões.
Ocu" gng" xkunwodtc" vcodfio" qwvtc" jkr„vgug" go" swg"
c" kpvgitc›«q" rwfguug" ukipkÝect" Ðq" crtqxgkvcogpvq"
mais racional de recursos e fatores no conjunto da
economia nacional”.
Sem dúvida, o último capítulo, o de número
58."fc"Hqtoc›«q"geqp»okec"fq"Dtcukn."hc¦"c"nkic›«q"
dessa obra ao conteúdo do GTDN, escrito pouco
tempo depois.
5
O NORDESTE COMO A QUESTÃO REGIONAL
BRASILEIRA
Fgufg"q"Ýpcn"fq"ufiewnq"ZKZ."q"Pqtfguvg"vqtpc/
ug"c" swguv«q" tgikqpcn"dtcukngktc0" Uqd"q" korcevq" fc"
grande seca de 1977-79, o governo central (imperial,
à época) colocou em prática algumas medidas no
campo da engenharia para acumular água na região
semiárida. Em 1909, já na República, iniciou-se uma
política do Governo Federal destinada a construir
açudes e estradas, com a intenção de resolver o
swg"ug"eqpukfgtcxc"gpv«q"eqoq"q"rtkpekrcn"rtqdngoc"
pqtfguvkpq
dessa política, a sua apropriação pelos grandes
proprietários de terras e a malversação de recursos
r¿dnkequ"eqpfw¦ktco"" pgeguukfcfg"fg"tgfkuewuu«q"
do problema do Nordeste e de suas soluções no
âmbito de uma nova política.
O sucesso norte-americano da Tennessee
Valley Authority (TVA) foi um tema em debate
durante vários anos no Congresso Nacional, na
segunda metade da década de 1940, em torno
fg" rtqlgvqu" swg" crnkectkco" cswgng" oqfgnq" u"
dcekcu"fqu" tkqu" Coc¦qpcu" g" U«q" Htcpekueq0" Fgngu"
resultou a criação da Superintendência do Plano
fg" Xcnqtk¦c›«q"Geqp»okec" fc" Coc¦»pkc" *URXGC+"
g" fc"Eqorcpjkc" fg" Xcnqtk¦c›«q" fq" U«q" Htcpekueq"
*EXUH+."swg." vqfcxkc."p«q"rcuuctco" fg"cttgogfqu"
do modelo norte-americano.
104
Hermes Magalhães Tavares
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
Na década de 1950, ocorreram no Nordeste
pqxqu"hcvqu"swg"etkctco"eqpfk›gu"rtqrekcu"c"pqxcu"
kfgkcu" uqdtg" c" swguv«q" pqtfguvkpc." g" swg" ngxctco"
q" iqxgtpq" hgfgtcn" c" oqfkÝect" c" uwc" rqnvkec" rctc"
cswgnc" tgik«q0" Go" ugw" ugiwpfq" iqxgtpq." Xcticu."
orientado pela sua assessoria econômica, criou
q" Dcpeq" fq" Pqtfguvg" Dtcukngktq" *DPD+." g" cegngtqw"
a construção da Hidrelétrica de Paulo Afonso. Na
mesma assessoria começou-se a discutir um plano
econômico para o Nordeste, e um estudo de Rômulo
fg"Cnogkfc" eqpenwtc"swg" q" cvtcuq"g" c"rqdtg¦c"fc"
região não se deviam a fatores climáticos (a falta
fg"ejwxcu+"g"uko""qticpk¦c›«q"geqp»okec"tgikqpcn"
kpcfgswcfc0" Vtcdcnjqu" tgcnk¦cfqu" go" 3;75." rgnq"
consultor da ONU, Hans Singer, reforçaram o
argumento de Rômulo de Almeida. Singer (1962)
abordou ainda outros pontos como, por exemplo, o
hcvq"fg"swg"c"rqnvkec"fg"fgugpxqnxkogpvq"geqp»okeq"
para o país como um todo estava a contribuir para o
empobrecimento relativo do Nordeste, bem como a
hcnvc"fg"woc"rqnvkec"fg"kpegpvkxqu"Ýpcpegktqu"g"Ýuecku"
rctc" c" tgik«q." rtƒvkec" swg" gtc" cfqvcfc" go" cniwpu"
países europeus. A tudo isso, se somaria a execução
fq"Rncpq"fg" Ogvcu"fq"iqxgtpq"Mwdkvuejgm."kpkekcfq"
em 1956, cujos investimentos se concentraram nas
tgikgu" ocku" kpfwuvtkcnk¦cfcu" fq" rcu." ugo" eqpvct"
qu"gpqtogu"icuvqu"eqo"c"eqpuvtw›«q"fg" Dtcunkc."c"
chamada meta-síntese do Plano.
Cu"qticpk¦c›gu"fc"uqekgfcfg"ekxkn."uqdtgvwfq"
no meio rural, cresceram rapidamente no mesmo
período e pressionaram o governo federal por
ogfkfcu" swg" kco" fc" fguvkpc›«q" fg" kpxguvkogpvqu"
públicos compensatórios para a região à reforma
agrária.
¡" pguug" eqpvgzvq" swg" cu" kfgkcu" fg" Egnuq"
Furtado sobre o Nordeste tornam-se conhecidas e
vão ganhar força política, ao serem adotadas, em
3;7;." rgnq" Rtgukfgpvg" Mwdkvuejgm." swg" dwuecxc"
bases mais consistentes no sentido de uma nova
c›«q"iqxgtpcogpvcn"pcswgnc"tgik«q."rqfgpfq."cuuko."
tgurqpfgt"u" fgocpfcu" uqekcku"swg" ug"eqnqecxco"
fortemente durante o seu governo. Essas ideias
hqtco" ukuvgocvk¦cfcu" pq" tgncv„tkq" lƒ" ogpekqpcfq."
swg" cdqtfc" xƒtkqu" vgocu" eqoq" qu" fgugswkndtkqu"
regionais e o seu agravamento devido à política do
Iqxgtpq"Hgfgtcn"rctc" gzrcpfkt"c"kpfwuvtkcnk¦c›«q" g"
c"kpcfgswc›«q"fc"guvtwvwtc"citƒtkc0""
5.1
Os desequilíbrios regionais e o Nordeste
Qu" fgugswkndtkqu" tgikqpcku." swg" lƒ" jcxkco"
sido examinados no último capítulo da Formação
geqp»okec"fq" Dtcukn."cuuwogo"itcpfg" korqtv¤pekc"
no estudo do GTDN, conforme dissemos antes. Além
dessa obra, há um texto de 1957, A perspectiva da
geqpqokc"dtcukngktc." go" swg"Hwtvcfq"crtgugpvc" qu"
fgugswkndtkqu"tgikqpcku"pq"Dtcukn"uqd" qwvtq"¤piwnq0"
Fk¦"gng"swg"q"Dtcukn"gtc"
Um imenso contínuo territorial, dotado
de unidade política e cultural, mas
descontínuo e heterogêneo do ponto de
vista econômico. (FURTADO, 1957).
Dois terços do território nacional de 8,5
oknjgu" fg" swkn»ogvtqu" swcftcfqu" ugtkco" wo"
kogpuq"xc¦kq"fgoqitƒÝeq"*rqweq"ocku"fg"9"oknjgu"
de habitantes) e econômico. No terço restante do
vgttkv„tkq"gng"kfgpvkÝec"fqku"uwdukuvgocu"geqp»okequ
q"pqtfguvkpq" *fc"Dcjkc" cq"Egctƒ+." eqo"3:" oknjgu"
de habitantes e 1,3 milhões de Km² e o sistema
sulino (de Minas gerais ao Rio Grande do Sul).
Q" ukuvgoc" pqtfguvkpq" fi" ectcevgtk¦cfq" eqoq"
uma economia de renda per capita de 100 dólares
anuais, não integrada, composta de “manchas”
geqp»okecu" swg" ug" ctvkewncxco" guecuucogpvg."
sendo a atividade comercial (capital mercantil)
dominante. O sistema sulino, com uma renda per
capita de 340 dólares anuais, apesar de ainda possuir
áreas de economia de subsistência, encontrava-se
em processo relativamente avançado de integração
econômica.
Uma programação para desenvolver o
Pqtfguvg"fgxgtkc"ngxct"go"eqpvc"q"hcvq"fg"swg" guuc"
região poderia contar com a expansão do mercado
do Sul do país em franca expansão.
No caso do Nordeste, observa-se a
circunstância favorável de essa região
ter acesso a um mercado relativamente
grande e em expansão: o Sul do país.
(FURTADO, 1957).
5.2
Do GTDN à SUDENE
Há, portanto, um conjunto de elaborações
swg" ug" gzrtguuco" pcu" fwcu" qdtcu." c" fg" 3;79."
g" c" fg" 3;7;." swg" ug" rtqlgvco" pq" tgncv„tkq" fq"
IVFP" crtgugpvcfq" cq" Rtgukfgpvg" Mwdkvuejgm"
em março de 1959. O GTDN é na verdade um
diagnóstico detalhado e bastante articulado da
economia do Nordeste e um esboço de plano de
ação. Portanto, uma proposta de planejamento
fcswgng" gurc›q0" Korqtvc" ogpekqpct" fgufg" lƒ" swg"
esse estudo tornou-se um marco na literatura
gurgekcnk¦cfc"dtcukngktc" uqdtg"c" swguv«q"tgikqpcn" g"
permanece, ainda hoje, como fonte de referência
obrigatória. O conhecimento teórico do autor e a sua
permanência de alguns anos na Europa devastada
pela guerra, e em reconstrução, certamente foram
fundamentais para o resultado obtido. Quanto ao
rtkogktq" curgevq." fi" enctc." pq" tgncv„tkq." c" kpÞw‒pekc"
do conceito de desenvolvimento na linha cepalina,
dgo" eqoq" q" gphqswg" fqu" rtqeguuqu" uqekcku"
ewowncvkxqu" fg" O{tfcn" *3;94+." swg." ugiwpfq" guvg."
gtco" tgurqpuƒxgku" rgnqu" fgugswkndtkqu" tgikqpcku0"
O livro de Myrdal publicado a partir de conferências
rtqpwpekcfcu"pq"Ecktq"go"3;77"vtcvcxc"fg"swguvgu"
105
DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
fq" fgugpxqnxkogpvq" ecrkvcnkuvc" swg" jcxkco" ug"
tornado muito evidentes com a depressão de
1930. Quanto ao segundo aspecto, na Europa do
imediat
o pós-guerra, as desigualdades sociais tanto
swcpvq"cu"fgukiwcnfcfgu"tgikqpcku"eqpuvkvwco"woc"
swguv«q"ecpfgpvg0"Fg"woc"hqtoc"igtcn."qu"iqxgtpqu"
europeus viram no planejamento o caminho para
uqnwekqpct"guucu"swguvgu0"Gzrgtk‒pekcu"eqoq"c"fq"
Plano Marshall, para a Europa, e o Planejamento
Indicativo francês tiveram grande êxito.
Cu" fkuewuugu" go" vqtpq" fqu" fgugswkndtkqu"
regionais expressos na forma de grandes
concentrações econômicas nas metrópoles e
empobrecimento de outras áreas, ao se tornarem
conhecidas de parcelas crescentes de população,
eqpvtkdwtco" rctc" swg" qu" iqxgtpqu" cfqvcuugo"
políticas de desenvolvimento regional em escala
nacional (Inglaterra, França e Itália, sobretudo).
Entre 1946 e 1948, Celso Furtado viveu de perto
essa realidade. Em 1947, foi publicado o livro de
François Gravier, Paris et le désert français (1947),
c" rctvkt" fq" swcn" jqwxg" wo" itcpfg" fgdcvg" uqdtg"
qu" fgugswkndtkqu" tgikqpcku" pc" Htcp›c." g" swg" ug"
desdobrou por alguns anos. Agregue-se a isso o fato
fg"swg" Qticpk¦c›«q"g"Rncpglcogpvq" hqtco"ugortg"
ecorqu"fq"eqpjgekogpvq"swg"fgurgtvctco"kpvgtguug"
particular para o nosso autor, desde a época de seu
curso de Direito e de técnico de administração do
DASP.
" Pq" Dtcukn." cu" fkurctkfcfgu" tgikqpcku"
cwogpvctco" ukipkÝecvkxcogpvg" eqo" c"
kpfwuvtkcnk¦c›«q" g" p«q" ug" rqfgtkc" cÝtoct" swg" gncu"
diminuiriam espontaneamente com o passar do
tempo. Na contramão dos pressupostos liberais,
O{tfcn" *3;94+" cÝtocxc" swg" qu" fgugswkndtkqu"
econômicos tendiam a aumentar sob o efeito do
Ðnckuug¦"hcktgÑ0"Pq"IVFP."n‒/ug"swg"cu"fgukiwcnfcfgu"
econômicas muito acentuadas entre duas regiões
(o Nordeste e o Centro-Sul) corriam o risco de
Ðkpuvkvwekqpcnk¦ct/ugÑ0
Outra ideia-força derivava da tese cepalina
fc" fgitcfc›«q" fqu" vgtoqu" fg" kpvgte¤odkq." swg."
aplicada à relação Nordeste/Centro-Sul, permitia
eqpenwkt" swg" c" rtkogktc" tgik«q" vkxgtc" woc" rgtfc"
importante, estimada, na época, em 24 milhões de
dólares no período de 1948 a 1953.
A análise da região nordestina, por comparação
eqo" c" tgik«q" ocku" kpfwuvtkcnk¦cfc" fq" Egpvtq/Uwn."
kpfkecxc." go" rtkogktq" nwict." swg" c" uwc" tgpfc" rgt"
capita era de 100 dólares anuais,
correspondente a
1/3 da do Centro-Sul. O Nordeste aparecia, assim,
eqoq"c"ocku"gzvgpuc"g"rqrwnquc"ƒtgc"fg"rqdtg¦c"fq"
Hemisfério ocidental. Daí a gravidade do problema
nordestino no contexto nacional.
Avançando na análise, o relatório indicava
swg"q" ugvqt"gzrqtvcfqt."swg"cvfi" gpv«q"korwnukqpctc"
c" geqpqokc" pqtfguvkpc." gphtgpvcxc" ecfc" xg¦" ocku"
fkÝewnfcfgu" go" eqpvkpwct" c" ewortkt" vcn" rcrgn." g"
fgfw¦kc"q"fqewogpvq"swg"c"kpfwuvtkcnk¦c›«q"eqpuvkvwc"
a única alternativa viável de desenvolvimento da
região.
Um dos capítulos de maior força do relatório
fi" q" swg" vtcvc" fqu" curgevqu" uqekqgeqp»okequ" fcu"
ugecu0" Qdugtxc" q" fqewogpvq" swg" pc" rgturgevkxc"
da economia da região nordestina, “a seca é uma
crise de produção de magnitude limitada”. Contudo,
gnc" cuuwog" gpqtog" fkogpu«q" rqtswg" cvkpig"
rtgekucogpvg"c"rctvg"fc"rqrwnc›«q"swg"fgrgpfg"fc"
Ðgeqpqokc"fg"uwdukuv‒pekcÑ0"Fk¦"q"tgncv„tkq
Analisando-se os efeitos da seca
nas três camadas da economia das
¦qpcu" ugok/ƒtkfcu" Î" c" fc" citkewnvwtc"
de subsistência, a do algodão mocó e
c"fc" etkc›«q" Î" xgoqu" swg" c" itcxkfcfg"
do fenômeno e seu prolongamento em
crise social se devem ao fato de seus
efeitos incidirem de forma concentrada
na primeira das referidas camadas. Em
cniwocu"¦qpcu"vrkecu."c"ugec"cecttgvqw"
a perda praticamente total da agricultura
de subsistência, sendo menores seus
efeitos, porém, na produção de algodão.
*ITWRQ" FG" VTCDCNJQ" RCTC" Q"
DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE,
1959).
Q" tgncv„tkq" fgvfio/ug" pq" ukipkÝecfq" fc"
economia de subsistência:
A renda real de grande parte da
população encontra [nessa economia] a
sua fonte primária, e as outras atividades,
pc" hqtoc" eqoq" guv«q" qticpk¦cfcu."
pressupõem a existência de mão-de-
qdtc" dctcvc0" *ITWRQ" FG" VTCDCNJQ"
PARA O DESENVOLVIMENTO DO
NORDESTE, 1959).
Gpvgpfg/ug." fguug" oqfq." rqt" swg" kpvgtguuc"
cq" hc¦gpfgktq" fkurqt." pc" hc¦gpfc." fq" oƒzkoq" fg"
trabalhadores.
Rctvkpfq" fq" rtguuwrquvq" fg" swg" gtc"
pgeguuƒtkq" gxkvct" swg" qu" ghgkvqu" ocku" itcxgu"
das secas se concentrassem na camada menos
resistente do sistema econômico, coloca-se a ideia
do deslocamento da fronteira agrícola nordestina.
Cuuko." q" tgncv„tkq" vtc¦kc" c" kfgkc" fc" eqnqpk¦c›«q"
de terras úmidas em outros locais, para onde
deveriam ser orientadas parcelas de camponesas
fq"Ugokƒtkfq." rtqrquvc" guuc"swg" lƒ" ug"gpeqpvtcxc"
em outros estudiosos do Nordeste, particularmente
go" Iwkoct«gu" Fwswg" g" Kipƒekq" Tcpign0" Guuc"
estratégia se tornaria viável com a incorporação do
Maranhão, onde havia terras públicas na pré-hiléia
coc¦»pkec."g" q"Guvcfq" fq"Rkcw."" tgik«q/rncpq"fc"
SUDENE, órgão a ser criado. Surgia ali a ideia do
rtqlgvq"fg"eqnqpk¦c›«q"fq"Octcpj«q0"C"vtcpuhgt‒pekc"
de nordestinos para outras regiões, espontânea ou
estimulada por governos (notadamente a migração
106
Hermes Magalhães Tavares
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
rctc"c"Coc¦»pkc."pc"hqtoc"fg"woc"rqnvkec"" firqec"
fq" Korfitkq+" ugortg" hqk" woc" swguv«q" ugpuxgn" pq"
Nordeste. Assim, uma nova política econômica para
c" tgik«q" swg" rtqrwuguug" c" tgvktcfc" fg" rqrwnc›«q"
encontraria fortes resistências. Daí a ideia
(estratégica) de incluir os Estados do Maranhão e
do Piauí na região-plano da SUDENE.
A segunda estratégia agrícola consistia na
irrigação das bacias dos açudes, mediante uma política
swg"rquukdknkvcuug"c"fgucrtqrtkc›«q"fcswgncu"ƒtgcu0"
A primeira grande tarefa da nova política, ainda na
fase do Conselho de Desenvolvimento do Nordeste
(CODENO), foi a elaboração do projeto de lei de
irrigação. A terceira estratégia era a reestruturação
da área de monocultura da cana-de-açúcar, na Zona
da Mata, destinando-a, prioritariamente, à produção
fkxgtukÝecfc"fg"cnkogpvqu0
C"kpf¿uvtkc"tgikqpcn."go"uwc"swcug"vqvcnkfcfg."
de bens de consumo, sobretudo têxteis e de alimentos,
fgxgtkc" ugt" oqfgtpk¦cfc." rctc" vgt" eqpfk›gu" fg"
competir com a moderna indústria do Centro-Sul. Ao
Estado caberia investir em infraestrutura (energia
elétrica, transporte e saneamento) e em indústrias
fg"dcug."eqoq" c"ukfgtwtikc0"Cnfio"fq"Ýpcpekcogpvq"
através de bancos do Estado, seriam criados
ogecpkuoqu"fg"guvownqu" Ýuecku"g"Ýpcpegktqu."pqu"
moldes dos praticados nos países desenvolvidos e
mesmo no Centro-Sul do país.
Tratava-se, portanto, de uma política de
oqfgtpk¦c›«q."ognjqt"fk¦gpfq."fg"fgugpxqnxkogpvq"
do capitalismo no Nordeste, agrário e pobre.
Q" oqxkogpvq" ecorqp‒u" qticpk¦cfq" *Nkicu"
Camponesas) discordava da política para o
ogkq" twtcn." swg" eqpukfgtcxc" eqpugtxcfqtc." ocu"
p«q" ug" qrwpjc" " rtqrquvc" fg" kpfwuvtkcnk¦c›«q0"
A oposição concentrava-se de fato no lado dos
poderosos interesses agrários da região e a força
fg" swg" fkurwpjco" lwpvq" " kortgpuc" tgikqpcn" g" cq"
Congresso Nacional. O jornalista e escritor Antônio
Ecnncfq."go"hcoqucu"tgrqtvcigpu" fq"Ýpcn"fqu"cpqu"
1950 para o jornal Correio da Manhã, descreveu o
processo popularmente denominado “indústria das
secas”, isto é, práticas espúrias de apropriação de
recursos públicos destinados a ajudar os atingidos
pelas secas. (CALLADO, 1959).
Hqk"pguug"eqpvgzvq" swg." go"3;7;." Lwuegnkpq"
Mwdkvuejgm."eqo"c"crtqxc›«q"fq"Eqpitguuq"Pcekqpcn."
instituiu a Superintendência do Desenvolvimento
do Nordeste (SUDENE), para colocar em prática a
política prevista no GTDN.
O plano foi bem aceito pelas principais
hqt›cu"uqekcku" swg."pqu" ¿nvkoqu"cpqu" fc"ffiecfc" fg"
1950, reivindicavam um tratamento diferenciado
rctc" q" Pqtfguvg." eqo" cu" tguvtk›gu" swg" lƒ" hqtco"
ogpekqpcfcu0" Go" woc" firqec" go" swg" ug" guvcxc"
longe de ouvir falar em planejamento participativo,
fi" kpfkuewvxgn" swg" q" rtqlgvq" fc" pqxc" rqnvkec" fg"
desenvolvimento do Nordeste contou com grande
crqkq" rqrwnct." q" swg" eqpeqttgw" go" nctic" ogfkfc"
rctc"swg"guuc" rtqrquvc"p«q"hquug" fgttqvcfc"fgufg"
o início, diante da enorme pressão da direita,
majoritária no Congresso Nacional. Esse apoio
ocorreu em vários momentos e situações, como em
woc" itgxg" swg" rctcnkuqw" Tgekhg" rqt" wo" fkc." rctc"
cobrar do Congresso a aprovação do Primeiro Plano
Diretor da SUDENE. Uma participação popular
fguug"vkrq" eqo"cswgng" Ýo"ugtkc" wo"hcvq" kpfifkvq"pq"
mundo, segundo Hirschman (1963).
A primeira fase da política de desenvolvimento
fq"Pqtfguvg."swg"xck"fg"3;7;"cq"iqnrg"fg"3;86."eqoq"
de resto o desdobramento dessa política até período
recente, já foi analisada em uma ampla literatura
gurgekcnk¦cfc"*CTCòLQ."4222="IWKOCTÊGU"PGVQ."
1989). Em decorrência disso vamos nos restringir
a abordar apenas dois pontos: a delimitação das
regiões e as inovações da SUDENE.
a) A delimitação das regiões
No GTDN, Furtado estuda a dinâmica do
Nordeste em relação ao Centro-Sul. Portanto,
a escala de abordagem é macroespacial (e
macroeconômica). O Nordeste, de acordo com as
tgikqpcnk¦c›gu"cfqvcfcu"fgufg" q"kpekq"fc" ffiecfc"
fg" 3;62." eqortggpfkc" qu" Guvcfqu" fc" Dcjkc" cq"
Egctƒ0" Xkoqu" swg" rqt" wo" oqvkxq" guvtcvfiikeq." c"
região-plano da SUDENE inclui também o Piauí e
o Maranhão. Já o Centro-Sul não corresponde a
woc" fcu" ocetqttgikgu" fgÝpkfcu" rgnqu" ig„itchqu"
e economistas. É uma noção um tanto vaga. Ela já
aparece, embora apenas mencionada rapidamente,
por Caio Prado Júnior em seu livro História econômica
fq" Dtcukn" *3;85+." rtkogktcogpvg" gfkvcfq" go" 3;640"
No GTDN, o Centro-Sul toma o lugar do Sul das
obras anteriores de Furtado, ou seja, a economia
do país passa a conformar uma estrutura de apenas
dois subsistemas, o do Nordeste e o do Centro-Sul,
abstração possível graças ao argumento de Furtado
fg"swg"fqku"vgt›qu"fq" vgttkv„tkq"pcekqpcn"eqpuvkvwgo"
wo"xc¦kq"geqp»okeq"g"fgoqitƒÝeq0"Eqpetgvcogpvg."
o Centro-Sul do GTDN (1959)
Compreende os Estados litorâneos do
Espírito Santo ao Rio Grande do Sul
e os Estados mediterrâneos (Minas
Gerais, Mato Grosso e Goiás).
Observando bem, esse tratamento da
dinâmica regional do país é próxima da abordagem
fwcnkuvc."pqu" oqnfgu" fqu"Ðfqku" DtcukuÑ0"C"fkhgtgp›c"
fi" swg" gpswcpvq" qu" fwcnkuvcu" xkco" q" Pqtfguvg"
eqoq"c"tgik«q"cvtcucfc."vtcfkekqpcn"g"swg."rqt"kuuq."
fkÝewnvcxc" woc" ockqt" gzrcpu«q" fq" Egpvtq/Uwn."
industrial e moderno, Furtado defendia uma política
de desenvolvimento do Nordeste, para superar o
cvtcuq"g" c"rqdtg¦c" fguuc"tgik«q."g"vcodfio"eqo" q"
ctiwogpvq"fg"swg"q"citcxcogpvq"fqu"fgugswkndtkqu"
regionais colocaria em risco a unidade nacional.
107
DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
b) As inovações da SUDENE
¡" rqpvq" rceÝeq" swg" c" UWFGPG" kpvtqfw¦kw"
kpqxc›gu" uqekcku" korqtvcpvgu." fgpvtg" cu" swcku."
ressaltamos:
i) A instituição do Conselho Deliberativo
da SUDENE. Essa foi, sem dúvida, uma entidade
original na administração pública federal brasileira,
pois apontava na direção do fortalecimento de
espaços regionais. Recentemente, Furtado assim
esclareceu esse ponto:
O recorte da federação brasileira
rtglwfkec" q" Pqtfguvg." swg" fi" fkxkfkfq"
go" rgfc›qu" tgncvkxcogpvg" rgswgpqu0"
Estado importante é Rio Grande do Sul,
é Minas Gerais, é São Paulo, é o Rio de
Janeiro. Portanto, era preciso compensar
esse aspecto perverso da Constituição,
mas como uma reforma constitucional
gtc" eqkuc" korquuxgn" fg" ug" hc¦gt" pq"
Dtcukn." crgncoqu" rctc" wo" vtwswg." swg"
consistiu em criar um mecanismo de
discussão e votação entre o governo
federal e os governos estaduais da
região: foi o Conselho Deliberativo da
UWFGPG."swg"tg¿pg"pqxg"iqxgtpcfqtgu"
rctc" jctoqpk¦ct" rqpvqu" fg" xkuvc" uqdtg"
q" swg" hc¦gt" pc" tgik«q0" Cuuko." ug"
tgkxkpfkec" eqplwpvcogpvg" g" swcpfq" ug"
vai ao Parlamento e ao Presidente da
República, o Nordeste tem uma vontade
só. (FURTADO, 2001).
kk+" C" kpuvkvwk›«q" fg" kpegpvkxqu" Ýpcpegktqu" g"
Ýuecku." fguvkpcfqu" u" gortgucu" rtkxcfcu0" Guuc"
prática, iniciada durante a crise de 1930, na
Inglaterra, estendeu-se a praticamente todos os
rcugu" egpvtcku0" Pq" Dtcukn." vqoqw/ug" rqt" dcug"
principalmente o modelo italiano destinado ao
Og¦¦qikqtpq."eqo"cfcrvc›gu"cq"ecuq"fq"Pqtfguvg0"
Eqo" q" Ýo" fc" kugp›«q" ecodkcn." pq" iqxgtpq" L¤pkq"
Swcftqu." etkqw/ug" q" ukuvgoc" fg" kpegpvkxqu" swg"
permitia às empresas de todo país deixarem de
pagar 50% do Imposto de Renda para aplicá-los
em projetos de investimentos no Nordeste. Isso
eqpuvkvwkw"woc"xgtfcfgktc" kpqxc›«q." itc›cu""swcn"
hqk"rquuxgn"cwogpvct"ukipkÝecvkxcogpvg"c"rtqfw›«q"
industrial no Nordeste. (MOREIRA, 1982)
iii) Duas outras medidas devem ser também
ogpekqpcfcu0"C"rtkogktc"fk¦"tgurgkvq""uwdqtfkpc›«q"
do novo órgão diretamente ao Presidente da
República, seguindo a experiência da TVA. norte-
cogtkecpc0"C"ugiwpfc"hqk" c"nqecnk¦c›«q" fc"ugfg"fc"
cwvctswkc"pq"Pqtfguvg" *go"Tgekhg+"g"p«q"pc"ecrkvcn"
da República.
A nova estrutura de planejamento regional
Î"pq" ecuq."c"UWFGPG"/"hqk" xkuvc"pq" tguvq"fq" Dtcukn"
como uma instituição modelar. A seriedade no
uso dos recursos públicos tornou-se rapidamente
reconhecida em todo o país. Esse fato relaciona-
ug"eqo" q"gurtkvq" fg"gswkrg"swg" ug"hqtoqw" go"wo"
campo de atividade pouco conhecido. Essa prática
vkpjc" swg" ugt" crtgpfkfc" tcrkfcogpvg" " dcug" fg"
gpuckq"g"gttq0"Htcpekueq"fg" Qnkxgktc."swg"rctvkekrqw"
dessa primeira fase da SUDENE, como Adjunto
fg" Egnuq" Hwtvcfq" g." rquvgtkqtogpvg." hg¦" xƒtkcu"
etvkecu"swgng" „ti«q."cr„u" 3;86."fgw." vqfcxkc."wo"
fgrqkogpvq" swg" gzrtguuc" eqttgvcogpvg" q" vtcdcnjq"
swg"cnk"ug"tgcnk¦cxc
Um vasto sopro de esperança varreu a
região. Uma convergência nunca antes
vista de classes e setores sociais, desde
q"ecorgukpcvq."oqdknk¦qw/ug"rctc"q"swg"
pensávamos ser a tarefa do século, a
ocku" kpigpvg" g" gurkpjquc" fg" swcpvcu"
reclamavam solução para a construção
de uma Nação harmônica, sem gritantes
fkurctkfcfgu" swg" ug" eqpuvcvcxco"
g" swg." kphgnk¦ogpvg." guvgu" 42" cpqu"
p«q" eqpugiwktco" fguhc¦gt0" Okpjc"
igtc›«q" lqiqw/ug" rqt" kpvgktq" pcswgng"
empreendimento, e tentamos converter
pquuc"htcswg¦c"go"hqt›c
para tão grande cometimento,
uwduvkvwoqu"q" eqpjgekogpvq"ekgpvÝeq."
fg" swg" p«q" fkur¿pjcoqu." rgnq" ctfqt."
rgnq" xkiqt" g." rqt" swg" p«q" fk¦‒/nq." rgnq"
desprendimento. Com o inteiro apoio da
rqrwnc›«q."xcng"c"rgpc"ngodtct."ugo"swg"
kuuq"uglc"woc"xcpin„tkc."swg"c"UWFGPG"
inovava completamente o estilo de
desempenho dos poderes públicos,
não apenas na escala regional, mas até
mesmo medida pela escala nacional
[...]. (OLIVEIRA, 1978 apud TAVARES,
2004).
Naturalmente, falamos da chamada SUDENE
“original”, de 1959-64, com sobrevida efetiva até os
primeiros anos da década seguinte. Repercussão
dessa experiência encontra-se ainda nos primeiros
anos da década de 1970. Nesse momento, o
jkuvqtkcfqt"Htcpekueq" Kingukcu"*3;93+"hg¦"q"ugiwkpvg"
registro:
[...] a Sudene representa força
ukipkÝecvkxc
por pretender constituir administração
racional; era preciso recrutar gente para
o trabalho, mas como não se pretendia
crgpcu" hc¦gt" woc" tgrctvk›«q" c" ocku."
sobre o obsoleto sistema administrativo,
era indispensável formar pessoal
técnico. A essa tarefa Celso Furtado se
gpvtgiqw." qticpk¦cpfq" ewtuqu" rctc" qu"
swcku" qdvgxg" fktg›gu" gokpgpvgogpvg"
vfiepkecu."gurgekcnk¦cfcu." q"swg"p«q" njg"
hqk"fkhekn"rgnqu" owkvqu"cpqu"swg" rcuuqw"
na CEPAL. Armou-se no Nordeste,
notadamente na capital de Pernambuco,
wo"ukuvgoc" fg"rguuqcn" swcnkÝecfq" swg"
pode vir a representar papel importante
no país.
108
Hermes Magalhães Tavares
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
Guug"swcftq." fcswknq"swg" hqk"q" rncpglcogpvq"
do Nordeste liderado pela SUDENE, em seus cinco
primeiros anos. Em consonância com as ideias
rtgfqokpcpvgu"pcswgng"oqogpvq"uqdtg"geqpqokc"g"
desenvolvimento, acreditava-se nas possibilidades
vtcpuhqtocfqtcu" fq" rncpglcogpvq0" Kuuq" ug" tgÞgvkc"
na estruturação da SUDENE, inclusive na tentativa
fg" hc¦gt" wo" rncpglcogpvq" cdtcpigpvg." cvwcpfq"
em várias frentes: indústria, agricultura, pesca,
infraestrutura econômica (energia, transporte,
ucpgcogpvq+." rguswkuc" *fg" tgewtuqu" pcvwtcku."
jkftqnqikc+." jcdkvc›«q." gve0" Q" iqxgtpq" oknkvct" swg"
tomou o poder em abril de 1964 manteve a SUDENE,
ocu"tguvtkpikw"q"ugw"¤odkvq."fcpfq"rtkqtkfcfg"swcug"
cduqnwvc" " kpfwuvtkcnk¦c›«q" crqkcfc" go" kpegpvkxqu"
Ýuecku" g" Ýpcpegktqu0" Q" rtqlgvq" qtkikpcn." eqo" guuc"
oqfkÝec›«q." eqpvkpwqw" rqt" xƒtkqu" cpqu." ocu" eqo"
impactos decrescentes. Na década de 1980, em
fgeqtt‒pekc"fc"rtqhwpfc"etkug"geqp»okec"swg"chgvqw"
o país, o governo federal ocupou-se escassamente
fc" swguv«q" fqu" fgugswkndtkqu" tgikqpcku0" Guug"
swcftq"p«q"ug" cnvgtqw" pc"ffiecfc"ugiwkpvg0" Ocu" c"
política industrial (incentivos) prosseguiu a duras
rgpcu."eqo"q"citcxcpvg"fg"swg"hqk"ceqorcpjcfc"fg"
práticas de corrupção.
Várias análises foram feitas a respeito dos
resultados da política de desenvolvimento regional
para o Nordeste (estendida também à região Norte,
c"Coc¦»pkc+."rqnvkec"guuc"swg."eqoq"xkoqu."rcuuqw"
por mudanças em relação à concepção inicial. Do
ponto de vista econômico houve resultados positivos.
C"vgpf‒pekc"cq"fgenpkq"fc"kpf¿uvtkc"pqtfguvkpc."swg"
ug"ocpkhguvctc"c" rctvkt"fc"ffiecfc"fg"3;52."swcpfq"
ug"cegngtqw"c"kpfwuvtkcnk¦c›«q"fq"rcu."eqog›qw"c"ugt"
revertida desde o início de atuação da SUDENE, em
fgeqtt‒pekc"fc"rqnvkec" fg"kpegpvkxqu."swg"rtqxqeqw"
uma atração considerável de investimentos oriundos
de empresas de outras regiões, particularmente
do Sudeste. Assistiu-se a um verdadeiro boom
no Nordeste, de 1965 a 1973. Por cerca de duas
ffiecfcu."q"RKD"etguegw"ocku"tcrkfcogpvg"fq"swg" c"
economia nacional. Os investimentos concentrados
nas metrópoles regionais assumiram a forma de
complexos industriais aglomerados (polos de
desenvolvimento). Houve também expansão dos
serviços, principalmente do turismo.
Mas, para muitos, o crescimento econômico
rqweq" cnvgtqw" q" swcftq" fg" fgukiwcnfcfgu" uqekcku"
da região em relação ao país como um todo.
Qwvtqu" cÝtoco" swg" cu" fkurctkfcfgu" rgtukuvgo."
sendo o Nordeste detentor dos piores indicadores
socioeconômicos. Celso Furtado, mesmo sabedor
swg"gtc."fcu"cnvgtc›gu"korquvcu"cq"ugw"rtqlgvq"cq"
longo do tempo, reagiu a esse tipo de crítica, em
gpvtgxkuvc" c" wo" rgtk„fkeq" fq" Dcpeq" fq" Pqtfguvg."
em 1997. Ele começou por aludir ao crescimento
da classe média na região e à expansão do ensino
wpkxgtukvƒtkq." rctc" go" ugiwkfc" cÝtoct" swg" jqwxg"
wo"rtqeguuq" fg"kpfwuvtkcnk¦c›«q" ukipkÝecvkxq"g" swg"
c"tgpfc"rgt"ecrkvc"etguegw"ocku"fq"swg"c"fq"Egpvtq/
Sul. E acrescentou:
Kuuq" fi" uwtrtggpfgpvg" rqtswg." jƒ" vtkpvc"
cpqu."lƒ"hc¦kc"wo"ufiewnq"swg"q"Pqtfguvg"
vinha perdendo terreno, crescendo
ogpqu"swg"q"Egpvtq/Uwn."q"swg"kc"etkcpfq"
uma tremenda disparidade. Na época, a
renda per capita do Nordeste era de um
vgt›q"fc"fq"Egpvtq/Uwn"fq"Dtcukn0"Jqlg"fi"
de 60%. (FURTADO, 1997).
6
CONCLUSÃO
Este trabalho buscou destacar, em primeiro
lugar, a importância da Formação econômica do
Dtcukn"pc" gncdqtc›«q"fg"pq›gu" rctc"eqortggpfgt"
a constituição dos espaços econômicos regionais no
Dtcukn0"¡"fc"eqortggpu«q"fqu"ukuvgocu"geqp»okequ"
tgikqpcku" swg" q" Hwtvcfq" gzvtck" gngogpvqu" rctc"
entender a economia do país em cada momento.
Eqoq"go"Dtcwfgn."Jkuv„tkc"*geqp»okec+"g"IgqitcÝc"
seguem juntas. Em apoio à sua démarche regional,
Hwtvcfq"wvknk¦c/ug"fg"fgvgtokpcfcu"pq›gu"cq"cpcnkuct"
qu" oqogpvqu" ocku" ukipkÝecvkxqu" fc" gxqnw›«q" fc"
economia brasileira, tais como a de centro dinâmico,
articulação e integração regionais. A economia
okpgktc."eqoq" egpvtq"fkp¤okeq." fi" c"rtkogktc" ecrc¦"
de articular outros espaços econômicos em uma
escala bastante ampla, embora o seu ciclo de
duração tenha sido relativamente curto.
Finalmente, a região cafeeira de São Paulo,
teve condições, graças ao seu complexo produtivo,
fg" cornkct" ukipkÝecvkxcogpvg" wo" ogtecfq" kpvgtpq."
articulando de forma mais durável, as demais
regiões. Essa articulação implicou ganhos tanto
rctc"c"tgik«q"ocku"fkp¤okec"swcpvq"rctc"cu"fgocku"
regiões. Esta percepção encontrada já nas obras
fg" 3;79" g" 3;7;" ekvcfcu" hqk" wvknk¦cfc" rqt" qwvtqu"
rguswkucfqtgu"pqvcfcogpvg"pc"ffiecfc"fg"3;92."pc"
wvknk¦c›«q"fg"uwcu"kpxguvkic›gu0"
A evolução histórica da economia brasileira,
tal como se deu, e a as dimensões territoriais do
rcu" eqpfw¦go" q" cwvqt" c" eqpukfgtct" cu" tgikgu"
em escala macro. O tratamento das disparidades
regionais leva em conta, antes de tudo, esse nível:
o Nordeste em suas relações econômicas com as
demais regiões; ou a política de desenvolvimento
do Nordeste, em 1959, e seus desdobramentos
nos anos posteriores. Essa visão macro manteve-
se inalterada em Furtado, mesmo com o passar
do tempo. Em entrevista concedida à Revista do
Dcpeq"fq"Pqtfguvg."go"3;;9."gng"hcnc"fc"xcpvcigo"
do Nordeste em relação às macrorregiões Centro-
Oeste e Norte face à sua forte identidade regional.
“O nordestino existe culturalmente e isso é um
grande trunfo”. (FURTADO, 1997).
109
DESENVOLVIMENTO E DINÂMICA REGIONAL EM CELSO FURTADO
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
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NOTAS
1
“Uma política de desenvolvimento para o Nordeste”
hqk" gncdqtcfq" rqt" Egnuq" Hwtvcfq" go" wo" rtc¦q"
bastante curto e apresentado por ele ao Presidente
Lwuegnkpq" Mwdkvuejgem" go" oct›q" fg" 3;7;0" Hwtvcfq"
gzrnkec" swg" gng" rt„rtkq" uwigtkw" swg" q" fqewogpvq"
fosse publicado sob a autoria do Grupo de Trabalho
rctc"q"Fgugpxqnxkogpvq"fq"Pqtfguvg" swg"hwpekqpcxc"
pq"DPFGU"*swgnc"firqec."DPFG+"rctc"gxkvct"tgc›gu"
fg"ectƒvgt"kfgqn„ikeq"cq"guvwfq" swg"ugtkc"qÝekcnk¦cfq"
pelo presidente da República.
2
Muitos criticaram essa explicação, sobretudo pela
guu‒pekc" mg{pgukcpc." cq" eqnqect" c" fgocpfc" pq"
egpvtq" fc" cpƒnkug0" Vgtkco" vkfq" uweguuq" qu" swg"
uwdguvkoctco" c" swguv«q" fq" ogtecfq." pqvcfcogpvg"
o mercado externo, e convergiram a discussão em
torno das forças produtivas existentes no país, ou os
pgqenƒuukequA"Htcpekueq"fg"Qnkxgktc."swg"vcodfio"hc¦"
tguvtk›gu"cq" gphqswg" fg"Hwtvcfq" uqdtg"c" vtcpuk›«q."
ressalva:
C" gngi¤pekc" fq" oqfgnq." go" swg"
parece existir dialética, pois forças
110
Hermes Magalhães Tavares
R. Pol. Públ., São Luís, v.16, n.1, p. 99-110, jan./jun. 2012
independentes de seu papel, ao
lutarem por seus interesses stricto
sensu, estruturam um programa não
previsto, capturou todos e até hoje
p«q"ug" eqpugiwkw" rtqfw¦kt" pcfc" swg" q"
substituísse teoricamente. (OLIVEIRA,
1983).
Hermes Magalhães Tavares
Administrador
Doutor em Economia pela Universidade Estadual
de Campinas
Rtqhguuqt"fq"Kpuvkvwvq"fg"Rguswkuc"g"Rncpglcogpvq"Wtdcpq"
e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro
E-mail: smtavares@uol.com.br
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